* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CXXXII *
00998. António Inácio Martins [1927, 1927, 1932, 1934]
[António Inácio Martins || 1934 || Pormenor de uma fotografia de um grupo de presos políticos em Peniche || Portal Anarquista]
[Rio Tinto - Gondomar, 1901 (o Cadastro Político refere o ano de 1904), carpinteiro. Filiação: Maria de Jesus Moreira, Manuel Inácio Martins. Solteiro. Residência: Rio Tinto. Evidenciou-se, desde muito novo, como sindicalista e activo militante anarquista do Porto, o que esteve na origem das suas duas primeiras prisão: em 14/05/1927 (Processo 3102/PI-MI) e em 08/08/1927 (Processo 3172). Deportado para Angola em 18/09/1927, terá embarcado em 20/09/1927 no vapor "Zaire", da Companhia Nacional de Navegação, com dezenas de cadastrados e outros presos por motivos políticos e sociais: Adriano Matos Fragoso, Alexandre Pereira de Campos, Alfredo Nordeste, Álvaro da Costa Ramos, António Maria Malva do Vale, António Marques, António Mendes Soldado Júnior, Arnaldo Simões Januário, Artur Augusto Duarte da Luz de Almeida, Bernardino dos Santos, Custódio José Dantas, Francisco Nóbrega Quintal, Gregório Roque da Silva, José Alberto, João Pedro dos Santos, João Pereira, José Bernardino Alves Pereira, Manuel Alegria Vidal e Manuel Portolez Saraiva (ANTT, PT-TT-EPJS-A-2-010_c0052/c0053). Aí, foi sujeito a maus-tratos enquanto trabalhador forçado nos caminhos de Ferro de Além-Malange, só regressando a Portugal ao fim de quatro anos, reatando as suas ligações às organizações anarquistas. Preso no Porto em 16/07/1932, "por ser um elemento anarquista e bombista perigoso": "apesar de ter estado deportado cerca de quatro anos, não se regenerou. Após o seu regresso da deportação, encetou logo os seus trabalhos de organização anarquista, ligando-se a diversos elementos anarquistas, como sejam Mário Ferreira e António Linhares de Campos". Além disso, era considerado o mentor e organizador da Federação Anarquista Regional do Norte; mantinha correspondência com a Aliança Libertária Portuguesa; recebia e distribuía o jornal "Acção Libertária", nomeadamente através de Benjamim Henriques de Oliveira, e folhetos de propaganda anarquista; promoveu, com António José Vieira, Artur José dos Santos e Elídio Pereira, a formação do grupo "Progredior"; recebia as quotizações de diversos grupos anarquistas; e fez em Valença, no dia 1.º de Maio, uma conferência comemorativa da data. Usou, nas suas actividades, o pseudónimo "António Frazão". Entregue pela Delegação do Porto da S. V. P. S. em 31/07/1932, tendo sido determinado, em 11/08/1932, que lhe fosse fixada residência obrigatória em Timor, ficando a aguardar na Penitenciária o embarque (Processo 99/Porto; Processo 480/SPS). Libertado da Penitenciária de Lisboa em 06/03/1934, por mandado do TME. Preso em 07/03/1934, "para averiguações" (Processo 1050-A), e transferido, em 23/04/1934, para Peniche, de onde foi libertado em 08/01/1935.
Na Biografia Prisional que consta do Registo Geral de Presos há a anotação, a lápis, de que teria sido condenado à revelia pelo TME de 11/06/1936. Casou com Amélia Mascarenhas e faleceu em 05/12/1965. Terá integrado, a partir do Porto, a Federação Maximalista Portuguesa (André Costa Pina, A Federação Maximalista Portuguesa e a sociogénese do Partido Comunista Português, 2018).]
[João Esteves]
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