[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

[2610.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [XC] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || XC *

00701. Manuel Amoedo dos Santos [1932, 1936]

[Manuel Amoedo dos Santos ||  F. 09/06/1932 || ANTT || PT-TT-PVDE-Polícias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Lisboa, 11/10/1904, Serviços da D. G. C. F. - Lisboa. Filiação: Inês dos Santos e José Amoedo Couto. Preso em 27/05/1932 e levado para o Aljube, por integrar um grupo "que se propunha lançar bombas explosivas no Rossio, no dia 1.º de Maio", composto por Américo Pereira Barbosa e Mário César da Costa Neto, entre outros (v. Processo 393); libertado em 10/06/1932. 

[Manuel Amoedo dos Santos || ANTT || RGP/3024 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3024]

Preso em 27/04/1936, quando era empregado dos Caminhos-de-Ferro Portugueses, sob a acusação de ser comunista: levado para uma Esquadra, seguiu para Peniche em 28/07/1936. Transferido, em 23/06/1937, para a 1.ª Esquadra e, no dia seguinte, para o Aljube. Julgado pelo TME em 23/06/1937 e condenado a 24 meses de prisão. Permaneceu na enfermaria do Aljube entre 29/06/1937 e 19/05/1938, quando foi libertado (Processo 696/36).]

00702. Manuel António Rita [1928]

[Manuel António Rita ||  F. 30/12/1928 || ANTT || PT-TT-PVDE-Polícias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Loulé, 1890, industrial - Olhão. Filiação: Joaquina da Conceição e Manuel António Rita. Republicano, em 1925 foi um dos dissidentes do Partido Democrático em Olhão, juntando-se "à recém-criada Esquerda Democrática, liderada por Manuel Pedro Guerreiro, no Algarve" (Idalécio SoaresVítimas da Ditadura no Algarve. Três casos, três histórias subtraídas ao esquecimento, Sul, Sol, Sal, 2017, p. 49). Preso em 26/12/1928, "por estar implicado no caso das bombas de Moncarapacho" (explosão de 17/02/1928); libertado em 17/05/1929. Em 08/05/1947, a PIDE solicitou ao Arquivo o seu Cadastro Político. Segundo a investigação de Idalécio Soares, no livro citado, Manuel António Rita tinha uma oficina de fundição em Olhão, nas imediações da Rua Almirante Reis, onde terão sido encontrados materiais para o fabrico de bombas idênticos aos utilizados na explosão de Moncarapacho, em 17 de Fevereiro de 1928, vitimando Américo Vilar e António Calhabotas, dois anarcossindicalistas idos do Barreiro que se encontravam a prepará-las num pardieiro. Manuel António Rita manteve-se sempre em contacto com aqueles dois, quer no dia 9 de Fevereiro de 1928, quando as duas vítimas se deslocaram, pela primeira vez a Olhão, quer no dia 16, quando regressaram, e no dia 17, quando lhes levou a Moncarapacho, acompanhado de Manuel Henriques Cruz e de Custódio Pereira Neto, "buchas de ferro, pinhas para as bombas e comida" (p. 29). Para escapar à prisão, devido ao impacto local e nacional que a explosão acidental das bombas em Moncarapacho provocara, envolvendo a morte dos dois executantes, Manuel António Rita refugiou-se temporariamente em Espanha: atravessou a fronteira em Mourão, regressou pouco tempo depois, ficando a trabalhar nos arredores de Beja, e seria preso quando se preparava para passar o Natal com a família em Olhão (Processo 4187/PSE). "Ironia das ironias", como refere Idalécio Soares, "o filho, como ele também de nome Manuel Rita, e que, quando mais jovem, integrou o MUD Juvenil em Olhão, casaria, em 1957, em Lisboa, no Palácio de S. Bento, residência oficial do Presidente do Conselho (já depois da morte do pai), com Maria da Conceição Melo (Rita), a rapariga desde os seis anos apadrinhada por Salazar e sob o amparo do qual vivera até ao enlace matrimonial." (p. 49)]

00703. Manuel Robalo Elvas [1927

[Manuel Robalo Neves ||  F. 19/11/1927 || ANTT || PT-TT-PVDE-Polícias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Penamacor, 1884, funcionário público - Lisboa. Filiação: Maria Lopes Gonçalves e Manuel Robalo Elvas. Casado. Terá participado em diversos episódios durante a 1.ª República, nomeadamente na Revolução de 14 de Maio de 1915, durante a qual terá morto um polícia e sido condenado a 25 anos, sendo libertado da Penitenciária pelos companheiros: era, então, Guarda Fiscal. Segundo o Cadastro Político da Polícia Internacional Portuguesa, esteve, também, envolvido nos acontecimentos de 19 de Outubro de 1921 (Noite Sangrenta), durante os quais foram assassinados António Granjo, então presidente demissionário do Ministério, Machado Santos, José Carlos da Maia, o comandante Freitas da Silva e o coronel Botelho de Vasconcelos. Preso em 15/11/1927, "por ter tomado parte no movimento revolucionário de 7 de Fevereiro, sendo um elemento perigoso não só por professar ideias avançadas mas pelos maus instintos que revelou no 14 de Maio", e deportado para Timor em 22/11/1927 (Processo 3370). Apresentou-se, em 20/10/1930, no Quartel-General do Governo Militar da Madeira e, talvez por ter participado na Revolta de 1931, seguiu para Cabo Verde, onde permaneceu até falecer em Novembro de 1942 (PT/TT/MI-DGAPC/E/3/225/59), por não ter sido abrangido pela amnistia de 05/12/1932. Em Fevereiro de 1937, foram apresentados à SPS da PVDE dois atestados do Administrador do concelho da Ilha de S. Nicolau, abonando a favor do regresso de Manuel Robalo Elvas ao Continente, mas tal não foi autorizado em 06/04/1937, "por ser um elemento perigoso". A situação deste preso e deportado político até falecer terá, sobretudo, a ver com a sua participação na Revolução de 14/05/1915, já que na altura não manifestava, "por qualquer forma, ideias avançadas".] 

[João Esteves]

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