[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

[0475.] NINA PERDIGÃO [I] || 1902 - 1988

* TOMÁZIA JOSEFINA HENRIQUES PERDIGÃO *
[02/05/1902 - 1988]
[in Manuela Perdigão, blogue da Família Perdigão]

Filha de Tomázia Alves de Azevedo e de Joaquim dos Santos Henriques.

Mais conhecida por Nina Perdigão, nasceu a 2 de Maio de 1902 na Freguesia de Cedofeita, Porto, e faleceu na mesma cidade, em 1988. 

Pertenceu ao Socorro Vermelho Internacional (SVI) e foi, segundo o Diário de Maria Luísa Ribeiro de Lemos, uma das fundadoras da Delegação do Porto da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, onde seria a sócia n.º 273 de acordo com o caderno de Irene [Fernandes Morais] Castro, a sua última presidente. 

No âmbito do Socorro Vermelho Internacional, vendeu o boletim Solidariedade e selos para angariar fundos para os presos políticos, militantes clandestinos e vítimas da Guerra Civil de Espanha. 

Em 13 de Março de 1937, com 34 anos e viúva, foi presa, tinha o seu filho mais novo cinco anos, acusada de fazer parte do SVI do Norte e condenada pelo Tribunal Militar Especial à multa de 2.400$00, que se substituía, quando não paga, por quatro meses de prisão correccional. 

Em resposta à mulher de Carmona, que intercedeu por ela a Salazar, este afirmou: “Será um bom exemplo para as mulheres portuguesas”! [Rui Perdigão, O PCP visto por fora e por dentro, pág.41]. 

Cumpriu a sentença no Aljube do Porto, numa cela juntamente com Alice Gomes, irmã de Soeiro Pereira Gomes, que vivia na clandestinidade e, por estar muito doente, passou os últimos dias antes da sua morte, em 1949, no 3.º andar da sua casa, no nº 213 da Rua do Breyner. 

Foi aí que se inspirou para os últimos escritos, escondidos até ser possível recuperá-los mais tarde: “Foi minha mãe, Nina Perdigão, que com uma enorme paciência reconstruiu os textos, tendo sido em muitos sítios obrigada a dar uma versão sua de certas frases, totalmente desaparecidas. Foi este o texto que serviu à primeira edição dos Contos Vermelhos aparecida clandestinamente” [ibidem, p. 41]. 

Nina Perdigão aderiu ao Partido Comunista Português em 1944, tendo-se afastado após os acontecimentos da Checoslováquia, e o filho, Rui Perdigão, entrou em finais de 1945, apenas com 13 anos, para as Juventudes Comunistas. 

Com os dois filhos, Gil e Rui, e com a esposa deste, Fernanda Silva, formou e manteve na clandestinidade um “aparelho” de apoio técnico, considerado pela Direcção do PCP como muito importante. 

Foi com dádivas da sua fortuna pessoal e do seu trabalho que se tornou possível ao PC sobreviver na década de cinquenta: era um elemento fundamental para a vida e sobrevivência das tipografias clandestinas; juntamente com a família, organizou o serviço clandestino de fronteiras, que permitiria a saída do país de outros militantes na clandestinidade; e transportou, secretamente de Paris para a casa de Álvaro Cunhal, em Moscovo, a correspondência da Direcção do Partido. 

O investigador Pacheco Pereira considera que foram duas as famílias do Porto que mais ajudaram o Partido Comunista na clandestinidade, a saber, a família de Guilherme da Costa Carvalho, cujos pais e irmã também pertenciam à AFPP, e a de Nina Perdigão.

[Extractos retirados da Biografia de Lúcia Serralheiro para o Dicionário no Feminino (Séculos XIX e XX), Livros Horizonte, 2005]

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