[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 20 de maio de 2023

[3301.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXX

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXX *

01411. Américo Martins Leão [1933]

[Preso pela Seção de Defesa Política e Social da PVDE em 22/09/1933. Libertado em 27/09/1933.]

01412. Mário Vieira Leite Teixeira [1933]

[Monção, c. 1902, empregado de comércio. Filiação: Felisbela Pereira Leite Vieira, António Clemente Teixeira. Casado. Residência: Rua do Amparo 30/36 ou Rua Pascoal de Melo, 44. Preso pela Seção Política e Social da PVDE em 22/09/1933, acusado de ter ligações revolucionárias com vários indivíduos, entre os quais o ex-capitão Júlio César de Almeida. Libertado em 27/09/1933.]

01413. Francisco Mendes [1933]

[Preso pela Seção de Defesa Política e Social da PVDE em 22/09/1933. Libertado em 27/09/1933.]

01414. Augusto Luís de Miranda [1931, 1933]

[Arcos de Valdevez, c. 1901, operário da CML. Filiação: Maria Teresa Rodrigues, António Luís de Miranda. Solteiro. Residência: Quinta do Lagar Novo J. G., ao Rego. Preso na Av. Luís Bívar por soldados da GNR em 26/08/1931, sob a acusação de ter participado no movimento revolucionário desse dia. Levado para o Quartel do Carmo, passou para a Cadeia Nacional e foi deportado, em 02/09/1931, para TimorAbrangido pela amnistia de 05/12/1932, desembarcou em 09/06/1933,  apresentou-se em 12/06/1933 e declarou ir residir no Bairro de Santos, numa barraca. Preso pelo Comando da PSP de Lisboa em 23/09/1933 e entregue na Seção Política e Social da PVDE em 24/09/1933, "por proferir vivas subversivos". Levado para a 1.ª esquadra, transferido para o Hospital de S. José e libertado em 21/11/1933.]

01415. António Marques Monteiro [1932, 1933]

[António Marques Monteiro || ANTT || RGP/178 || PT-TT-PIDE-E-010-1-178]

[Lisboa, c. 1900, encadernador. Filiação: Ermelinda de Jesus Marques, Manuel Monteiro Marques. Casado. Residência: Rua 15 de Maio, 43 - Caldas da Rainha. Manteve, entre 1926 e 1934, quando foi preso pela última vez, relevante militância no Partido Comunista, nomeadamente em Beja e Caldas da Rainha, com destaque na Organização Regional do Oeste. Terá aderido ao Partido Comunista em 1926, embora, segundo o seu CP, "mais tarde fosse suspenso temporariamente". Em 1929, foi trabalhar para Beja e aí retomou a atividade política. Integrou o Comité Local do Partido Comunista e, em 1929-1930, colaborou com Bento Gonçalves na conferência plenária da organização local que teve lugar na Casa dos Trabalhadores. Também desempenhou papel de relevo na organização de uma Conferência Camponesa, que teve a adesão de muitos dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais do Baixo Alentejo, filiados na União Nacional dos Trabalhadores Rurais, e contou com a participação de Daniel Neto Batalha enquanto Delegado da Comissão Inter-Sindical (CIS). Ainda em Beja, participou nos trabalhos de uma conferência plenária do Partido, "com o fim de ser desdobrado o aparelho local". Acabou por ser preso naquela cidade em 16 de Abril de 1932, acusado de estar envolvido numa greve e comício de operários contra a carestia de vida e o desconto de 2% sobre os seus salários, decretado pelo Governo, tendo sido entregue, em 27 de Abril, pelo Comando local da PSP à Polícia de Defesa Política e Social. Por parecer do Diretor-Geral de Segurança e anuência do Ministro do Interior, saiu em liberdade em 20 de Junho do mesmo ano. No mês seguinte, participou em Lisboa, com Manuel Francisco Roque Júnior e Rodrigo Ollero das Neves, na reunião de Delegados de 17 Sindicatos aderentes ou simpatizantes da Comissão Inter-Sindical (CIS), de orientação comunista, que teve lugar no Sindicato do Pessoal dos Tabacos, na Rua do Mirante, com a finalidade de estabelecer as Bases de negociação com a Câmara Sindical do Trabalho, afeta à CGT, visando a criação de uma Frente Única de Luta. Devido a investigações posteriores à sua libertação, concluiu-se que António Marques Monteiro seria o principal elemento do Partido Comunista na região de Beja, tendo o seu processo sido enviado, em Fevereiro de 1933, ao Tribunal Militar Especial a fim de ser submetido a julgamento. Em Lisboa, terá recusado integrar o Secretariado Político do Partido Comunista, para o qual tinha sido abordado por Manuel Francisco Roque Júnior, e foi viver para as Caldas da Rainha. Nas Caldas, retomou a militância comunista por via de Firmiano Cansado Gonçalves, então procurado pela Polícia. Coube-lhe assegurar ligações com as Célula da Marinha Grande e de Torres Vedras através, respetivamente, do vidreiro António Guerra e do relojoeiro Santana, para  além daquelas estabelecidas na terra onde vivia, nomeadamente com o encadernador Abílio de Sousa MarquesCriado o Comité Regional do Oeste, Firminiano Cansado Gonçalves voltou para Lisboa e António Marques Monteiro tornou-se seu Secretário, Abílio de Sousa Marques ficou responsável pelas Juventudes Comunistas e Rafael Fernandes tratava da Imprensa. Preso em 25/08/1933, nas Caldas da Rainha, onde residia na Rua 15 de Maio - 43. Por documentos apreendidos a Alfredo Caldeira e a Bento Gonçalves, ambos procurados pela Polícia, sobressaiu a importância de António Marques Monteiro enquanto organizador da Célula Nº 1 das Caldas da Rainha e o papel que teve na ligação do Comité Regional do Oeste às Células do Bombarral, de Torres Vedras e da Marinha Grande, "ficando assim montado o Aparelho do Centro do País, o qual tinha ligação para Lisboa com a Comissão Central de Organização do Partido, por intermédio de Rafael Fernandes". Através dos contactos partidários, solicitou o envio de selos e verbetes do Partido Comunista, das Juventudes Comunistas e do Socorro Vermelho Internacional, para além de um copiógrafo a fim de ser utilizado pelo Comité Regional do Oeste. Transferido em 06/10/1933 para o Aljube. No âmbito do Processo 568, foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 16 de Dezembro de 1933 e abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932. Quanto às atividades desenvolvidas no Oeste, o julgamento no TME ocorreu em 30 de Maio de 1934, tendo sido condenado à multa de catorze mil e quatrocentos  escudos, a qual não sendo paga no prazo legal era convertido em prisão correccional, e perda de direitos políticos por cinco anos. Entrou na Fortaleza Militar de Peniche em 19 de Junho de 1934, tendo, em 9 de Janeiro de 1936, o Comandante Militar Especial de Peniche proposto que "seja transferido daquela Fortaleza e, até, se possível for, para fora do Continente (Ofício confidencial Nº 10, do Comando Militar Especial de Peniche)". Libertado em 19 de Junho de 1936, por ter terminado a pena imposta pelo TME.]

[alterado em 22/03/2024]

[João Esteves]

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