* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCLVI *
01519. Fernando Quirino [1933]
[Lisboa, c. 1911. Serralheiro mecânico / estudante. Filiação: Maria Quirino, António dos Reis Quirino. Solteiro. Residência: Rua Domingos Tendeiro, 18 - Lisboa / Rua do Prior, 3 - Lisboa. Encontrava-se, em maio de 1933, fugido à Polícia e estava referenciado como integrando as direções do Partido Comunista e das Juventudes Comunistas, sendo considerado «um elemento de grande atividade» e com «graves responsabilidades» [Processo 713]. Preso em 09/07/1933, quando participava numa reunião clandestina no Sindicato dos Compositores Tipográficos, confirmou que pertencia às Juventudes Comunistas desde novembro de 1929, data da sua fundação, iniciado por Bernard Freund, integrando, então, a Comissão de Organização e, simultaneamente, a Célula N.º 1, composta por jovens operários do Arsenal da Marinha, onde trabalhava. No 1.º de Maio de 1931 já fazia parte do Secretariado do Comité Central das Juventudes Comunistas e, em agosto, partiu para Moscovo em representação destas, via Paris, onde chegou no dia 22 e apresentou-se na Repartição Latina da Internacional Comunista dos Jovens. Aí frequentou a Escola Leninista, sendo o seu primeiro aluno português, permaneceu dezassete meses, executou diversas tarefas, redigiu relatórios, assistiu a reuniões, nomeadamente da Internacional Comunista (VII Pleno da ISV e XII Pleno da IC) e manteve contatos estreitos com José de Sousa e Manuel Augusto da Rosa Alpedrinha, representantes do Partido Comunista. Terá regressado em novembro de 1932, entrou em contacto com Francisco de Paula Oliveira e assumiu o cargo de Secretário do Comité Central da Federação das Juventudes Comunistas, integrou, simultaneamente, o Secretariado Político do Partido Comunista e desenvolveu intensa atividade partidária, sindical e antifascista. No âmbito da sua militância, manteve ligação com alguns dos principais intervenientes das organizações comunistas da época, entre os quais constavam, para além dos já referidos: Abraão Rodrigues Coimbra, Afonso Martins da Silva, Alfredo Caldeira, António da Piedade Cipriano, António Dias, João Oliveira Vidal, Júlio Vítor Ferreira, Pedro Batista da Rocha, Raul Rodrigues Lage, Virgínio de Jesus Luís e Vítor Hugo Velez Grilo. Passou, em 13 ou 14/10/1933, para o Aljube. Transferido, em 19/11/1933, do Aljube para Peniche, onde embarcou, por ordem do Governo, para a Fortaleza de São João Batista, em Angra do Heroísmo. Julgado pelo Tribunal Militar Especial, Seção dos Açores, em 20/08/1934, foi condenado a 690 dias de prisão correcional, faltando-lhe, então, cumprir 224. Mandado restituir à liberdade pelo TME em 25/07/1935, por ter terminado a pena, continuou preso à disposição da PVDE, por «se tratar de um elemento bastante perigoso», decisão confirmada pelo ministro do Interior. Deportado, em 23 de outubro de 1936, para o Tarrafal, aí permaneceu mais de nove anos e onde, devido a divergências com os camaradas de Partido, integrou o Grupo dos Comunistas Afastados. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35.041, de 18 de Outubro de 1945, foi libertado em 12/01/1946 e regressou a Lisboa, no vapor “Guiné”, em 1 de fevereiro.]
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