* MARIA DA CONCEIÇÃO RODRIGUES PATO *
[27/10/1900 - 13/03/1984]
[Maria Pato || Fotografia in Elas estiveram nas prisões do fascismo || URAP || 2021]
Vinte e cinco anos a caminho das prisões fascistas
Maria da Conceição Rodrigues Pato nasceu em S. João dos Montes, Vila Franca de Xira, em 27 de Outubro de 1900, casou com João Floriano Baptista Pato [26/06/1895 - 14/12/1983] e era mãe de Carlos Alberto [21/12/1920 - 26/06/1950], Abel [n. 09702/1922], João e Octávio Floriano Rodrigues Pato [01/04/1925 - 19/02/1999], “sogra” de Albina Fernandes [05/01/1929 - 02/10/1970] e avó de Álvaro Pato (n. 1950), todos militantes comunistas que passaram anos e anos presos, sofrendo bárbaras torturas.
Foi a mulher que mais tempo caminhou para as prisões fascistas para ver aqueles familiares, presos, em simultâneo ou de forma continuada, a partir da década de 40: segundo palavras do neto Álvaro, "percorreu milhares de quilómetros a andar de cadeia para cadeia".
Em 1974, em conversa com a jornalista Gina de Freitas, publicada em 25 de Setembro de 1974 no Diário de Lisboa, contou o que foram “30 anos de sofrimento”, entre Maio de 1949 e Abril desse ano, a partir do momento em que a PIDE prendeu o filho Carlos, morto em Caxias depois de barbaramente torturado com 130 horas de estátua e sem lhe prestarem assistência médica, apesar das insistências dos outros presos, tendo guardado “uns sapatos dele, todos rebentados devido a ter ficado muito inchado por causa das torturas” [A força ignorada das companheiras, p. 30].
Depois detiveram Abel, empregado bancário, no Aljube, entre 16/11/1953 e 12/02/1954, para ver se denunciava o irmão Octávio, na clandestinidade desde 1945; de seguida, em 1961, calhou a vez a este e a Albina Fernandes, sua companheira, serem detidos com os dois filhos pequenos em Caxias; e, por último, em 1973, foi o neto Álvaro, preso em 25 de Maio, sendo libertado de Caxias em 27 de Abril de 1974.
[Elas estiveram nas prisões do fascismo || URAP || 2021]
[Na capa, fotografia prisional de Albina Fernandes que recusou ser separada do filho Rui, então com apenas dois anos]
Como confessou a Gina de Freitas, "a minha vida foi um pesadelo", sendo "uma das grandes vítimas do monstruoso regime que durante 48 anos amordaçou e apavorou tanta e tanta gente do nosso país" [Gina de Freitas].
Faleceu em 13 de Março de 1984.
[João Esteves]
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