[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 5 de dezembro de 2010

[0198.] MARIA VELEDA || 05/12/1910

* MARIA VELEDA *

 ENFERMAGEM LAICA || 05/12/1910

[O Mundo || 05/12/1910]

O Mundo publica uma carta de Maria Veleda sobre “Enfermagem Laica”, onde também se refere à Liga republicana das Mulheres Portuguesas e à Obra Maternal:

"Enfermagem laica

A sr.ª D. Maria Veleda, distinta professora, envia-nos a seguinte carta, que gostosamente publicamos:

Sr. redactor. – Há muito tempo que a minha colega e queridíssima amiga Ana de Castro Osório vem fazendo persistentemente a propaganda da enfermagem laica, com uma verdadeira dedicação de apóstolo. Em artigos, em conferências, entendendo-se directamente com distintos médicos, tem a nossa ilustre correligionária apontado a urgente necessidade de habilitar convenientemente a mulher portuguesa para o serviço de enfermagem nos hospitais. Voz clamantis in deserto... Das iniciativas femininas pouco caso se faz em Portugal. Muita gente, com uma ignorância que estarrece ou uma fé que desconsola, só tem palavras de desdém para a mulher portuguesa, a quem apenas reconhece defeitos, negando-lhe em absoluto todas as virtudes. As iniciativas femininas caem em Portugal, porque não só as não secundam como sistematicamente desprezam. Assim sucedeu, por exemplo, sr. redactor, com a Obra Maternal, instituição de assistência infantil e que se inspira num belo ideal de redenção humana, a qual tem lutado com enormes dificuldades para manter-se, mercê da indiferença como foi recebida. Fosse a Obra Maternal de iniciativa masculina e tal não sucedera. Sr. redactor: posso dizer-lhe que a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas conta, entre os fins que se propõe realizar, a criação de uma escola de enfermeiras. Ainda numa das suas assembleias gerais se ventilou a questão. Nada se tem conseguido até agora, porque – repito-o – o meio é hostil a iniciativas femininas: mas, se outros, mais felizes do que nós, conseguirem realizar primeiro um dos nossos ideais, posso afiançar-lhe que a Liga os acompanhará dedicadamente, sem pruridos de vaidade nem esperanças de louvor - e só porque julgará assim cumprir o seu dever. De v., correligionária, etc. – Maria Veleda.".

[O Mundo || 05/12/1910]

[João Esteves]

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