* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXVI *
01354. Gil Cornélio Gonçalves [?, 1933, 1938, 1940, 1942]
[Gil Cornélio Gonçalves || F. 26/03/1940 || ANTT || RGP/9755 || PT-TT-PIDE-E-010-49-9755_P2_m0315b]
[Freguesia de S. Salvador, Elvas, 16/09/1893, tenente / comércio. Filiação: Juliana Augusta Gonçalves, Manuel Gonçalves. Casado / Divorciado. Residência: Monte da Palma - Alcácer do Sal / Rua Dr. Oliveira Ramos, 8 / Rua de Santa Marta, 82 - Lisboa. Assentou praça em 30/09/1909 e, implantada a República, colaborou ativamente nos preparativos da Revolução de 14 de Maio de 1915 contra a ditadura de Pimenta de Castro: integrou o “Comité revolucionário dos sargentos da Trafaria” e assegurou a sublevação da guarnição de uma bateria. Depois, em 10/12/1917, com a tomada do poder por Sidónio Pais, foi preso e levado para a Casa de Reclusão da 1.ª Divisão do Exército, onde ficou até 24 do mesmo mês. Passou, então, para o Presídio Militar de Santarém, onde permaneceu até ao dia 21/01/1918. Libertado, seria novamente detido durante 21 dias, ficando no Governo Civil e no Castelo de São Jorge. Voltou a ser detido em 6 de Setembro, acusado de fazer parte de um comité revolucionário da margem Sul do Tejo. Levado para o Governo Civil e Penitenciária de Lisboa, passou, em 6 de Outubro, para o Presídio Militar de Santarém, de onde foi libertado em 10/01/1919, aquando da revolta ocorrida na cidade. Fracassada esta, voltou a ser preso, saindo em liberdade com a derrota monárquica em Monsanto. Devido às suas ligações ao Partido Republicano / Democrático, esteve preso 332 dias durante o Sidonismo. Promovido a alferes em 31/03/1919. Em 15/09/1920, o Ministro da Instrução Pública propôs que fosse condecorado com o Grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo, o que não se terá concretizado. Após o 28 de maio de 1926, quando tenente de artilharia, patente que tinha desde 18/11/1922, participou na revolução de fevereiro de 1927. Estaria deportado na Madeira quando, em abril de 1931, se iniciou a “Revolta das Ilhas” contra a ditadura, a que aderiu. Foi, então, demitido do Exército, juntamente com os principais implicados, e deportado para Cabo Verde, ficando com residência fixada em S. Nicolau. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto 21.943, de 05/12/1932, regressou a Lisboa, tendo-se apresentado às autoridades policiais em 17/01/1933. Preso pela PSP de Setúbal e entregue, em 24/11/1933, à PVDE, acusado de manter ligações com deportados que permaneceram em Cabo Verde, entre os quais o general Sousa Dias e os ex-tenentes Manuel Ferreira Camões e Sílvio Pelico. Transferido, em 08-09/12/1933, da 10.ª esquadra para o Aljube. Libertado em 12/05/1934, trabalhou como empregado comercial e voltou a ser detido em 16/04/1938, “para averiguações”, levado para o Aljube e libertado em 11 de Maio. Reintegrado, em 1939, como oficial miliciano na situação de licenciado, tornou a ser detido em 25 de março de 1940, “para averiguações”, acusado de ser agente de ligação num movimento revolucionário em preparação. Levado, incomunicável, para uma esquadra e transferido, em 22 de Abril, da 23.ª esquadra para a 1.ª, foi libertado em 3 de junho. A última detenção aconteceu em 27/02/1942, sendo transferido, no dia seguinte, da Delegação do Porto da PVDE para Lisboa. Entrou, em 31 de Julho, no Aljube, seguiu, em 2 de Agosto, para Caxias e, em cinco do mesmo mês, foi transferido para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde regressou em 1 de janeiro de 1944. Levado para o Hospital Júlio de Matos, seguiu, em 7 de Janeiro, para Caxias e, em 23 de Maio, entrou em Peniche, de onde saiu, em liberdade condicional, no dia 29. Contratado pelo Ministério do Ultramar, trabalhou em Angola entre finais de 1952 e 1956, quando regressou ao Continente. Integrava, desde 1923, a Maçonaria. Faleceu em 16 de novembro de 1966, em Lisboa.]
[alterado em 19/05/2024]
01355. Armando Augusto Pires Falcão [1927]
[S. Sebastião da Pedreira - Lisboa, 21/11/1880. Major de infantaria. Filiação: [Joana] Clementina Pires Falcão, João Pires Augusto Falcão. Residência: Praça Rio de Janeiro, 5 - Lisboa. Participou no 5 de Outubro de 1910 e, em 1917, estava como governador de Moçambique. Regressou no início de 1918 e, na sequência da "Noite Sangrenta", de 19/10/1921, chegou a ser preso como um dos autores morais e absolvido em 1923. Participou, em Lisboa, no movimento revolucionário de 07/02/1927: preso, juntamente com o tenente Bossa da Veiga, na Casa de Reclusão da Trafaria, seria deportado para a Madeira e, depois, transferido para os Açores (Terceira e São Miguel). Participou, em 8 de Abril de 1931, na revolta dos Açores, sendo um dos seus líderes em São Miguel. Na sequência da derrota, foi-lhe fixada residência obrigatória em Cabo Verde, tendo chegado à cidade da Praia em 18/06/1931, de onde seguiria para a ilha de Boa Vista (Sal). Em 21/03/1932, foi autorizado a sua transferência para Santo Antão, onde chegou a 27/04/1932. Em 28/12/1932, foi comunicado pelo Ministério do Interior que estava abrangido pela amnistia de 05/12/1932: regressou e apresentou-se na SVPS em 17/01/1933. Trabalhou, por pouco tempo no Arsenal da Marinha. Faleceu em 1945. Pai de Maria Armanda Falcão.]
[alterado em 15/05/2023]
[alterado em 24/11/2024]
01356. José António da Silva [?]
[2.º Sargento. Em 1932, estava deportado em Cabo Verde. Em 28/12/1932, foi comunicado pelo Ministério do Interior que estava abrangido pela amnistia de 05/12/1932: regressou e apresentou-se na SVPS em 17/01/1933, indo residir para a Rua dos Quarteis, 35 - Lisboa.]
01357. José Trovisco Malarranha ou José Trovisco ou José Francisco dos Santos Malarranha [?, 1933, 1936]
[José Trovisco / José Trovisco Malarranha / José Francisco dos Santos Malarranha || ANTT || RGP/4770 || PT-TT-PIDE-E-010-24-4770_m0353]
[Évora, 18/03/1906, empregado de escritório. Filiação: Maria de Jesus, Francisco de Assunção. Casado. Residência: Évora. Em 1932, estava deportado em Cabo Verde. Em 28/12/1932, foi comunicado pelo Ministério do Interior que estava abrangido pela amnistia de 05/12/1932: regressou e apresentou-se na SVPS em 17/01/1933. Preso pela PSP de Évora e entregue à SPS em 01/11/1933, seguiu para Angra do Heroísmo em 19/11/1933. Preso em 30/09/1936, “para averiguações”, recolhendo à 7.ª esquadra. Entrou, de seguida, no circuito de transferência de cárcere: Aljube (25 de Outubro), uma esquadra, incomunicável (14 de Novembro), Aljube (28 de Novembro), Peniche (19 de Dezembro) e 1.ª esquadra (19 de Fevereiro de 1937). Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 20/02/1937 e condenado em seis anos de degredo, passou para o Aljube (23 de Março), seguiu para Peniche (2 de Abril) e retornou ao Aljube (1 de Junho), a fim de ser transferido, em 5 de Junho, para o Campo de Concentração do Tarrafal. Libertado em 15/11/1945, permaneceu, a seu pedido, em Cabo Verde, acabando por regressar de S. Vicente em 5 de julho de 1949, viajando no “Serpa Pinto”.]
[alterado em 10/05/2024]
[João Esteves]
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