* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CV *
00801. Armando da Rocha Rodrigues [1932]
[Lisboa, 1912, estudante - Lisboa. Filiação: Ana da Rocha Rodrigues, Sebastião Maria Rodrigues. Solteiro. Preso em 25/01/1932, "para averiguações de carácter político", "por ameaçar alguns oficiais do Batalhão de Caçadores Nº 7, onde foi 1º Cabo Nº 71/30, sendo hoje o licenciado Nº 1033/30, do R. I. Nº 1"; libertado do Aljube em 30/05/1932 (Processo 338).]
00802. António Monteiro [1932]
[Preso, provavelmente, em 1932; libertado do Aljube em 30/05/1932.]
00803. José da Graça Sardinha [1932, 1935]
[José da Graça Sardinha || ANTT || RGP/1928 || PT-TT-PIDE-E-010-10-1928]
[Beja, 24/04/1899, sapateiro - Beja. Filiação: Mariana das Dores, António da Graça Sardinha. Casado. Entregue, em 27/04/1932, pelo Comando da PSP de Beja, "sob a acusação de haver tomado parte activa numa greve de operários naquela cidade, levada a efeito no dia 16 do corrente mês, aliciando operários para a mesma" e onde terá falado no comício organizado de protesto contra a carestia de vida e o desconto de 2% sobre os salários dos operários (Processo 358). Naquele dia, também foi entregue, sob acusação idêntica, Manuel Augusto Zorro, igualmente sapateiro, sendo ambos libertados do Aljube em 30/05/1932, por parecer do Director Geral de Segurança Pública e concordância do Ministro do Interior. Em Janeiro de 1935, era procurado pela PVDE por fazer parte, em Beja, do Comité Local do Partido Comunista, juntamente com António Carrapiço, António Ramiro de Carvalho e José de Oliveira Soares, e assegurar, com aquele, Manuel Joaquim Leitão e Manuel Soeiro, uma delegação do Socorro Vermelho Internacional. Além daqueles contactos, mantinha, ainda, ligações partidárias com Artur Gonçalves Lagartinho, Domingos Ferreira Neto, electricista, José Eduardo Mendes Chinita, Manuel Gonçalves Vinagreiro e Pedro dos Santos Soares, estudante da Faculdade de Letras. Era também acusado de, na noite de 6 para 7 de Novembro de 1934, estar envolvido na afixação de manifestos em Beja celebrando o aniversário da Revolução Russa (Processo 1337). Entregue, em 20/10/1935, pelo Comando da PSP de Beja à SPS da PVDE Julgado à revelia pelo TME em 30/11/1935, acusado de desenvolver actividades do Partido Comunista em Beja e Beringel, foi condenado a 22 meses de prisão correccional e perda dos direitos políticos por cinco anos (Processo 23/935, do TME). Em Janeiro de 1936, o seu nome também viria a aparecer referenciado no Processo 1702/SPS, juntamente com os de Doroteo Flecha Rodrigues e Joaquim Jorge, igualmente activistas do Partido Comunista em Beja. Seguiu, em 06/02/1936, para o Aljube e, em 08/02/1936, para Peniche. No âmbito do Processo 1702/SPS, recolheu à 1.ª Esquadra em 14/07/1936 e foi julgado, no dia seguinte, pelo TME, tendo sido absolvido das acusações que constavam dele (Processo 16/936, do TME). Levado para o Aljube em 06/08/1936, daí partiu, em 17/10/1936, para Angra do Heroísmo, de onde regressou em 08/12/1938 e levado para a 1.ª Esquadra. Entregue, em 14/12/1938, ao Delegado do Procurador da República da Comarca de Beja, para ali ser submetido a julgamento.]
00804. Manuel Augusto Zorro [1932]
[Manuel Augusto Zorro.
Serpa, 1902, sapateiro - Beja. Filiação: Isabel Maria Aleixo, Alberto Augusto Zorro. Casado. Entregue, em 27/04/1932, pelo Comando da PSP de Beja, "sob a acusação de haver tomado parte activa numa greve de operários naquela cidade, levada a efeito no dia 16 do corrente mês, aliciando operários para a mesma" e participado no comício organizado de protesto contra a carestia de vida e o desconto de 2% sobre os salários dos operários (Processo 358). Naquele dia, também foi entregue, sob acusação idêntica, José da Graça Sardinha, igualmente sapateiro, sendo ambos libertados do Aljube em 30/05/1932, por parecer do Director Geral de Segurança Pública e concordância do Ministro do Interior.]
00805. Delfim de Sousa [1932]
[Caminha, 1913, pintor - Lisboa. Filiação: Rosa Maria de Sousa, João Baptista de Sousa. Casado. Preso pela PSP de Lisboa em 30/05/1932, juntamente com Custódio da Costa, Luís Caetano Guerreiro e Manuel Soares Sequeira, quando entregava panfletos editados pela CGT a incitar o povo trabalhador à greve geral (v. Processo 402); libertado em 10/06/1932.]
00806. Custódio da Costa [1932, 1934]
[Custódio da Costa || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]
[Esgueira - Aveiro, 10/01/1904, manipulador de pão - Lisboa. Filiação: Joaquina Marques da Costa, de Manuel da Costa. Casado. Anarcossindicalista, preso por duas vezes (1932, 1934), Custódio da Costa participou activamente na Greve Geral Revolucionária de 18 de Janeiro de 1934 e integrou o grupo de presos políticos que inaugurou o Campo de Concentração do Tarrafal, onde esteve deportado treze anos (1936 - 1949). Padeiro anarcossindicalista, foi preso, pela primeira vez, em 30/05/1932, no mesmo dia que Delfim de Sousa e Manuel Soares Sequeira, "por andar a distribuir manifestos de propaganda subversiva e de incitamento à greve geral", tendo, ainda, entregue alguns daqueles a Luís Nunes de Azevedo (Processo 403). Residiria, então, na Rua Manchester, nº 1 - 1.°, Lisboa, e saiu em liberdade em 15/06/1932. Em 1933, no âmbito das suas actividades sindicais, representou a Federação da Alimentação no Conselho Confederal da Confederação Geral do Trabalho. Teve papel de destaque na Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934, integrando o Comité de Acção e colaborando com Eurico Pinto Mateus, João Serra, Joaquim Montes, Manuel Henriques Rijo, Manuel Vilanova / Manuel Rodriguez Vilanueva, padeiro de nacionalidade espanhola, e Romão dos Santos Duarte na preparação, transporte e distribuição de explosivos (Processo 1011). Como sinal para o despoletar do movimento, Custódio da Costa estava encarregue de fazer explodir uma bomba no Miradouro da Senhora do Monte, na Graça, às 3 horas da manhã do dia 18, o que não chegou a suceder por decisão dos dirigentes da CGT perante a forte e inesperada mobilização policial em Lisboa e arredores.
[Custódio da Costa || 1934 || ANTT || RGP/54 || PT-TT-PIDE-E-010-1-54_P2]
Com residência na Rua da Senhora da Glória 74, foi preso em 04/02/1934 e julgado pelo TME em 08/03/1934. Condenado a 12 anos de degredo, ficando, depois, à disposição do Governo, recorreu da decisão, mas esta foi confirmada em acórdão de 15/03/1934. Seguiu para Angra do Heroísmo em 08/09/1934 e, depois, em 23/10/1934, integrou a primeira leva de presos políticos que inaugurou o Tarrafal, onde permaneceu até 1949, pertencendo à respectiva Organização Libertária. Cumpridos os 12 anos a que fora condenado pelo TME, foi entregue, em 31 de Dezembro de 1945, ao Ministério da Justiça. Continuou detido no Tarrafal mais três anos e oito meses.
Em 06/08/1949, o Tribunal de Execução das Penas concedeu-lhe a liberdade condicional, por proposta do Director do Campo, sob cinco condições: "fixação da residência em Cabo Verde, sem prejuízo da vinda à Metrópole, mediante autorização da entidade fiscalizadora"; "não frequentar meios ou locais especialmente procurados por elementos suspeitos"; "não acompanhar pessoas suspeitas ou de má conduta, designadamente antigos companheiros que tenham estado ligados a actividades subversivas"; "aceitar a protecção e indicações de uma instituição do Patronato ou de pessoa encarregada de o exercer"; e "a fiscalização fica a cargo do Director da Colónia Penal de Cabo Verde e da Polícia Internacional e de Defesa do Estado". Saiu em liberdade condicional em 01/09/1949, desembarcou, em 10/11/1949, em Lisboa e, no dia seguinte, foi submetido a mais uma sessão de fotografias policiais, indo residir para casa de Victor dos Santos Pereira, no Campo 28 de Maio, 294, 2.°. Sem poder ausentar-se do Concelho de Lisboa sem a devida autorização e obrigado a apresentar-se nos Serviços Centrais da PIDE no dia 11 de cada mês, até às 20 horas, foi-lhe concedida a liberdade definitiva por sentença de 24/10/1952 do Tribunal de Execução das Penas. Em liberdade, terá entrado para a Marinha Mercante. Participou, depois do 25 de Abril de 1974, no ressurgir do movimento libertário, com ligações ao jornal A Batalha. Foi nesta redacção que, em Janeiro de 1975, foi entrevistado por José António Salvador sobre os acontecimentos de 18 de Janeiro de 1934 (Diário de lisboa, 18/01/1975). Segundo Jorge Barreiro, esteve, também, ligado à Voz Anarquista e Centro de Cultura Libertária de Cacilhas. Faleceu em 22/11/1980.]
00807. Manuel Soares Sequeira [1932]
[Manuel Soares Sequeira || F. 12/07/1932 || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]
[Arcos de Valdevez, c. 1905, trabalhador - Lisboa. Filiação: Ana Soares Sequeira. Solteiro. Residência: Travessa do Sebeiro, 38 (Alcântara) - Lisboa. Preso em 30/05/1932, no mesmo dia que Custódio da Costa, Delfim de Sousa, "por estar a protestar, na Praça do Comércio, no dia 28 do referido mês, contra o desconto de 2% que o Governo obrigava a descontar para o Fundo do Desemprego" (v. Processo 444); libertado em 11/07/1932. No entanto, a fotografia do Livro de Cadastrados tem a data de 12/07/1932.]
00808. Luís Caetano Guerreiro [1932]
[Lisboa, 1890, carpinteiro - Lisboa. Filiação: Francisca Rosa Roda, Francisco José Guerreiro. Casado. Preso pela PSP de Lisboa em 31/05/1932, por ter chamado várias vezes "amarelo" ao condutor do eléctrico onde seguia (v. Processo 387); libertado em 04/06/1932.]
[João Esteves]
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