* A MULHER PORTUGUESA *
Nº 1 || JUNHO DE 1912
ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PROPAGANDA FEMINISTA
O Feminismo
- "O verdadeiro feminismo, aquele que por toda a parte tem triunfado na vida prática, pretende simplesmente, dar à mulher o verdadeiro lugar a que tem jus na sociedade, pondo a em estreita e inteligente colaboração com o homem" [p. 1, cols. 1-2].
- O homem "é considerado um amigo e, socialmente, um igual, um equivalente; nunca um adversário. Não se trata de trocar o poderio social do homem pelo poderio da mulher; trata-se unicamente de instituir o poderio humano, isto é, a participação tanto do homem como da mulher em todos os campos d'atividade, conforme as aptidões intelectuais de cada indivíduo" [p. 1, col. 2].
- Não existe supremacia de qualquer dos sexos, como tem vindo a demonstrar a história. Para a queda da dominação da mulher pelo homem muito contribuíram a Democracia, a Ciência e o Progresso universais [p. 1, col. 2].
- O feminismo defende a plena igualdade entre o Homem e a Mulher em todos os campos. Combate o desnivelamento artificial que existia, favorável àquele. Opõe-se à discriminação sexual, lutando por uma verdadeira harmonia entre homens e mulheres, sem que haja a supremacia de qualquer um deles.. Por isso, também se chama ao feminismo "Humanismo Integral".
- O elogio das seguintes figuras: Condorcet, Stuart Mill, Vítor Hugo, Ibsen, Jean Finot, Paul Magnaud, Jacques Novicow [p. 1, col. 2].
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O Sufrágio
- O sufrágio da mulher é a "base essencial da sua completa libertação político-social" [p. 2, col. 1].
- "As mulheres devem votar, visto que suportam as leis e pagam os impostos" [p. 3, col. 1].
- Ana de Castro Osório: "Eu pergunto, minhas senhoras, porque razão nos afastam das urnas de que devem sair os representantes do povo, se nós somos mais da metade numérica desse povo?" [p. 7, col. 1].
Critica a decisão das Constituintes portuguesas em recusarem o voto feminino, por o considerarem inoportuno, lembrando o tempo da Monarquia, quando os congressos republicanos, principalmente o de Setúbal, onde participou como Presidente da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, tinham prometido a igualdade de direitos políticos e sociais.
Para Ana de Castro Osório, "se os congressos eram o parlamento da oposição, o parlamento legal devia manter a sua progressiva orientação" [p. 7, col. 2].
- Na secção "Os Direitos Políticos da Mulher" apresenta se, por ordem cronológica, os 17 Estados onde a mulher já tinha conquistado direitos políticos, distinguindo aqueles onde a mulher era só eleitora daqueles onde era eleitora e elegível: Nova Zelândia (1894); Austrália (1899), Finlândia (1906); Noruega (1907). No primeiro, segundo e último estado, trata-se do direito de voto e elegibilidade nas eleições parlamentares.
Já o voto nas eleições municipais abrange mais estados.
Claro predomínio dos países do Norte da Europa, estados americanos e ex-colónias inglesas.
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