* A MULHER PORTUGUESA *
Nº 1 || JUNHO DE 1912
ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PROPAGANDA FEMINISTA
Associação de Propaganda Feminista
- Uma organização declaradamente feminista.
- Alguns pensadores chamam ao Feminismo "Humanismo Integral" [p. 1, col. 1].
- A definição das doutrinas feministas faz-se logo no primeiro artigo, onde se esclarece a orientação e fins da revista.
- Uma agremiação fundada só por mulheres, assumidamente feminista e a primeira que integra uma organização internacional: três diferenças fundamentais em relação à Liga Republicana das Mulheres Portuguesas.
- Embora longe de Portugal, em S. Paulo, Ana de castro Osório não deixou de acompanhar de perto a vida das organizações de mulheres, mantendo-se em estreita ligação com elas.
Um texto da escritora, datado de 24 de Março de 1912, ajuda a esclarecer os fins da Associação de Propaganda Feminista, cujo "empenho único é elevar a mulher pela educação e pela instrução" [p. 2, col. 2]. Ao educá-la, pretende-se que ela seja Perseverante, "preze a Verdade" e "saiba reclamar a Justiça que lhe é devida". Com a instrução, pretende-se que a mulher "tome o seu verdadeiro lugar de mãe de família, consciente e culta, isto é: de dirigente e moralizadora da sociedade" [p. 2, col. 2].
Mais uma vez, uma organização de mulheres põe a tónica na necessidade de instruir e educar a mulher, pois ela desempenha um papel fundamental na família e pode alterar o seu futuro se for dotada de uma boa formação. É a mulher-mãe que molda "as almas infantis, que são a sociedade do futuro" [p. 2, col. 2].
As feministas combatem:
. a mulher escrava;
. a mulher irresponsável;
. a mulher fútil;
e lutam pelo direito de a mulher ser livre, através da independência económica [p. 3, col. 1].
Para que as mulheres consigam conquistar o seu lugar na família e na sociedade, têm de ser mais instruídas e cultas.
"O que nós, as feministas, dizemos às mulheres é que, antes de serem mães e esposas, são seres livres e autónomos, com o sagrado direito de trabalhar para criar o seu lugar na vida, conforme o seu gosto, as suas aptidões e as suas justas ambições" [p. 3, col. 1].
- No 1º aniversário da Associação de Propaganda Feminista é lido um discurso de Ana de Castro Osório, enviado do Brasil [pp. 6-7].
A Associação está "destinada a atuar duma maneira progressiva e decisiva [...] na moderna sociedade portuguesa" [p. 6, col. 1].
A escritora mostra-se orgulhosa por a propaganda feminista se ter continuado a desenvolver em Portugal na sua ausência, pois durante muito tempo foi acusada de "que o feminismo não existia em Portugal, senão na minha cabeça..." [p. 6, col. 2].
O seu ideal feminista: não pretende o "predomínio absoluto da mulher" mas a "humanização da humanidade", através da "unificação dos seres conscientes": "O cérebro não tem sexo e é pelo cérebro que as sociedades cultas e perfeitas se devem governar" [p. 6,col. 2].
Além disso, manifesta-se contra a discriminação no emprego apenas com base no sexo, pois o que devia importar era a competência e as habilitações de cada um [p. 7, col. 1].
(7)
Citações
- Jean Finot
- Bernardino Machado
(8)
Quem escreve/assina
- Ana de Castro Osório: 2 vezes
- Serrana: 1
(9)
Noticiário Feminista
- W. T. Steal, pensador e jornalista inglês, morreu no naufrágio do Titanic.
- Jean Finot, sociólogo e filósofo francês.
- A Liga Republicana das Mulheres Portuguesas "vai enviar ao Parlamento uma representação pedindo a promulgação duma lei proibitiva da venda de tabaco e bebidas alcoólicas às crianças. Damos todo o nosso apoio a essa sua benemérita iniciativa [...]"; apresenta-se o exemplo da Inglaterra, onde já existia aquela lei [p. 4, col. 2].
- Dá relevo à iniciativa da LRMP "contra as monstruosas ignomínias praticadas pela proxeneta Encarnação, que a Justiça condenou a um ano de prisão apenas" [p. 4, col. 2].
(10)
A Criança
- "Uma das mais belas e sagradas missões da Mulher é a educação das crianças" [p. 8, col. 1].
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