[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 19 de maio de 2023

[3300.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXIX

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXIX *

01405. Carlos da Silva Barbosa [1933]

[Lisboa, c. 1905, impressor. Filiação: Emília da Silva Barbosa, Matias Laia Barbosa. Casado. Residência: Rua do Sol, a Chelas (Vila Figueiredo, 7). Preso pela PSP de Lisboa em 20/09/1933, juntamente com Joaquim Vieira Justino, quando estava a imprimir manifestos clandestinos na "Futurista Gráfica" a mando daquele. Libertado em 05/10/1933.]

01406. Joaquim Vieira Justino [1933]

[Lisboa, c. 1905. Tipógrafo. Filiação: Maria do Rosário, Mariano Justino. Preso pela PSP de Lisboa em 20/09/1933, juntamente com Carlos da Silva Barbosa, por estar a imprimir manifestos clandestinos na "Futurista Gráfica". Transferido da 21.ª esquadra para os calabouços do Governo Civil em 16/10/1933. Deportado, em 19/11/1933, para Angra do Heroísmo. Julgado em 18/08/1934, foi condenado em 360 dias de prisão correcional e perda de direitos políticos por cinco anos. Regressou em 09/11/1934 e foi libertado em 10/11/1934.]
[alterado em 26/03/2024]

01407. Egídio de Oliveira Saraiva [1933]
[Marinha Grande, c. 1907, vidreiro. Filiação: Maximina de Jesus, Joaquim de Oliveira. Casado. Residência: Lugar dos Matos - Marinha Grande. Preso em 21/09/1933, por ligações comunistas a António Guerra, Armando Magalhães e Carlos Pereira Marques, estando encarregado de organizar uma célula no sindicato dos Operários Vidreiros da Marinha Grande. Transferido da 13.ª esquadra para os calabouços do Governo Civil em 16/10/1933. Deportado, em 19/11/1933, para Angra do Heroísmo. Julgado pelo TME/Secção dos Açores em 20/08/1934, foi absolvido.]
[alterado em 26/03/2024]

01408. José Duarte de Jesus Pedroso [1933]

[Marinha Grande, c. 1897, vidreiro. Filiação: Joaquina de Jesus Duarte, António de Jesus Pedroso. Casado. Residência: Estrada do Engenho - Marinha Grande. Preso em 21/09/1933, juntamente com Egídio de Oliveira Saraiva, acusado de pertencer ao Partido Comunista. Libertado em 05/10/1933.]   

01409. Margarida Fernandes Tavares Ervedoso [1933]

[Margarida Tavares Fernandes Ervedoso || in Edmundo Pedro || Memórias. Um combate pela liberdade || Âncora Editora || 2007]
[Alcochete, 1903, doméstica. Filiação: Maria do Carmo, Cristiano Fernandes. Casada. Residência: Samouco. Iniciou muito nova a sua vida afetiva e política: aos 14 anos ligou-se a Gabriel Pedro [22/04/1898 - 1972], com quem casou aos 15, já mãe de Edmundo Pedro [08/11/1918 - 27/01/2018], nascendo, dois anos depois, João (1920-1935) e, por fim, Germano Tavares Pedro. Ao contrário do habitualmente reproduzido, não terá acompanhado o marido quando este esteve deportado na Guiné. Em 1931, radicou-se com o marido e o filho João em Sevilha. Aderiram ao Partido Comunista Espanhol e participaram activamente os três no IV Congresso realizado naquela cidade: então com 28 anos, também usou da palavra em nome da organização comunista das mulheres portuguesas”, por sinal inexistente [Edmundo Pedro, pp. 27 e 68]. Na sequência deste episódio, marido e mulher foram convidados pela direção do PCP a ingressar nele “e regressarem clandestinamente a Portugal para se dedicarem, a tempo inteiro, à atividade partidária” [EP, p. 69], tornando-se funcionários políticos em 1932. Segundo as Memórias de Edmundo Pedro, a mãe aderiu totalmente às novas ideias e atividades e a família instalou-se em Lisboa, “com nomes fictícios, numa casa alugada pelo Partido, na Rua S. Sebastião da Pedreira” [EP, p. 69], transformada em sede central do Partido Comunista. Aí se reuniam os principais dirigentes, nomeadamente Alfredo Caldeira, Bento Gonçalves, Francisco de Paula Oliveira (Pavel) e José de Sousa, e editava-se a imprensa clandestina, como o Avante! e O MilitantePavel refugiou-se nessa casa aquando da fuga do sanatório da Ajuda, em 1933. No Verão desse ano, enquanto funcionária do partido,  deslocou-se a Sevilha e foi detida no regresso, na fronteira, tendo na sua posse uma carta dirigida a Egídio de Oliveira Saraiva, escrita por Armando Magalhães, e um bilhete para Gabriel PedroEm 21 de Setembro de 1933, deu entrada na Secção Política e Social da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado. Submetida a interrogatórios, negou tudo, foi enviada para a Cadeia das Mónicas e o processo seguiu, em 12 de Outubro de 1933, para julgamento no Tribunal Militar Especial. Transferida, em 19/10/1933, da 22.ª esquadra para a Cadeia das Mónicas. Em Janeiro de 1934, a mãe e Edmundo Pedro, ambos detidos, encontraram-se na prisão do Governo Civil, a que se juntaria pouco tempo depois o pai. Pedro Batista da Rocha, ativista da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas na década de 30 conta, no livro Escrito com paixão, como se cruzou com Margarida na sede da Polícia de Informações, estando ambos então presos [Pedro Rocha, p. 83], evocando “que em Espanha havia conhecido La Pasionaria no início da sua carreira revolucionária” e “era militante da secção feminina do Partido Comunista Português” [p. 84]. Margarida Tavares não chegou a ser julgada, ao contrário do marido e filho, voltou a ser transferida para a Cadeia das Mónicas e libertada alguns meses após a sua detenção, em Maio de 1934. Passou a visitar o filho e marido no Aljube, onde, durante as conversas através do parlatório, acordou-se no divórcio perante a perspetiva da condenação daquele por muito tempo e na sequência da deportação para Angra do Heroísmo, para onde seguiu em 8 de Setembro de 1934. Retomou a atividade política no Partido Comunista, funcionando quase como secretária de Bento Gonçalves, que a encarregava “do desempenho de tarefas semilegais inerentes à sua atividade de secretário-geral do Partido” [EP, p. 235, nota 38], e refez a sua vida com Afonso Silva, guarda-livros, deportado nos Açores que regressara havia meses: conheceu-o “no âmbito da atividade partidária” e “essa ligação manteve-se enquanto ambos foram vivos” [EP, p. 257]. Em maio de 1935, morreu, com 14 anos, o filho do meio, em consequência de violenta agressão após uma ação política realizada na Escola Fonseca Benevides, e nesse mesmo ano, com a detenção de Bento Gonçalves, “separou-se definitivamente do PCP” [EP, p. 349]. No primeiro volume das Memórias de Edmundo Pedro é inserida uma fotografia de Margarida Tavares Fernandes Ervedoso com cerca de 60 anos [EP, p. 130].]
[alterado em 27/03/2024]

01410. Maurílio Custódio [1933]

[Covilhã, c. 1906, descarregador. Filiação: Carolina de Jesus, Francisco Custódio. Casado. Residência: Rua Maria Pia, 108 - Lisboa. Preso pela PSP de Lisboa em 07/09/1933, acusado de estar envolvido num movimento revolucionário em preparação contra a Situação Política. Libertado em 21/09/1931, "por não se ter provado a acusação.]

[João Esteves]

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