[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

[2181.] ADALBERTO PINTO DE OLIVEIRA [I] || MILITANTE COMUNISTA (1927-1932)

* ADALBERTO PINTO DE OLIVEIRA * 
[1912 - ?]

Organizador das Juventudes Comunista no Porto a partir de 1927 e activista do Socorro Vermelho Internacional (1927-1932).

[Assinatura de Adalberto Pinto de Oliveira || 09/03/1932 || ANTT || PT-TT-PIDE-DP-D-001-5232_m0083]

Filho de Cristina Bessa Oliveira e de António Pinto de Oliveira, nasceu em 1912, em Vila Meã - Amarante.

Empregado comercial no Porto, onde vivia na Rua dos Caldeireiros, 181, Adalberto Pinto de Oliveira foi preso os 20 anos pela Delegação do Porto da Polícia Internacional Portuguesa em 16 de Fevereiro de 1932, por estar «filiado no Partido Comunista Português e Socorro Vermelho Internacional» [ANTT, Cadastro Político 3931] ou, segundo o Processo Crime que o envolveu, «por ser secretário do C. L. da J. C. P. e S. V.» [ANTT, PT-TT-PIDE-DP-D-001-5232_m0071].


Segundo declarações prestadas nos interrogatórios efectuados no Porto pela Polícia de Informações em 17 de Fevereiro, 18 de Fevereiro e 9 de Março de 1932, teria sido aliciado há cerca de quatro anos pelo sapateiro José Silva para integrar uma célula das Juventudes Comunistas no Porto. O encontro ter-se-ia realizado no café Águia de Ouro, local onde se reuniam outros filiados naquela organização, como Anastácio Ramos [Anastácio Gonçalves Ramos, ANTT, RGP/382] e Basílio Tavares.

[José da Silva || Memórias de um operário || 2 volumes || 1971]

Posteriormente, segundo Adalberto Pinto de Oliveira, realizou-se uma reunião na Associação dos Alfaiates, na Avenida Saraiva de Carvalho, comparecendo José Ruas Ferreira [foi um dos primeiros jovens a ser assassinado pela Polícia na via pública, quando participava num comício-relâmpago organizado pela Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas no Largo de Alcântara, em 4 de Setembro de 1932, para celebrar o Dia da Juventude], manipulador de pão, José Silva e Manuel de Oliveira [ANTT, Cadastro Político 3935], cortador de carnes verdes.

Ter-se-á formado, então, uma célula das Juventudes Comunistas: Manuel de Oliveira, Secretário, recebendo a correspondência de Lisboa; Adalberto Pinto de Oliveira, Secretário Administrativo; e José Ruas Ferreira, vogal.

Numa segunda reunião, também realizada na Associação dos Alfaiates, tratou-se da quotização e de se dar «andamento à organização de diversas células», tendo comparecido um outro elemento, levado por Manuel de Oliveira.

Esta organização não terá tido mais do que seis filiados: Adalberto Pinto de Oliveira, João Rodrigues Viegas, José Ruas Ferreira, Manuel de Oliveira e dois outros apresentados por este último.

Com a prisão de José Silva, Adalberto Pinto de Oliveira teria sido procurado por Joaquim Rodrigues, fiscal da Bolsa Agrícola, para o incumbir de «fazer um relatório circunstanciado do estado em que se encontrava a organização das Juventudes Comunistas», o que se concretizou.

Seguidamente, apareceu Mário [Eurico] Moutinho [ANTT, Cadastro Político 3930], empregado bancário, convidado por Rodrigues Lopes, para organizar as Juventudes Comunistas no Porto.

Ficou, então, organizado o Comité Local das Juventudes Comunistas, formado por, Adalberto Pinto de Oliveira [Missão Sindical], António Domingues Ferreira [ANTT, Cadastro Político 3923], estudante [Organização Académica], Manuel [Alves] Valente [Imprensa] e Mário Moutinho [Secretário], tendo havido cinco ou seis reuniões no Café Monumental.

O dinheiro para as despesas provinha da quotização dos filiados, mantendo-se correspondência com o Comité Central das Juventudes Comunistas, através do qual se recebia impressos, propostas, boletins de inscrição e o "Jovem Militante". Com a prisão de António Domingues Ferreira, a organização ficou paralisada.

Adalberto Pinto de Oliveira confirmou que integrou o Socorro Vermelho Internacional, através de José Silva, pagando 1 escudo por mês, juntamente com António Domingues Ferreira, Manuel Viana Ribeiro [ANTT, Cadastro Político 3933 e ANTT, RGP/421], que recebia as quotizações, e Raul Martins, guarda de segurança n.º 298.

Foi, ainda, convidado por Apolino Leite de Aragão, que conheceu em finais de Novembro de 1931 na Associação dos Empregados do Comércio do Porto, para integrar uma comissão visando a fusão da União dos Empregados do Comércio do Porto com a Phoenix Portuense dos Empregados do Comércio. António Maria Pedro Cordeiro [ANTT, Cadastro Político 3934], Apolino Leite de Aragão e Raul da Costa Dias formaram a Comissão. 

Adalberto Pinto de Oliveira assinou o relatório do Comité Local do Porto com o nome Adão Vasco. Por sua vez, José Augusto da Fonseca Moutinho usou o nome Domingos Dias dos Santos e Joaquim Rodrigues o de J. R. Mafra.



Em 2 de Abril de 1932, foi proposto que Adalberto Pinto de Oliveira fosse «punido com a prisão já sofrida» [Processo 52/Porto], sendo «restituído à liberdade» [Processo 561, da PIP].

Desconhece-se o percurso posterior de Adalberto Pinto de Oliveira. No entanto, em Setembro de 1974, foi concedida em Espanha a nacionalidade por residência a um português com o mesmo nome.

Fontes:
ANTT, Cadastro Político 3931 [Adalberto Pinto de Oliveira / PT-TT-PIDE-E-001-CX05_m0124].

ANTT, Processo Crime de António Domingues Ferreira, Fernando Alves de Sousa e Ângelo Alves Ribeiro [PT/TT/PIDE-DP/D/001/5232] [Processo 52/1932].


[João Esteves]

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