* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCLX *
01537. José Gomes dos Santos [1933, 1939]
[José Gomes dos Santos]
[Coimbra, 19/03/1899. Empregado de comércio / Agente de seguros. Filiação: Mariana da Conceição Gomes, João Gomes Júnior. Solteiro. Residência: Rua Cidade Cardiff, 31 - Lisboa. Preso por estar envolvido na impressão e distribuição, a partir de Coimbra, de alguns números do jornal republicano clandestino "A Verdade", afeto a Afonso Costa, o qual chegou a ser feito a partir da mercearia que o pai detinha na Rua da Sofia e que era frequentada «assiduamente por tertúlias de vários "desafetos" ao regime». Esteve diretamente envolvido na fuga de Armando Cortesão, um dos responsáveis pelo órgão republicano, e entregou, por volta de 1935, parte do tipo que se salvara, «escondida talvez nos escaninhos da mercearia de João Gomes Júnior» ao Partido Comunista «que dele pôde assim passar a usufruir». Os caracteres tipográficos salvos foram entregues dentro de um saco a António Mano Fernandes, estudante antifascista conimbricense que faleceu em 30 de Janeiro de 1938, com 27 anos, por falta de assistência médica, tendo sido transferido já moribundo do Forte de Peniche para os Hospitais Universitários de Coimbra. Deu entrada na Delegação do Porto da Seção Política e Social em 17/10/1933 e transferido, em 24/10/1933, para o Aljube local. Enviado do Aljube do Porto para Peniche, a fim de ser deportado, em 19/11/1933, para Angra do Heroísmo, de onde terá regressado antes de 28/08/1934. Na sequência deste mesmo processo envolvendo o jornal "A Verdade", foram presos na mesma altura, entre outros: António Borges Coutinho, António Maria de Oliveira (tipógrafo); António Maria Malva do Vale (médico); Henrique José Pereira de Matos (aprendiz); João da Silva (escultor, cunhado de António Sérgio); os seus irmãos Jaime e Mário Gomes dos Santos; Manuel Pereira Júnior (servente); Manuel Reis Gomes; e Neves Rodrigues. O seu pai só seria detido em 1936. Apareceu, neste ano, associado à criação de uma Frente Popular em Coimbra e apoio aos antifascistas espanhóis, fazendo parte do mesmo Processo Albano Pires Fernandes Nogueira (despronunciado), Aníbal Carneiro Franco (cunhado), António Mano Fernandes, António Ventura, Augusto Serra, Fernando Lopes Graça, Jaime Augusto, João José Lopes Farinha (despronunciado), Manuel Augusto de Oliveira, Manuel Nunes, Mário Freitas Morais (despronunciado) e Raul Mariz Seabra [Processo 1184/36]. Por andar fugido, foi julgado à revelia pelo TME em 14/04/1947 e condenado em 23 meses de prisão correcional. Preso em 24/09/1939, quando se encontrada escondido em casa de Paulo Crato (Paulo António Arrobas Crato), situada na Rua Cidade Cardiff - Lisboa. Recolheu ao Aljube, passou pela sua enfermaria e, julgado pelo TME em 06/04/1940, seria condenado na pena de 360 dias, a que se descontou a prisão preventiva sofrida. Um dos seus companheiros de cárcere foi o médico Adolfo Correia da Rocha (Miguel Torga), cuja amizade perdurou durante décadas, tendo a sua vasta biblioteca toda a obra daquele escritor autografada e com dedicatória. Libertado em 03/06/1940. Conhecido oposicionista de Coimbra, integrou todas as iniciativas da Oposição realizadas na cidade, voltou a ser preso e teve papel muito relevante na divulgação de escritores e artistas neorrealistas e no desempenho de atividades clandestinas do Partido Comunista, de que que era militante há muitas décadas. Faleceu em 03/04/1991.]
[alterado em 28/03/2024]
[alterado em 10/05/2024]
[in Alberto Vilaça || À Mesa d'A Brasileira (Calendário de Letras, 2005)]
[Desenho de Cipriano Dourado, 1959]
01538. Brás Ferreira Leitão [1933]
[Nasceu em Tavarede, Figueira da Foz, mas passou a residir em Coimbra quando jovem adulto. Empregado de comércio. Deu entrada na Delegação do Porto da Seção Política e Social em 17/10/1933 e transferido, em 24/10/1933, para o Aljube local. Transferido do Aljube do Porto para Peniche a fim de ser deportado, em 19/11/1933, para Angra do Heroísmo. Esteve preso com José da Silva Ribeiro. Faleceu em 1959.]
[Nota: O obrigado à neta de Brás Ferreira Leitão pelas informações adicionais sobre o Avô.]
[alterado em 28/03/2024]
[alterado em 17/04/2024]
[alterado em 10/05/2024]
[Brás Ferreira Leitão || ANTT || 02/02/1934 || PT-TT-MI-GM-4-47-9_m0002]
01539. Fernando Francisco Baião [1933]
[Transitou da Cadeia Civil do Porto para a Delegação da Seção Política e Social em 16 ou 17/10/1933. Transferido para a Cadeia Civil em 24/10/1933. Poderá ser o mesmo que Fernando Baião = 01248.]
[alterado em 28/03/2024]
01540. José Passos Cardoso [1933]
[Transitou da Cadeia Civil do Porto para a Delegação da Seção Política e Social em 16 ou 17/10/1933. Libertado do Aljube do Porto em 20/10/1933. Transferido para a Cadeia Civil em 24/10/1933.]
[alterado em 28/03/2024]
01541. António Marques Freitas [1933]
[Libertado pela Delegação da SPS do Porto em 16/10/1933.]
01542. Mário Urbano Mattis Neves [1933]
[Entrou na Delegação da SPS do Porto em 17/10/1933 e seguiu para o Aljube local. Libertado, provavelmente, em 25/11/1933.]
[alterado em 17/05/2024]
01543. Afonso Correia Bastos [1933]
[Entrou na Delegação da SPS do Porto em 17/10/1933 e seguiu para o Aljube local. Libertado, provavelmente, em 25/11/1933.]
[alterado em 17/05/2024]
01544. Henrique José Pereira de Matos [1933]
[Coimbra, c. 1916. Aprendiz de tipógrafo. Filiação: Felismina Dias, Manuel Tomás. Menor, entrou na Delegação da SPS do Porto em 17/10/1933, seguiu para o Aljube local. Transferido do Aljube do Porto para Peniche a fim de ser deportado, em 19/11/1933, para Angra do Heroísmo, onde foi absolvido aquando do julgamento em TME – Secção dos Açores. Regressou em 09/11/1934 e saiu em liberdade. Detido no âmbito do processo envolvendo o jornal "A Verdade".]
[alterado em 10/05/2024]
[João Esteves]
1 comentário:
Boa noite. Brás Ferreira Leitão é meu avô materno. Faleceu em 1959 e é um orgulho ver o seu nome reconhecido como um lutador pela Liberdade.
Obrigada
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