* GERMINAL DE SOUSA *
[22/05/1909 - 03/11/1968]
Militante anarquista com responsabilidade em Portugal e em Espanha, Germinal de Sousa foi preso por seis vezes (1927, 1929, 1930, 1932, 1948, 1961), permaneceu em Espanha durante quase toda a Guerra Civil desencadeada pelo golpe militar contra o governo republicano legítimo e, quando refugiado em França, ficou detido no campos de concentração de Le Vernet, passando, depois, para Djelfa e Berrouaghia, na Argélia.
Filho de Maria José de Sousa e do activista anarcossindicalista Manuel Joaquim de Sousa [1883 - 1944], Germinal de Sousa nasceu no Porto, na freguesia do Bonfim, em 22 de Maio de 1909.
Tipógrafo, a viver em Lisboa na Vila Cândida (Caminho de Baixo da Penha), terá iniciado a militância nas Juventudes Sindicalistas e no grupo anarquista "Germinal" em 1925.
Em 6 de Fevereiro de 1926, foi preso no jornal A Batalha e "libertado pelos revoltosos" (Processo 2954).
Já sob a Ditadura Militar, foi preso em 3 de Dezembro de 1927, "por ser anarquista e companheiro de Américo Vilar" [Processo 3475], sendo libertado em 28 de Maio do ano seguinte.
[Américo Vilar viria a estar associado aos acontecimentos ocorridos em Moncarapacho em 17 de Fevereiro de 1928, quando uma violenta explosão o matou, juntamente com António Calhabotas, dois anarcossindicalistas idos do Barreiro que se encontravam a preparar bombas num pardieiro]
Novamente preso em 26 de Abril de 1929, acusado de "ser bombista e fazer parte de um grupo revolucionário, tendo-se comprometido a carregar as bombas encontradas no Instituto de Medicina Legal", saiu em liberdade em 8 de Maio de 1929 [Processo 4324].
Voltaria a ser detido no ano seguinte, em 29 de Novembro, "por suspeita de estar implicado no movimento revolucionário em preparação", e libertado no dia seguinte [Processo s/número].
Em 1931, participou na fundação da Aliança Libertária Portuguesa, sendo preso em 24 de Agosto de 1932, "por estar envolvido em organizações extremistas" e indiciado, segundo o seu Cadastro Político, por ser um dos fundadores da Aliança Libertária de Lisboa e o filiado N.º 4 - integrou o primeiro Secretariado e tornou-se, depois, Secretário da Comissão de Propaganda; libertado do Aljube em 13 de outubro do mesmo ano [Processo 507].
Em Março de 1933, era procurado pela Polícia Política "por se tratar de um elemento com graves responsabilidades" no âmbito da Aliança Libertária, tendo o processo sido enviado ao Tribunal Militar Especial [Processo 646]. Estava, então, refugiado em Espanha, onde militou na Federação Anarquista Ibérica (FAI), com quem já colaborava desde a sua fundação.
Em Março de 1935, foi expulso daquele país para França pela fronteira de Puigcerdà, devido a ser considerado um anarquista "extremamente perigoso". Permaneceu em Espanha durante quase toda a Guerra Civil desencadeada pelo golpe militar contra a República, integrando o Comité Peninsular da FAI, sendo nomeado seu Secretário-Geral em 1938. Fez parte da coluna catalã "Tierra y Libertad", com a qual combateu em Aragão, Madrid e Cuenca.
Passou, em Janeiro de 1939, para França, através dos Pirenéus, estando na constituição do Conselho Geral do Movimento Libertário Espanhol surgido em Março.
Com o desencadear da 2.ª Guerra, ficou detido nos campos de concentração de Le Vernet, em França, e Djelfa e Berrouaghia, na Argélia, residindo em Argel até 1948.
Regressou a Portugal neste ano, foi preso em 6 de Abril de 1948, "para averiguações", levado para o Aljube e transferido para Caxias em 27 de Abril; libertado em 10 de Maio [Processo 283/48].
Retomou, então, contactos com antigos companheiros, nomeadamente com Acácio Tomás de Aquino, Emídio Santana, José dos Santos e Raul Curado.
Preso pela sexta, e última vez, em 22 de Junho de 1961, "por exercício de actividades contra a segurança do Estado", levado para o Aljube e transferido, em 29 de Junho, para Caxias, acabou por ser libertado, "mediante termo de identidade e residência", em 4 de Julho [Processo 645/61].
Faleceu em 3 de Novembro de 1968, com 59 anos.
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