* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CXXXV *
01006. Artur Gonçalves Rocha [1928, 1932]
01007. Benvindo dos Anjos Fernandes [1932]
01008. Manuel Viana Ribeiro [1932, 1934, 1936, 1936, 1943]
01009. José Augusto da Fonseca Moutinho [1927, 1928, 1931, 1932]
[Numão - Vila Nova de Foz Côa, c. 1904, empregado de escritório / comerciante - Porto. Filiação: Adélia da Conceição Fonseca, Joaquim Augusto Moutinho. Casado. Residência: Rua Sá da Bandeira, 30 ou Travessa do bom Retiro, 16 - Porto. Militante do Partido Comunista ainda durante a 1ª República, estando identificado pela Polícia de Segurança do Estado, vigiado e preso em 28/02/1925 (libertado em 15/03/1925). Foi redactor do jornal Bandeira Vermelha (1925), editado no Porto, pertenceu o Comité Regional do Norte (1926), foi um dos organizadores, com Anastácio Ramos, do Socorro Vermelho Internacional, e teve um lugar de destaque na Confederação Geral do Trabalho, em virtude da actividade sindical desenvolvida na União dos Empregados do Comércio do Porto. Interveio em Março e Abril de 1926, tal como os seus camaradas Anastácio Ramos e José Silva, no Bloco de Defesa Social criado no Porto para denunciar as deportações por motivos sociais e combater o avanço do fascismo. No mês seguinte, foi um dos delegados do Porto ao II Congresso do Partido Comunista. Participou, mais uma vez com Anastácio Ramos, na Revolta de 3 de Fevereiro de 1927 e estava filiado na Ação Republicana, a que aderiu por intermédio do estudante Horácio Cunha. Preso em 10/03/1927, por ser considerado agente de ligação do Socorro Vermelho Internacional; libertado em 04/04/1927 (Processo 2). Preso em 20/07/1928, por estar envolvido no movimento revolucionário que eclodiu nesse dia (Processos 95 e 429); libertado em 04/10/1928. Vigiado, em Abril de 1930 estava como empregado no quiosque da estação de S. Bento, sendo "o elemento de maior preponderância no comité do Partido Comunista Português, no Porto" e "filiado na Internacional Comunista". Em Fevereiro de 1931, era reportado que "tem ligações com diversos comunistas em evidência" e, "em caso de alteração de ordem pública, deve ser imediatamente preso".
Nesse mesmo ano criou a "Editorial Moutinho", cuja primeiro livro foi o Manifesto Comunista, de Marx e Engels. Preso em 26/08/1931 porque, "sendo proprietário de um estabelecimento de venda de jornais estrangeiros, fazia a venda clandestina de um jornal de propaganda comunista, intitulado 'La Correspondance Internationale'", sendo, ainda, um "elemento adverso à Situação". O estabelecimento referido era uma tabacaria adquirida em 1930, situada na Rua Sá da Bandeira, 30. Libertado em 26/09/1931, por o irmão ser oficial do 3º Batalhão da GNR e responsabilizar-se por ele. Preso no Porto em 17/02/1932, por estar filiado no Partido Comunista desde 1924, a que aderiu por intermédio do sapateiro José Silva, ser distribuidor de boletins do SVI e ter contactos, entre outros, com Francisco Soares e Manuel Viana Ribeiro (Processo 52/Porto). Enviado para Lisboa em 05/04/1932, foi deliberado, por despacho de 22/06/1932, a fixação de residência obrigatória em Peniche, para onde seguiu do Aljube em 09/09/1932 (Cadastro Político) ou 09/08/1932 (Ordem de Serviço 223/10.08.1932). Segundo aquele Cadastro, teria sido libertado em 22/07/1932. No depoimento feito à Polícia de Informações do Porto, datado de 19/02/1932, tratou de referir que a partir do momento em que se tornou comerciante, as suas preocupações passaram a ser outras, tendo-se desligado do Partido Comunista e do SVI, embora tenta pago as quotas até Dezembro de 1931. Abandonou, nessa mesma década, as "lides políticas", "perdendo-se para a causa operária" (José Silva, Memórias de um operário, 1971, p. 206.]
[João Esteves]
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