[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 9 de abril de 2022

[2792.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXIV] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXIV *

01161. Manuel Wenceslau Leiria [1932, 1933, 1948]

[Manuel Wenceslau Leiria || F. 09/07/1948 || ANTT || RGP/18440 || PT-TT-PIDE-E-010-93-18440]

[Santa Marta - Tavira, 28/09/1907, escrivão das execuções fiscais / empregado do comércio. Filiação: Maria da Encarnação Baptista Leiria, João Francisco Leiria. Solteiro / Casado. Residência: Praça Zacarias Guerreiro, 2 - Tavira / Rua Almirante Reis, 141 - Olhão. Entregue em 05/10/1932 pelo Comando da PSP do Distrito de Faro, «por ser propagandista, aliciador e organizador do Socorro Vermelho, em Tavira», recolheu ao Aljube. Colaborou, nesse âmbito, com José Ramos dos Santos, José Rodrigues Carmo e Oliveira dos Santos (Processo 526). Usava, então, o pseudónimo "Mário Lima". Por despacho do Ministro do Interior, de 24/10/1932, foi-lhe aplicada a pena de oito meses de prisão. Libertado em 08/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia de 05/12/1932. No início de 1933, foi procurado por Francisco de Paula Oliveira aquando da sua deslocação ao Algarve, a fim de proceder à organização do Comité Local do Partido Comunista e constituir uma célula das Juventudes Comunistas. Depois, foi abordado pelo marinheiro Artur Alves, que lhe entregou exemplares de "O Jovem" e do "Avante!" e, posteriormente, ficou encarregado de entregar a António Mendes a imprensa clandestina que se destinava a Vila Real de Santo António (Processo 799). Entregue em 05/08/1933 pelo Comando da PSP de Faro a pedido da SPS/PVDE. Transferido, em 16/11/1933, da 4.ª esquadra para o Aljube. Julgado pelo TME em 24/10/1934, foi condenado a 180 dias de prisão, já expiada, e perda dos direitos políticos por cinco anos (Processo 88/933 do TME); libertado em 25/10/1934. Preso em 06/07/1948, em Olhão, recolheu aos calabouços da PSP de Faro e transferido, em 09/07/1948, para o Aljube. Julgado, em 05/04/1949, pelo 2º Juízo Criminal de Lisboa, foi condenado a dois anos e dois meses de prisão maior celular e perda dos direitos políticos por cinco anos, ficando, depois, sujeito à medida de segurança de liberdade vigiada por prazo a fixar (Processo 785/48). Seguiu para Peniche em 11/06/1949. Restituído à liberdade vigiada em 18/01/1951, fixada em 4 anos com residência em Olhão.]
[alterado em 20/04/2024]

01162. José António Borges [1932]

[Oeiras, c. 1908, barbeiro e cabeleireiro. Filiação: Gertrudes Pereira de Matos Borges, Gregório António Borges. Casado. Residência: Rua Gonçalves Ramos. Preso em 03/10/1932, por andar, com outros indivíduos, a percorrer de automóvel as ruas da Amadora, pintando nas paredes "Abaixo a Ditadura e Viva a Rússia Vermelha", nomeadamente na loja de barbeiro do pai (Processo 531). Integrava o Centro Escolar local. Libertado da 23ª Esquadra em 05/10/1932.]

01163. Manuel de Sousa Machado [1932]

[Viana do Castelo, c. 1903, marítimo. Filiação: Antónia Rosa Machado, João de Sousa Machado. Solteiro. S/residência. Entregue pela Polícia Marítima à SVPS em 06/10/1932, "expulso da Holanda como indesejável"; levado para o Aljube: "Ignora-se qual o destino que foi dado a este preso."]

01164. João Augusto [1932]

["O João Duzentos". Lisboa, c. 1899, pintor. Filiação: Elvira de Assunção, Júlio Augusto. Casado. Residência: Rua do Carvalhão, 156. Procurado há meses por ser colaborar com o Partido Comunista e fazer parte de uma das cinco Brigadas de Choque da zona de Campo de Ourique que deveria atuar na ação prevista para o dia 29/02/1932, foi preso, juntamente com António Augusto e Jorge Monteiroem 07/10/1932 (Processo 460); levado, incomunicável, para uma esquadra. Embora não fosse militante comunista, colaborou com Américo Anselmo, António Augusto, Carlos Martins, Francisco Campos e José Miranda (Processo 568). Julgado pelo TME em 16/12/1933, foi considerado abrangido pela amnistia de 05/12/1932 (Processo 11/933 do TME). Libertado em 19/12/1932.]

01165. Jorge Monteiro [1932]

[Lisboa, c. 1915, ajudante de metalúrgico. Filiação: Leonor Gomes da Silva, Armando Monteiro. Solteiro. Residência: Rua do Miradouro, 51. Preso em 07/10/1932, juntamente com António Augusto e João Augusto, sendo levado, incomunicável, para uma esquadra. Acusado de ser o filiado 441 da Célula 44 do Comité de Zona 4 das Juventudes Comunistas, ficando encarregado de organizar uma célula na Empresa Progresso Industrial, onde trabalhava, o que fez com os colegas José Francisco, Lúcio Augusto Pereira e Mário. Esta seria controlada por um tal Virgílio ou Virgílio, passando depois a sê-lo por Albino Salgado. Participou na ação realizada de 3 para 4 de setembro de 1932, no âmbito da XVIII Jornada Internacional da Juventude, procedendo a inscrições e pinturas nas  paredes e hasteamento de bandeiras comunistas em diversos locais da cidade. Considerado "um extremista perigoso, pois apesar de apenar contar 17 anos, não só colaborou nas pinturas de inscrições comunistas e hasteamento de uma bandeira, como também organizou uma célula, para o que aliciou os respetivos componentes, denotando assim uma compreensão nítida  da sua missão nas Juventudes, o que é raro verificar-se nos filiados destas ou mesmo do Partido" (Processo 568). Julgado pelo TME em 16/12/1933, foi considerado abrangido pela amnistia de 05/12/1932 (Processo 11/933 do TME). Libertado em 19/12/1932.] 

[João Esteves]

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