Militante do Partido Comunista Português no início da década de 1930, Zeferino Seabra Esteves esteve preso cerca de onze anos, nove dos quais na Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo.
Serrador-mecânico, filho de Maria Joaquina Seabra e de Décio Esteves, nasceu em 13 de Outubro de 1902, em Abrantes, zona onde exerceu importante actividade política e partidária contra a Ditadura Militar saída do 28 de Maio de 1926.
Terá sido o principal dinamizador do Comité Local do Partido Comunista no Tramagal, desenvolvendo militância em Paúl, Rossio de Abrantes e Alferrarede (reuniões, conferências, distribuição de panfletos e outros impressos). A ligação à organização de Lisboa era feita através do ferroviário Francisco António Mancio, por quem enviava as cotizações e as receitas da venda da imprensa clandestina.
Usava o pseudónimo "Justo Rebelo" e, por defender a aquisição de armas em caso de uma revolução, foi considerado "um elemento perigosíssimo e de extraordinária actividade, tanto no campo revolucionário propriamente dito, como no campo organizador" [ANTT, Cadastro 6726].
Preso aos 32 anos, em 12 de Março de 1933, acusado de fazer propaganda comunista e tendo na sua posse uma pistola "Savage", foi julgado no Tribunal Militar Especial em 7 de Março do ano seguinte e condenado a dez anos de degredo.
Interpôs recurso, mas o TME confirmou a sentença e Zeferino Seabra Esteves embarcou para Angra do Heroísmo em 23 de Setembro de 1934, prisão de onde só regressou em Junho de 1943.
[ANTT || RGP 175]
O resto da sentença cumpriu-a em Peniche, de onde saiu em liberdade condicional em 18 de Dezembro de 1943, após 10 anos e 9 meses de cativeiro.
O seu nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.
[João Esteves]
Sem comentários:
Enviar um comentário