[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 25 de março de 2023

[3244.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXXVI] || 1926 - 1933

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXXVI *

01205. Francisco Sebastião dos Santos [1931]

[Cartaxo, c. 1896, chofer. Filiação: Maria Matilde e Sebastião dos Santos. Casado. Residência: Rua Particular N.º 3, à Estrada das Amoreiras. Integrou o Corpo Expedicionário Português durante a 1.ª Guerra, tendo embarcado em 21/08/1917 e desembarcado em 20/03/1919 - 1.º Cabo - C.A.P. Preso em 26/08/1931, por ter participado no movimento revolucionário que eclodiu neste dia, foi encaminhado para o Batalhão de Caçadores 5 e deportado, em 02/09/1931, para TimorRegressou por opinião da Junta de Saúde e apresentou-se, em 10/11/1932, na SVPS, saindo em liberdade "em virtude do seu estado de saúde ser bastante precário".]

[Há dois deportados para Timor com o mesmo nome, o que pode suscitar confusões (v. 1204).]

01206. Joaquim Dias [1931]

[Lisboa, c. 1900, empregado do matadouro - Lisboa. Filiação: Elisa Dias e António Dias. Solteiro. residência: Travessa Henriques Cardoso, 29 - Lisboa. Preso em 26/08/1931, por ter participado no movimento revolucionário que eclodiu neste dia: preso na Rua Conde Redondo, foi encaminhado para o quartel de Artilharia 3. Passou para a Cadeia Nacional e foi deportado, em 02/09/1931, para TimorRegressou por opinião da Junta de Saúde, apresentou-se, em 10/11/1932, na SVPS, e saiu em liberdade, indo residir na mesma morada.]

01207. José de Sousa [1932, 1933]

[Lisboa, c. 1908, sapateiro - Lisboa. Filiação: Maria José de Sousa, José de Sousa. Solteiro. Residência: Rua dos Poiais de S. Bento, 132 - Lisboa. Preso em 17/11/1932, "por suspeita de estar envolvido em manejos comunistas", recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Declarou ser filiado na Liga 28 de Maio. Libertado em 24/11/1932. Preso em 10/04/1933, novamente por ser detentor de uma bomba explosiva. Na busca à sua residência, foi encontrado um desenho a lápis por si feito do símbolo do Partido Comunista. Libertado em 20/04/1933.]

01208. João de Oliveira Machado [1932]

[Caldas da Rainha, c. 1894, eletricista. Filiação: Júlia Machado e José Machado. Solteiro. Residência: Rua da Emenda, 30 - Lisboa. Preso em 27/10/1932, "para averiguações", acusado de receber no seu escritório correspondência vinda de Espanha dirigida a Artur dos Santos. Libertado do Aljube em 18/11/1932.]

01209. Luís António Leitão [1932]

[Lisboa, c. 1886, empregado do comércio. Filiação: Maria da Conceição Lopes Pinha Leitão e José Luís Leitão. Casado. Residência: Rua Sebastião Saraiva de Lima, 56. Preso em 19/11/1932, "para averiguações", "por suspeita de conspirar contra a atual situação do País", mantendo contactos com José Quintino Avelar. Recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Libertado em 24/11/1932.]

01210. Mário Batista dos Reis [1932]

[Mário Batista dos Reis || F. 18/04/1941 || ANTT || RGP/13275]

[Lisboa, 14/11/1910, estudante / eletricista. Filiação: Elvira Douwens dos Reis e Cesário Batista Reis. Solteiro. Residência: Rua de Campo de Ourique, 187 - Lisboa / Rua do Patrocínio, 132 - Lisboa / Grândola. Quando estudante, foi preso em 20/11/ 1932, acusado de manter contactos com o comunista Miguel Wager Roussell, então refugiado em Madrid e procurado pela polícia. Recolheu, incomunicável, a uma esquadra; libertado do Aljube em 28/11/1932. Próximo do Partido Comunista, embarcou, em setembro de 1936, com o irmão Manuel e a cunhada Lídia Nolasco da Silva, no navio “Belle Ile”, com destino ao Havre e objetivo último de chegar a Espanha e ajudar a causa republicana. Chegado em novembro, alistou-se nas Brigadas Internacionais e, por intermédio de Jaime de Morais, integrou o restrito grupo de portugueses que recebeu formação na Escola de Artilharia N.º 2, em Lorca, Valência, reservada à formação de oficiais espanhóis. Comandou, em março de 1938, uma bateria da unidade de artilharia de Almansa e, em 30 de outubro, foi-lhe reconhecida a sua ação em combate e promovido, talvez, a capitão. Com o fim da guerra, refugiu-se em França, onde esteve internado, primeiro, no campo de concentração de Argelés-sur-Mer, num extenso areal junto ao mar Mediterrâneo guardado por senegaleses, e depois, em abril de 1939, no de Gurs. Regressou, em junho de 1940, ao primeiro campo e solicitou o repatriamento para Portugal. Preso, em 16/04/1941, no posto fronteiriço de Beirã, recolheu, no dia seguinte à 1.ª esquadra e transferido, em 1 de maio, para o Aljube, em 15 de maio, para Caxias e, em 22 de junho, para Peniche. Regressou a Caxias em 19 de junho de 1942 para embarcar, no dia seguinte, no “Mouzinho de Albuquerque”, sem julgamento, a caminho do Campo de Concentração do Tarrafal. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35.041, de 18 de Outubro de 1945, regressou a Lisboa, no paquete “Guiné”, em 1 de fevereiro de 1946 e saiu em liberdade. Irmão do médico Manuel Batista dos Reis, militante comunista com um percurso muito idêntico em Espanha.]

[João Esteves]

Sem comentários: