[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 11 de maio de 2018

[1809.] CARLOS LUÍS PAULA [I] 1899 - ?

* CARLOS LUÍS PAULA || DEPORTADO PARA ANGOLA (1928 - ?) || MARIDO DE LUÍSA PAULA || PAI DE AIDA PAULA *

Carlos Luz Paula é um dos muitos opositores à Ditadura Militar pouco conhecido, apesar de ter sido deportado, em 1928, para Angola e ser esposo e pai de duas resistentes comunistas várias vezes presas, formando um dos pares com maior experiência de clandestinidade: Luísa da Conceição [25/12/1897 ou 1898 - 1966] e Aida da Conceição Paula [09/12/1918 - 25/10/1993].

                [Luísa da Conceição]                    [Aida da Conceição Paula]

Filho de Leonor da Conceição e de António Luz Paula, Carlos Luz Paula nasceu em Lisboa, provavelmente em 1899.

Pintor da construção civil, terá casado aos 18 anos com Luísa da Conceição, tecedeira da indústria têxtil e ambos trilharam o mesmo caminho em defesa dos trabalhadores, participando em lutas comuns. 

Em 1918, nasceu na Rua de Campo de Ourique, 75, onde o casal residia, a filha Aida da Conceição Paula

Com o advento da Ditadura Militar, Carlos Luz Paula sofreu várias perseguições, passou pelos calabouços do Governo Civil de Lisboa e, em 14 de Abril de 1928, foi preso acusado de «ser fabricante de explosivos» [ANTT, Cadastro Político 1890].

Deportado para Angola em 7 de Junho, evadiu-se em 9 de Junho, quando o vapor "Moçambique" aportou no Funchal, e foi recapturado em finais de Julho de 1928.

Cerca de dezoito meses  depois, Luísa da Conceição e Aida Paula partiram para Angola tendo, posteriormente, Carlos Luz Paulo regressado à metrópole por pressão dos médicos já «que o clima lhe fora adverso e ele estava em perigo de vida» [depoimento de Aida Paula em Mulheres Portuguesas na Resistência, 1975].

De regresso a Campo de Ourique, aproximou-se do Partido Comunista e começou a levar o Avante! para casa, lendo-o em voz alta à esposa, que não sabia ler.

Em 24 de Julho de 1934, na sequência da prisão do ourives Armando Alves de Castro, que já estivera deportado em Timor e era procurado por se ter evadido, em 6 de Junho, do Hospital de S. José, foi novamente detido e libertado em 8 de Agosto.

Em 26 de Junho de 1936 andava fugido à polícia, «acusado de suspeita de ter feito alguns dizeres e desenhos de carácter comunista nas guaritas das novas instalações da Esquadra dos Caminhos de Ferro» [ANTT, Cadastro 1890].

Durante a Guerra Civil de Espanha, o casal Carlos e Luísa acolheu quatro refugiados espanhóis, enquanto a mulher continuava a trabalhar numa fábrica.

Carlos Luz Paulo deve ter falecido pouco tempo depois, já que quando a mulher foi presa pela primeira vez numa tipografia clandestina do Partido Comunista, em Maio de 1939, foi registada como viúva.

Fontes:
ANTT, Cadastro Político 1890 [Carlos Luz Paulo / PT-TT-PIDE-E-001-CX08_m0191].

Aida Paulo, “E assim passavam os meses que se podiam somar por anos”, depoimento a Gina de Freitas, A Força Ignorada das Companheiras, Lisboa, Plátano Editora, 1975, pp. 57-67.

Maria Manuela Cruzeiro, Maria Eugénia Varela Gomes – Contra ventos e marés, Porto, Campo das Letras, 2003.

Rose Nery Nobre de Melo, Mulheres Portuguesas na Resistência, Lisboa, Seara Nova, 1975, pp. 41-45.


[João Esteves]

Sem comentários: