[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

[0110.] OBRA MATERNAL [II] || LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS [XVII]

* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS *

OBRA MATERNAL

O periódico de Setúbal O Radical, de 17 de Novembro de 1910, dirigido por Paulino de Oliveira, historia a constituição e objectivos da Obra Maternal:

«A obra da ‘Liga Republicana das Mulheres Portuguesas’

A “Obra Maternal” foi fundada pela iniciativa de Maria Veleda, a alma mais piedosamente revolucionária que conhecemos.

Maria Veleda propôs à Liga este trabalho de saneamento social, que consiste em acabar com a mendicidade infantil, em retirar das ruas e recolher essas pedintes, crianças abandonadas, que são vítimas da mais ignóbil exploração.

A Liga, aplaudindo calorosamente a lembrança, manifestou o seu desejo de que ela se pusesse em prática, elegendo logo uma comissão para tal fim, de que naturalmente seria – e é – presidente Maria Veleda.

Apesar dos poucos recursos de que podia dispor, a comissão começou a funcionar, recolhendo quatro criancitas que andavam a esmolar pelas ruas de Lisboa.

Com o regímen morto nada mais se podia fazer, porque toda a boa vontade das almas caridosas ia para os asilos onde se abrigavam as irmãos e irmãzinhas e o auxílio oficial para esses e só para esses ia, porque só assim se poderia alcançar as boas graças da... rainha mãe, a Senhora das Dores no dizer altissonante do poeta Correia de Oliveira, que tinha na corte o invejável emprego de tísico estipendiado pela Assistência Nacional.

Hoje a «Obra Maternal», auxiliada justamente pelo Governo, tem obrigação de se desenvolver e prestar o auxílio que a sua fundadora idealizou.

Não é uma obra de caridade vulgar, é uma obra de solidariedade, que pode e deve prestar à República o melhor dos serviços.

A propósito de Assistência pública temos muito que conversar, referindo-nos principalmente a Setúbal, onde tudo tem corrido destrambelhadamente.

Raio de sorte – a desta pobre terra.

Estamos certos que o sr. ministro do Interior olhará sem demora para este momentoso assunto.».

[O Radical || 17/11/1910]

[João Esteves]

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