[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

[2649.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CXVII] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CXVII *

00891. Francisco Rodrigues [1932]

[Francisco Rodrigues || F. 04/08/1932 || PT-TT-PIDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Braga, c. 1906, padeiro - Lisboa. Filiação: Ana da Conceição Rodrigues. Casado. Residência: R. Pedro Dias, 23 / R. Pedro Dias, 20 - Lisboa. Integrou as Juventudes Sindicalistas. Filiado 51 da Célula 5 do Comité de Zona nº 1 do Partido Comunista. Preso em 27/06/1932, por envolvimento no fabrico de explosivos, juntamente com António Manuel Castilho da Cunha Belém e José Manuel Saraiva de Aguiar (Processo 460), e levado, incomunicável, para uma esquadra. Transferido, em 11/12/1933, do Aljube para a 1.ª esquadra. Passou, em 17/01/1934, para o Hospital de S. José.

[Francisco Rodrigues || ANTT || PT-TT-PIDE-Policias-Anteriores-4-NT-8904 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

Passou para o Aljube em 19/02/1934. Julgado pelo TME em 21/11/1934, foi condenado a 10 anos de degredo, com prisão, ficando, depois, à disposição do Governo (Processo 14/933 - TME); seguiu, em 22/11/1934, para Peniche. Interpôs recurso, tendo o Tribunal, em 28/11/1934, acordado em anular o julgamento anterior. Regressou ao Aljube em 14/03/1935. Novamente julgado em 04/12/1935, o TME confirmou a pena a que fora condenado e embarcou, em 18/12/1935, para Angra do Heroísmo, de onde regressou em 25/06/1943 e encaminhado para Peniche. Posto à disposição do Ministério da Justiça em 31/12/1945.]
[alterado em 19/05/2024]
[alterado em 24/05/2024]

00892. José Félix [1932]

[Nelas, c. 1890, pintor. Filiação: Maria de Jesus Félix, António Borges Félix. Casado. Preso pela PSP de Lisboa em 30/05/1932, "por incitar os  seus camaradas à greve, quando trabalhava num prédio, na Praça do Chile" (v. Processo 421); libertado em 25/06/1932.]

00893. Ernesto José Marques Brandeiro de Matos [1931]

[Cartaxo, c. 1909, publicista - Lisboa. Filiação: Marta da Conceição Marques de Matos, Ernesto Vieira de Matos. Casado. Residência: João do Rio, 25 - Lisboa. Preso em 13/09/1931, por ter participado no movimento de 26/08/1931; proposto para deportação em 16/10/1931. Por despacho do Ministro do Interior, de 22/06/1932, foram-lhe concedidos "dez dias de liberdade condicional por motivos de saúde e para em seguida embarcar para o Brasil, ficando sob a vigilância da Polícia"; libertado em 25/06/1932 (Processo 45).]

00894. João Marques Lustosa [1932, 1934]

[João Marques Lustosa || F. 04/08/1932 || PT-TT-PIDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[S. Miguel do Mato - Vouzela, c. 1906, barbeiro - Lisboa. Filiação: Maria da Conceição, António Marques Lustosa. Solteiro. Residência: Largo das Olarias, 16 - Lisboa. Preso pela Secção de Vigilância Política e Social em 27/06/1932, no mesmo dia que Joaquim Lopes Martins e José Maria de Carvalho; recolheu, incomunicável, a uma esquadra (Processo 460/SPS). Em 30/03/1933, quando estava no Aljube, foi um dos 56 dos 75 presos que assinou a "Carta Aberta ao Ex.mo Sr. Ministro do Interior", Albino Soares Pinto dos Reis Júnior, na sequência da sua visita e nota oficiosa publicada nos jornais, onde se esclarece e se denuncia as torturas sofridas, sendo que "foram espancados 49, e alguns duma  maneira bastante selvagem". Neste documento, que consta do ANTT, elucida-se que os presos "foram barbaramente espancados uns, conservados em rigorosa incomunicabilidade por longos dias outros, e insultados quase todos»; «foram uns torturados por espancamento, outros por algemas, muitos conservados de pé sem comer e sem beber, alguns proibidos de utilizarem as retretes para satisfazerem as suas necessidades durante alguns dias". O texto refere, ainda, que o Ministro "se fez acompanhar de alguns dos principais verdugos policiais, como por exemplo o Subdirector da Polícia de Informações, tenente Rosa Mendes, Sargento ajudante António Augusto Pires e o sádico Fernando Gouveia, chefe da brigada da polícia de informações, um dos maiores facínoras que fazem parte daquela corporação". Assinam o documento "republicanos, comunistas e sindicalistas, alguns dos quais foram combatentes da Grande Guerra tendo já, à Pátria e à República, prestado relevantes serviços". 

[30/03/1933 || ANTT || PT-TT-PIDE-001-00546_m0001]

Embora seja plausível que tenha permanecido preso, desconhece-se, para já, o que se passou entre a prisão de 27/06/1932 e 04/12/1934, quando voltou a dar entrada no Aljube, acusado de "bombista". Transferido para Peniche em 19/12/1934, aí terá ficado um ano, até dar entrada, em 03/12/1935, na 1ª Esquadra, a fim de ser julgado no dia seguinte pelo TME: condenado a 10 anos de degredo, com prisão, ficando, depois, à disposição do Governo. Voltou ao Aljube em 10/12/1935 e, em 18/12/1935, embarcou, no vapor "Cabo Verde", para Angra do Heroísmo, de onde regressou em 09/07/1943.

[João Marques Lustosa || ANTT || RGP/247 || PT-TT-PIDE-E-010-2-247]

Levado, no mesmo dia, para Peniche, foi posto à disposição do Ministério da Justiça em 31/12/1945.]

[João Esteves]

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