* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXX *
01183. Eurico Pinto Mateus [1932, 1937]
[Lisboa, 24/11/1908, estucador - Lisboa. Filiação: Carolina Maria Pereira e Simão Mateus. Solteiro. Residência: Rua da Saudade, 3 - Lisboa. Desenvolveu, no início da década de 1930, intensa atividade sindical no âmbito do Sindicato da Construção Civil, chegando a integrar a Comissão Inter-sindical (CIS), e militou no Partido Comunista, trabalhando política e partidariamente com Francisco Roque Júnior, detido no Aljube, Grácio Ribeiro, estudante deportado para Timor, e Manuel Moor, fugido à polícia e só preso em 1937. Por volta de 1932, já era um defensor das ideias anarquistas, aproximando-se do anarcossindicalismo, por estar "mais de acordo com os princípios estabelecidos pelo proletariado, pois é contra a força armada, contra o Estado Organizado e contra as classes privilegiadas", proferindo "conferências e preleções aos operários da Construção Civil, nas quais lhe explica as razões do aparecimento do anarco-sindicalismo e seus fins, bem como aconselha a massa operária a desprezar as ideias expostas pelos partidos que se servem dela, para os seus fins, com falsas promessas". Era ainda "contra todas as ditaduras, inclusive a proletária, à maneira russa". No âmbito da intervenção junto da classe dos estucadores, Eurico Pinto Mateus era seu delegado ao Conselho Administrativo do Sindicato da Construção Civil. Preso em 21 de Outubro de 1932, "por ter entregue manifestos anarquistas a Alfredo Crispim Duarte", tendo-os recebido de Francisco Cardoso Pires [RGP/7499], libertado do Aljube havia pouco tempo. Considerado pela Polícia de Defesa Política e Social como tendo "uma relativa cultura e facilidade em falar e escrever", desenvolvendo, "apesar de bastante novo", "uma enorme actividade de ideias social-revolucionárias", foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 17 de Junho de 1933 e absolvido, pelo que foi libertado. No ano seguinte, pertenceu ao Comité de Ação do 18 de Janeiro, não tendo concretizado a distribuição das armas prevista aquando do desencadear da Greve Geral. Cooperou, entre outros, com Armando dos Santos Calet, Bartolomeu José da Costa, Custódio da Costa, João Sarmento Dias, João Serra, José Severino de Melo Bandeira, Manuel Henriques Rijo, Silvino Augusto Ferreira. Após essa data, exilou-se em Espanha, onde integrou o Secretariado da Federação dos Anarquistas Portugueses Exilados (FAPE), após uma reunião promovida por Marques da Costa e onde estiveram presentes Alberto Dias, de Lisboa, Custódio Bresce de Lima, do Porto, e José Rodrigues Reboredo, de Viana do Castelo.
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