[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

terça-feira, 30 de novembro de 2021

[2625.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [XCVIII] || 1926 - 1933

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || XCVIII *

00744António Guerreiro [1927]

[Painzela - Cabeceiras de Basto, 20/05/1873, Capitão - Metralhadoras 2 / Lisboa. Filiação: Angelina de Jesus e Joaquim Guerreiro. Casado com Maria da Oliveira. Iniciou a carreira militar em 16/12/1892, como voluntário no Regimento de Infantaria 20, de Guimarães; concluiu, em 16/08/1911, o Curso de Sargentos, e, em 1922, atingiu o posto de capitão,  chegando a estar em Angola enquanto militar. Talvez por o Regimento de Infantaria 20 não ter apoiado Gomes da Costa durante o golpe militar de 28/05/1926, foi colocado, em 31/12/1926, em Lisboa, no Batalhão de Metralhadoras N.º 2, uma das unidades que interveio na Revolta contra a Ditadura Militar de 7-9/02/1927. Por ter participado neste movimento, "foi separado de serviçoem 06/02/1927 e preso na Penitenciária de Lisboa, onde ainda se encontraria em 11/05/1927. Como o processo que lhe foi instaurado tivesse sido mandado arquivar pelo Ministro da Guerra, apresentou-se, em 10/10/1927, no Comando da 1.ª Região Militar. Reintegrado em 1929, faleceu em 03/06/1956. Pai de Emídio Guerreiro. Dados retirados de Luís FarinhaEmídio Guerreiro: sob o despotismo da liberdade, Assembleia da República, Outubro de 2021).]

00745. Manuel Luís Guedes Pinheiro [1928, 1928, 1929, 1930, 1930, 1931, 1931, 1938, 1938, 1944, 1962

[Manuel Luís Guedes Pinheiro || F. 01/05/1962 || ANTT || RGP/9816 || PT-TT-PIDE-E-010-50-9816]

[Murça, 29/04/1904, estudante / médico - Porto. Filiação: Maria Guedes Pinheiro e Manuel Pinheiro. Casado. Preso diversas vezes quando estudante da Escola Médica do Porto e, depois, como médico. Vice-Presidente do Centro Académico Republicano do Porto, constituído em Fevereiro de 1928 e presidido por José Figueiredo Lopes, também estudante de medicina. Preso em 17/05/1928, pela Polícia de Informações do Porto, "por andar a distribuir manifestos de incitamento à greve", no âmbito do movimento académico iniciado em Lisboa, em Abril, tendo a Academia do Porto aderido em 12 de Maio; libertado em 18/05/1928. Preso em 21/07/1928, pela Polícia de Informações do Porto, "por tentar agredir agentes desta Corporação"; libertado em 31/07/1928. Iniciado, em 20/07/1929, na loja maçónica "Comuna", adoptando o nome simbólico de Galois. Preso em 20/10/1929, pela Polícia de Informações do Porto por, durante o funeral do ex-sargento Manuel Fernandes de Almeida, realizado no dia anterior no Cemitério do Repouso, "ter dado morras à Ditadura, ao Exército e à Polícia de Informações" e acusado de "ter sido um dos autores do motim efectuado no Cemitério"; libertado em 05/11/1929. Em 10/04/1930, o Informador 35 reporta que "é contrário em absoluto à actual Situação Política do País", sendo, "dentro da organização revolucionária académica, um dos mais audaciosos filiados de acção, porque, possuindo um temperamento enérgico e decidido, lança-se em todas as empresas arruaceiras com denodo e valentia, pelo que está sempre atento às ligações e ordens da sua organização, o grupo República. É radical e está indicado na conjura para chefiar um grupo misto de estudantes e civis que, na sua própria expressão, terá por missão o assalto à Polícia de informações". Preso em 25/04/1930, no Porto, "para averiguações"; libertado em 02/05/1930. Preso, no Porto, em 05/10/1930, "por dar vivas subversivos" e integrar o grupo "República", sendo transferido no mesmo dia para Lisboa; libertado em 17/10/1930 (Processo 4697-K). Eleito no mês seguinte, por unanimidade, para o Senado Universitário da Academia do Porto. Preso em 02/04/1931, no Porto, "por fazer parte da greve académica e ser elemento revolucionário agitador"; libertado em 20/04/1931. Participou, em 28/04/1931, na Assembleia Geral realizada na Escola Médica do Porto, convocada pela Associação Profissional dos Estudantes de Medicina do Porto (APEM), onde morreu o estudante João Martins Branco devido à intervenção da GNR. Considerado, nesse mesmo dia, "como um dos elementos mais audaciosos e perigosos no meio académico, com grandes simpatias entre os revolucionários", "o seu afastamento da cidade do Porto torna-se urgente" e, por isso, foi preso em 29/04/1931 e transferido para Lisboa, juntamente com António Barros Machado e Luís Eduardo Canossa Moreira, dando entrada na Penitenciária da capital. Libertado em 11/05/1931, foi-lhe fixada residência em Murça (Processo s/n.º). Por continuar a sua intensa actividade política contra a Ditadura, a autoridade administrativa de Murça enviou, em 25/05/1931, um ofício ao Governador Civil de Vila Real solicitando o seu afastamento da localidade. Referenciado, em Março de 1933, como fazendo parte de "uma organização civil revolucionária académica que tem como chefe um indivíduo de apelido Calhano". Preso em 23/04/1938, no Porto, acusado de "fazer propaganda subversiva", "distribuindo o jornal clandestino Avante"; saiu em liberdade condicional em 10/06/1938 (Processo 401/38Processo 446/38). Preso em 02/08/1938, no Porto, a pedido do Tribunal Militar Especial, foi absolvido e libertado em 04/08/1938 (Processo 985/38). Preso em 15/01/1944, no Porto, "por manejos revolucionários e distribuição contra a actual situação", teve de ser internado, em 28/03/1944, no Hospital da Ordem Terceira da Trindade e seguiu, depois, para o Sanatório do Caramulo, de onde regressou em 08/07/1944 para ser julgado pelo TME (Processo 60/44). Condenado na pena de multa de 25.000$00 e perda dos direitos políticos por cinco anos, foi libertado naquele mesmo dia. Continuou a sua militância antifascista e, em 1954/1955, foi uma das testemunhas de defesa do processo que envolveu Albertino Duarte MacedoAntónio Lobão VitalJosé Cardoso Morgado JúniorRuy Luís GomesVirgínia de Faria Moura, na sequência da “Nota Oficiosa do Movimento Nacional Democrático sobre o problema de Goa, Damão e Diu” publicada em 11/08/1954 e enviada a vários jornais do Porto. Enquanto médico, deu apoio a presos políticos e, nas eleições de 12/11/1961 para a Assembleia Nacional, integrou a lista C da Oposição candidata pelo Círculo Eleitoral de Braga, composta, também, por António Pinheiro Braga, Elísio Guilherme de Azevedo, Francisco Alberto Pinto Rodrigues, Joaquim Victor Baptista Gomes de Sá e Mem Tinoco Verdial: inicialmente, a lista não foi aceite pelo Governador Civil, acabou por ser aprovada pelo Supremo Tribunal Administrativo. Preso em 28/04/1962, no Porto, "para averiguações por crimes contra a segurança do Estado, tendo recolhido às suas prisões privativas", seguiu, em 03/05/1962, para a Cadeia Central do Norte e, em 29/06/1962, regressou às cadeias privativas da PIDE naquela cidade. Julgado pelo Tribunal Plenário Criminal da Comarca do Porto em 05/12/1962 e condenado a 18 meses de prisão, acabou por ser libertado nesta mesma data por a restante pena que faltava cumprir ter sido convertida em multa (Processo 298/62). Faleceu em 05/03/1997, com 92 anos de idade.] 

00746. José Manuel de Oliveira [1931, 1931, 1932, 1932, 1935, 1935, 1937, 1939]

[José Manuel de Oliveira || F. Porto - 03/02/1935 || ANTT || RGP/1811 || PT-TT-PIDE-E-010-10-1811]

[Porto - Sé, 26/06/1900 ou 1901, empregado bancário / contabilista - Porto. Filiação: Adelaide Rosa de Oliveira e José Manuel. Solteiro. Preso, pela Delegação do Porto, em 27/08/1931, "para averiguações de carácter avançado"; libertado em 28/08/1931. Era, então, referenciado como empregado bancário. Preso, pela Delegação do Porto, em 19/09/1931, "por ter afirmado numa taberna da Rua da Fábrica, conhecer o autor do lançamento da bomba que explodiu junto ao Quartel de Infantaria 18, afirmando também saber que estava preparado um outro atentado do mesmo género"; libertado em 26/09/1931. Preso pela Delegação do Porto em 13/03/1932, "por, a pedido de Emídio Guerreiro, ter feito entrega de um embrulho contendo panfletos de carácter subversivo". Trata-se do panfleto da autoria daquele e distribuído aquando da visita, em 12/03/1932, do Presidente Óscar Carmona ao Porto, onde se convidava o povo da cidade a recebê-lo "com merda às mãos cheias" (Luís Farinha, Emídio Guerreiro: sob o despotismo da liberdade, p. 39). Enviado para Lisboa em 24/03/1932, "a fim de ser acareado com Emídio Guerreiro", regressou ao Porto em 26/03/1932 e foi libertado na mesma data (v. Processo 309 - Processo 69/Porto). Preso pela Delegação do Porto em 06/09/1932, "por fazer parte do S.V.I." e estar filiado no Partido Comunista desde há três anos, tendo aderido por intermédio de José Moutinho. Membro do Comité Local do Socorro Vermelho Internacional, foi seu Secretário Administrativo e desenvolveu tarefas organizativas. Manteve contactos com Joaquim Augusto Mendes Braga, para casa de quem levou o espanhol Antonio Cândido Moreira, e Rodrigo Gonçalves Lopes. Autor de "uma exposição dirigida a Sua Exa. o Presidente do Ministério, na qual afirmava existirem na Polícia instrumentos de tortura, entre eles capacetes e algemas eléctricas", negando estes procedimentos sob interrogatório (Processo 116/Porto). Libertado em 10/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia de 05/12/1932. Referenciado como contabilista, preso pela Delegação do Porto em 02/02/1935, "para averiguações"; libertado em 25/02/1935. Preso em 24/09/1935, "por andar fugido à acção da Polícia e estar envolvido num processo enviado ao TME" - fazia parte do SVI (Processo 83/Porto e 1569). Transferido, em 22/12/1935, do Porto para a Fortaleza Militar de Peniche; regressou ao Aljube do Porto em 28/05/1936, para aguardar julgamento. Absolvido pelo TME em 09/06/1936 e libertado em 11/06/1936 (Processo 1726/35). Preso pela PSP do Porto em 03/04/1937, "para averiguações de carácter político", por lamentar, publicamente, a prisão de Francisco Soares, e entregue à PVDE em 05/04/1937 (Processos 76/937 - Porto, 456/37). Terão sido apreendidos em sua casa propaganda relacionada com o Partido Comunista (livros, folhetos, jornais, dísticos impressos a vermelho com frases), só tendo sido libertado em 22/07/1939 (Processo 1156/37). Preso pela Delegação do Porto, "para averiguações", em 12/09/1939; libertado em 23/09/1939 (Processo 1136/39).]
[alterado em 06/04/2023]

[João Esteves]

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