* DEOLINDA LOPES VIEIRA PINTO QUARTIN *
[08/07/1888 - 08/06/1993]
[Deolinda Lopes Vieira || 1928 || Pormenor de uma fotografia do II Congresso Feminista]
Deolinda Lopes Vieira manteve, durante a sua longa existência, a mesma coerência e coragem enquanto educadora e cidadã, tendo sido uma das mulheres a integrar o movimento libertário.
Natural de Beja, frequentou a Escola Normal de Lisboa, onde foi aluna de Luís Passos, especializou-se no ensino infantil e exerceu a profissão na Escola Oficina n.º 1.
Após a implantação da República, interveio no Segundo Congresso Nacional do Livre Pensamento, onde secretariou uma das sessões nocturnas (17/10/1910).
Dinamizadora do ensino da puericultura na escola, Deolinda Lopes Vieira evidenciou-se no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas a partir do início da década de 20, intervindo no âmbito da sua actividade profissional: em Abril de 1923, foi a autora do manifesto às associadas, apelando à sua intervenção em defesa da mulher grávida e da criança; presidiu à Secção de Educação entre 1922 e 1926; e, entre 1927 e 1929, foi eleita Presidente da Secção de Educação Infantil, sendo a responsável pelos seus relatórios.
Nos primeiros anos da década seguinte continuou ligada à Comissão responsável pela Educação (1931, 1933-1934), secretariou reuniões e exerceu o cargo de Vogal da Direcção (1932). Entretanto, foi iniciada na Maçonaria em 1923, tendo integrado a Loja Humanidade do Direito Humano, com o nome simbólico de Igualdade.
Deolinda Lopes Vieira foi, ainda, uma das oradoras da sessão solene comemorativa do aniversário do CNMP (1923); desempenhou as funções de Vogal da comissão organizadora do Primeiro Congresso Feminista e de Educação (1924), sendo a autora da tese Educação de anormais; foi vogal da Comissão Organizadora do Primeiro Congresso Abolicionista Português (1926); apresentou, no 2.º Congresso, a tese Escola única (1928); participou na recepção promovida pelo Conselho a Adelaide Cabete quando do seu regresso de África; e, em Outubro de 1931, representou-o no Congresso Internacional de Protecção à Criança.
Depois de um interregno, Deolinda Lopes Vieira Pinto Quartin voltou a aderir ao CNMP, integrando o numeroso grupo de Lisboa que, em 1945, se filiou na agremiação.
Para além das intervenções em reuniões dedicadas aos problemas educativos e associativos, foi essencialmente através da imprensa que expôs o seu pensamento.
Colaborou em Amanhã, revista popular de orientação racional, publicada em Lisboa, em 1909; Boletim Oficial do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e Alma Feminina; Educação, revista quinzenal de pedagogia, publicada em 1913; Educação Social, revista de pedagogia e sociologia, editada entre 1924 e 1927, dirigida por Adolfo Lima; Escola Nova, porta-voz da Associação de Professores de Portugal; Revista de Educação Geral e Técnica; Boletim da Sociedade de Estudos Pedagógicos; A Voz do Professor, Órgão da Associação do Professorado Primário Terceirense, publicado em 1909-1910, em Angra do Heroísmo; e no Suplemento Literário e Ilustrado - A Batalha.
Casada com António Tomás Pinto Quartin, faleceu em Lisboa, em 1993, com 104 anos de idade.
[João Esteves]
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