Beatriz Paes Pinheiro de
Lemos
[1872-14/10/1922]
- Escritora e professora.
- Filha de Francisco Pinheiro e de
Antónia Paes de Figueiredo, nasceu em
Viseu, em 1872.
- Pertenceu à geração das republicanas e feministas portuguesas
mais relevantes do princípio do século XX.
- Fez a estreia literária na revista
académica A Mocidade, quando ainda era aluna do liceu.
- Com o
marido, Carlos de Lemos, poeta e professor do Liceu de Viseu que, em 1909, foi
Presidente da Comissão Municipal Republicana, sendo então perseguido pelo seu
posicionamento político, dirigiu a revista literária Ave Azul (1899-1900).
- Aí assinou textos dedicados à emancipação
feminina e, considerando que o feminismo pretendia “pôr a mulher em condições
de viver dignamente na sociedade, por meio do seu trabalho, sem precisar dum
homem que a mantenha” [15/11/1899, p. 500], incitou as mulheres à luta, para
“que reivindiquem os seus direitos, que façam por conquistar a igualdade civil
e política, que sejam nos bancos das Escolas as dignas rivais dos mais
inteligentes e dos mais estudiosos” [15/8/1899, p. 324].
- Nos seus escritos,
revelou-se defensora da independência económica das mulheres e considerava que
ela só era possível de alcançar com uma educação diferente para o sexo
feminino.
- Colaborou nos periódicos A Beira, Nova Aurora
(1900-1901), Almanaque das Senhoras* (1901, 1916, 1924), A
Crónica (1900-1906), Alma Feminina (1907-1908), e O Garcia de
Resende (1908-1909).
- Correspondente local da Liga Portuguesa da Paz,
dirigida por Alice Pestana, nunca
deixou de caucionar a propaganda republicana e aderiu à Liga Republicana das
Mulheres Portuguesas.
- Empenhou-se na campanha a favor da aprovação da lei do divórcio e
reivindicou o ensino e a enfermagem laicas, servindo-se da imprensa para
difundir o seu ideal.
- Diplomada em Ciências e Letras, terá começado a leccionar
em 1900. Poucos anos volvidos sobre a implantação da República passou a residir
em Lisboa, onde era professora provisória do Liceu Maria Pia e leccionava
Francês, Geografia e História.
- Foi escolhida, juntamente com
Ana Augusta de Castilho, Ana de
Castro Osório, Luthgarda de Caires, Joana de Almeida Nogueira e
Maria Veleda, para fazer parte da
comissão que deveria representar as feministas portuguesas no sétimo Congresso
da International Women Suffrage Alliance, a realizar em Budapeste.
- Em 8 de Junho
de 1916, proferiu no Liceu Maria Pia a conferência “A Mulher Portuguesa e a
Guerra Europeia”, editada pela Associação de Propaganda Feminista.
- Segundo Henrique Perdigão, “deve-se-lhe a criação da Escola Liberal João de
Deus, para raparigas pobres, fundada como protesto à educação congreganista por
ocasião do célebre ‘caso Calmon’”, e pertenceu ao Instituto de Coimbra.
- Faleceu
em Lisboa, em 14 de Outubro de 1922.
[João Esteves,
v. Dicionário no Feminino (séculos XIX-XX), Lisboa, Livros Horizonte, 2005]
v. Dicionário no Feminino (séculos XIX-XX), Lisboa, Livros Horizonte, 2005]
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