* MÁRIO JOSÉ DE BARROS || A CONVIVÊNCIA COM MILITÃO RIBEIRO EM MURÇA || PRESO NO ALJUBE DO PORTO E DE LISBOA E EM PENICHE *
Quando alfaiate em Murça, de onde era natural, Mário José de Barros conviveu na década de 30 com Militão Bessa Ribeiro [13/08/1896 - 02/01/1950], nascido na mesma terra e que, quando expulso do Brasil e enviado sob prisão para Portugal, aí se refugiu, desenvolvendo actividade política no âmbito do Partido Comunista.
Influenciado pelas ideias de Militão Ribeiro, Mário José de Barros foi preso em 1935 por propaganda contra a Ditadura Fascista e reencontrou-o no Aljube e em Peniche.
Desse duplo convívio com Militão Ribeiro, Mário José de Barros terá recebido vários livros que fez circular clandestinamente naquela localidade durante as décadas de 30 e de 40, sendo provavelmente através deste que o historiador António Borges Coelho, expulso do Seminário em Maio de 1945 e de regresso a Murça, de onde também era natural, terá tomado contacto com Carlos Marx, de Max Beer, Os Dez Dias que Abalaram o Mundo, de John Reed, ou O Estado e a Revolução, de Lenine.
[Mário José de Barros || ANTT || Fotografia 3001 || -ca-PT-TT-PVDE-Polícias-Anteriores-4-NT-8904 || "Imagem cedida pelo ANTT"]
Filho de Maria da Conceição e de Domingos Barros, Mário José de Barros nasceu em 24 de Março de 1910, em Murça, distrito de Vila Real.
Identificado como alfaiate, foi preso por, no dia 31 de Janeiro de 1935, "ter escrito nas paredes dos prédios da vila de Murça dísticos de carácter subversivo, e de ter arrancado, sujando-os com excrementos, os cartazes de propaganda para a reeleição de Sua Ex.ª o Senhor Presidente da República" [ANTT, Cadastro Político 5978; Processo 1401].
Entregue à Delegação do Porto da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado em 23 de Abril de 1935. Envido para o Aljube local, foi julgado pelo Tribunal Militar Especial daquela cidade em 25 de Abril e condenado a dezoito meses de prisão e perda dos direitos políticos por cinco anos [Processo 49/935 do TME].
Transferido, em 9 de Maio, do Porto para a Fortaleza Militar de Peniche, tendo, em 8 de Julho sido enviado para Lisboa e hospitalizado, no dia seguinte, no Hospital de São José.
[Mário José de Barros || ANTT || Fotografia 3001 || -ca-PT-TT-PVDE-Polícias-Anteriores-4-NT-8904 || "Imagem cedida pelo ANTT"]
Recebeu alta hospitalar em 7 de Agosto, seguiu para os calabouços da 1.º Esquadra e, em 31 do mesmo mês, foi novamente internado no Hospital de São José, onde permaneceu sob prisão até 2 de Outubro de 1935 [ANTT, Cadastro Político].
Segundo a Biografia Prisional que consta do Registo Geral de Presos, voltou à 1.ª Esquadra em 6 de Novembro e entrou no Aljube em 19 de Dezembro.
Novamente enviado para Peniche em 8 de Fevereiro de 1936, de onde só foi libertado em 17 de Janeiro de 1937, totalizando cerca de dois anos de cativeiro em prisões do fascismo.
O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.
O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.
[Mário José de Barros || ANTT || Fotografia 3001 || -ca-PT-TT-PVDE-Polícias-Anteriores-4-NT-8904 || "Imagem cedida pelo ANTT"]
NOTA: Atenção ao uso indevido destas imagens sem a devida autorização do Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Fontes:
ANTT, Cadastro Político 5978 [Mário José de Barros / PT-TT-PIDE-E-001-CX14_m0368, m0368a].
ANTT, RGP/909 [Mário José de Barros / PT-TT-PIDE-E-10-5-909_c0239].
ANTT, Fotografia 3001 [Mário José de Barros / ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-4-NT-8904_m0042].
[João Esteves]
[Revisto em 18/12/2018]
[Revisto em 18/12/2018]
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