[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quinta-feira, 23 de março de 2023

[3242.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXXIV] || 1926 - 1933

PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXXIV * 

01194. Gabriel António Trindade Albino [1927, 1931, 1932]

[Setúbal, c. 1894, pintor no Arsenal da Marinha. Filiação: Esperança Trindade Albino e António João Albino. Casado. Residência: Travessa da Portuguesa, 14 - Lisboa. Participou na Revolta de Fevereiro de 1927 e deportado para Luanda, de onde regressou em 18/03/1928. Preso pela GNR do Barreiro em 26/08/1931, "acusado de ter acompanhado o Almirante Cerejo em uma camioneta que seguira de Cacilhas até àquela Vila, com o fim de tomar parte no movimento revolucionário que nesse dia eclodiu, trajando no ato da sua captura uma farda de marinheiro". Levado para a Majoria Geral da Armada, passou para o Governo Civil e, depois, para a Cadeia NacionalDeportado, em 02/09/1931, para Timor, seguindo no vapor "Pedro Gomes". Evadiu-se do barco em Porto Said, segundo informação de 14/09/1932. Preso em 05/11/1932, por se ter evadido do "Pedro Gomes", recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Libertado em 08/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia de 5 de dezembro.]

01195. Alfredo Barbosa da Silva [1932, 1937]

[Lisboa, 30/10/1908, serralheiro - Lisboa. Filiação: Júlia da Silva e Armando da Silva. Solteiro. Residência: Travessa de S. José, 14 - Lisboa. Preso pela Polícia de Investigação Criminal e entregue, em 07/11/1932, à SVPS. Recolheu ao Aljube. Preso em 17/12/1937, "para averiguações", recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Libertado em 23/12/1937.]

01196. Cristiano José da Costa [1932]

[Barreiro, c. 1904, eletricista. Filiação: Maria José da Costa e Cristiano José da Costa. Casado. Residência: Estrada do Loureiro, 9. Preso em 07/11/1932, "para averiguações", recolheu a uma esquadra. Libertado em 15/11/1932.]

01197. Manuel Batista dos Reis [1932, 1941, 1949]

[Manuel Batista dos Reis || F. 18/04/1941 || ANTT || RGP/13277]

[Lisboa, 18/02/1908, médico. Filiação: Elvira Augusta Douwens dos Reis e Cesário Batista dos Reis. Casado. Residência: Rua Campo de Ourique, 187 - Lisboa / Rua do Patrocínio, 132 - Lisboa / Rua do Quartel - Grândola. Preso em 08/11/1932, quando estudante do 5.º ano de medicina, acusado de, juntamente com o irmão, Mário Batista dos Reis, manter ligações com Miguel Wager Russell, refugiado em Espanha. Levado para uma esquadra, efetuou o exame final do curso na prisão e, libertado em 24/11/1932, trabalhou como médico num sanatório em Castelo Branco. Em 1936, com a mulher, Lídia Nolasco da Silva, e o irmão, embarcou no paquete Belle Île de forma a entrar em Espanha e ajudar a causa republicana. Levava "um aval do Partido Comunista Português", entrou no país em Outubro e tornou-se médico nas Brigadas Internacionais, integrando a 86.ª Brigada. Foi gravemente ferido em 1937 e, com a vitória dos nacionalistas franquistas, refugiou-se em França, depois de atravessar os Pirenéus. Preso num campo de internamento, solicitou, em 1941, o repatriamento e regressou a Portugal com um passaporte falso. Preso na fronteira de Beirã, Marvão, em 16/04/1941, seguiu para Lisboa no dia seguinte e recolheu à 1.ª esquadra. Passou, em 1 de Maio, para o Aljube e, em 17 de Junho de 1941, seguiu para o Campo de Concentração do Tarrafal sem ter sido julgado. Aqui, foi uma ajuda preciosa para os outros presos, denunciando a situação com que eram tratados e procurando atenuar o abandono médico a que estavam, propositadamente, votados. Passou duas vezes pela "frigideira". Abrangido pela amnistia de 18 de Outubro de 1945, regressou a Lisboa em 1 de Fevereiro de 1946 e fixou-se em Grândola, onde exerceu a profissão e faleceu. Integrou, em 196, o Movimento de Unidade Democrática e apoiou, em 1949, a campanha presidencial de Norton de Matos, voltando a ser detido em 11/02/1949, "para averiguações". Levado para Caxias, foi libertado em 19/03/1949.

[Manuel Batista dos Reis || F. 19/02/1949 || ANTT || RGP/13277]

Pertenceu à URAP e continuou a militar no Partido Comunista. Faleceu em 10 de Fevereiro de 1992.

[João Esteves]

quarta-feira, 22 de março de 2023

[3241.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXXIII] || 1926 - 1933

PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXXIII * 

01190. José Vicente da Silva Costa [1932]

[Beja, c. 1897, sapateiro - Beja. Filiação: Ana das Dores e Vicente da Silva Costa. Casado. Residência: Beja. Preso pela PSP de Beja em 13/06/1932, "por se encontrar na via pública com uma faca na mão, ameaçando as pessoas que passavam": "por se tratar de um elemento indesejável, com largo cadastro", foi enviado à Direção Geral de Segurança Pública. Entregue, em 19 de julho de 1932, à Polícia Política a fim ser transferido para a Penitenciária de Lisboa e ali aguardar o embarque para a Ilha Terceira, "onde lhe foi fixada a residência como indesejável". Segundo informação de 03/09/1932, o facultativo daquela cadeia considerou urgente a sua transferência para um manicómio, tendo, em 31/10/1932, dado entrada no Miguel Bombarda. Considerado "extremista" e "preso social", aí faleceu em 2 de Setembro de 1943, estando à ordem da Seção Política e Social da PVDE.]

 01191. Cândido Augusto Vergueiro [1927,

[Bragança, c. 1893, comerciante - Porto. Filiação: Maria da Assunção Vaz e Inácio Augusto Vergueiro. Solteiro. Residência: Rua do Sol, 7 - Porto. Quando bombeiro municipal, participou ativamente na revolução de 3 de Fevereiro de 1927, no Porto, tendo estado preso na Casa de Reclusão. Libertado, esteve envolvido no movimento de 20/07/1928, residindo, então, na Rua da Lapa - Porto: conseguiu fugir, tendo sido encontradas bombas por si fabricadas na sua residência. Abrangido pelo Decreto 16002, de 4 de outubro de 1928, que estipulava a possibilidade de colocação nas colónias e reintegração nos quadros ou serviços a que pertenciam magistrados e funcionários civis e militares que tomaram parte no movimento de Fevereiro de 1927, e bem assim aqueles a quem pelo Governo tenha sido fixada residência nas ilhas adjacentes ou nas colónias por motivos de natureza política, a partir de 28 de Maio de 1926 até 15 de Julho de 1928. Vigiado, em 22/02/1930 era dada a informação de que "é radical" e "elemento pernicioso como agitador". Em 12/08/1930, o informador reportava que ele e o irmão eram "bombistas perigosos e agitadores profissionais, estando presentemente a atuar em aliciamentos, transporte e fabrico de bombas", tendo integrado o grupo civil revolucionário chefiado por António Mendes Barbosa, deportado na Guiné, e o grupo civil chefiado pelo alferes reformado Joaquim Castro. Preso no Porto em 07/09/1932, "por estar envolvido em manejos revolucionários e fabrico de bombas" e manter ligações  revolucionárias com Camilo Cortesão e Policarpo Ferreira. Em 21/10/192, por parecer do Diretor Geral da Segurança Pública e despacho do Ministro do Interior, foi-lhe fixada residência obrigatória em Cabo Verde. Transferido, em 01/11/1932, para o Aljube de Lisboa, a fim de aguardar a deportação. Libertado em 08/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932.]

01192. Manuel Rodrigues [1932]

[Tomar, c. 1900, 2.º sargento de infantaria. Filiação: Maria da Silva e Zeferino Rodrigues. Solteiro. Residência: Travessa Rebelo da Silva, 5. Participou, em 1931, na Revolta da Guiné. Preso em 03/11/1932, "em virtude de ter tomado parte no movimento revolucionário da Guiné de 1931, tendo-se dali evadido para Espanha e entrado depois clandestinamente em Portugal". Entregue sob prisão, em 22/11/1932, no Depósito Militar Colonial, "por ser desertor".]

01193. José Maria Arriaga [1932]

[Libertado do Aljube em 03/11/1932.]

[João Esteves]

terça-feira, 21 de março de 2023

[3240.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXXII] || 1926 - 1933

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXXII *

01187. Francisco José [1932]

[Entregue, em 25/10/1932, pela PSP de Lisboa à SVPS, recolheu a uma esquadra.]

01188. Basílio Lopes Pereira [1930, 1932, 1933, 1938, 1949]

[Basílio Lopes Pereira || ANTT || RGP/10748]

[Nasceu na freguesia de Marmeleira, Mortágua, em 25 de dezembro de 1893, filho de Maria da Encarnação Araújo e de Joaquim Lopes Pereira. Ainda estudante de direito, alistou-se no Batalhão Académico que, em 1919, foi combater a Monarquia do Norte e, já advogado, esteve filiado no Partido Democrático. Vigiado desde o triunfo do golpe militar de 28 de maio de 1926, acusado de conspirar contra a situação, foi alvo de uma sindicância por, durante a revolução de 3 de fevereiro de 1927, se ter deslocado ao Porto, acompanhando de perto os acontecimentos, ainda que sem ter tido qualquer intervenção. Instalou-se em Oliveira de Azeméis, onde foi notário e administrador de concelho, sendo as suas visitas, companhias e reuniões, bem como as frequentes movimentações a Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Porto, Viseu e Lisboa, registadas por informadores. A vigilância intensificou-se em 1930 e, na sequência de uma deslocação, em 11 de abril, a Coimbra, onde reuniu, entre outros com Cal Brandão, a Polícia de Informações desta cidade solicitou, no dia 24, a sua captura pela do Porto, o que sucedeu no dia 26/04/1930. Seguiu, em 30 de abril, de Coimbra para Lisboa, acusado de ser “agente de ligação entre os elementos revolucionários de Coimbra e Viseu” e, em 8 de julho, foi deportado para Angra do Heroísmo, sendo-lhe fixada residência em Ponta Delgada. Participou no movimento revolucionário de abril de 1931 e, durante o processo de rendição da ilha de S. Miguel, integrou o grupo de revoltosos civis e militares, quase todos deportados, que se dirigiu para Madeira no vapor Pero de Alenquer. Fracassada a revolta, escapou à prisão e juntou-se, em Espanha, ao grupo dos Budas. Regressou clandestinamente a Portugal e envolveu-se na preparação do movimento revolucionário de agosto de 1931: quando este eclodiu em Lisboa no dia 26, procurou mobilizar, em Matosinhos, civis e militares a fim de estudar a possibilidade de o secundar no norte. Preso em 1 de novembro de 1932, em Lisboa, na casa de António Freire Sobral, por andar fugido à polícia “em virtude de se ter evadido das Ilhas, onde se encontrava deportado”, recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Libertado em 8 de dezembro, por ter sido abrangido pela amnistia de 5 de dezembro de 1932. Novamente preso em 11 de março de 1933, “sob a acusação de estar envolvido em manejos revolucionários”, acabou por ser libertado em 20 do mesmo mês, já que os acontecimentos que o incriminavam eram anteriores àquela amnistia e, por isso, abrangidos por esta. Em setembro de 1934, encontrava-se fugido à polícia, “por estar envolvido na organização revolucionária do Porto”, sendo julgado em 8 de maio de 1935, à revelia, pelo Tribunal Militar Especial reunido no Tribunal Militar Territorial do Porto. Acusado de fazer parte de uma organização revolucionária que atuava no norte do país, cujas reuniões, realizadas entre maio e setembro de 1934, decorreram em Pinheiro de Bemposta, Ermesinde e Trofa, foi condenado em sete anos de desterro e multa de catorze mil escudos. Tornou-se um dos mais representativos elementos do Grupo dos Budas no interior do país e um dos responsáveis pela Ação Anticlerical Anti-Fascista (os 3 AAA) que, durante a Guerra Civil de Espanha, procurou ajudar refugiados republicanos. Em 1937, deslocou-se a Paris e a Barcelona, a fim de se encontrar, na qualidade de delegado da direção do interior da FPP (Frente Popular Portuguesa), com o governo republicano espanhol e com os exilados portugueses. Em 1938, foi o responsável pela organização civil que devia revoltar-se para apoiar a operação “Lusitânia”. Preso em 26 de setembro de 1938, “por andar fugido à ação da Justiça”, seguiu para o Aljube. Julgado pelo TME em 27 de junho de 1939, viu a pena de desterro passar para cinco anos, a multa ficou reduzida a quinhentos escudos e perda de direitos políticos por dez anos. Transferido, em 29 de junho, para Peniche e julgado, por ter interposto recurso, em 19 de agosto, manteve-se a sentença que lhe fora aplicada. Regressou ao Aljube em 10 de outubro e devido a novo julgamento, datado de 18 de outubro, foi acrescentado mais um ano de desterro aos cinco determinados anteriormente. Passou, em 30 de outubro, para Caxias e, em 23 de fevereiro de 1940, seguiria para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde regressou em 10 de junho de 1942, saindo em liberdade. Abriu escritório de advocacia em Barcelos, sendo preso nessa localidade em 24 de novembro de 1949, “para averiguações de crimes contra a segurança do Estado”, foi levado para a Delegação do Porto da PVDE. Libertado em 26 de novembro de 1949. Em 1953, foi candidato da Oposição, pelo círculo de Aveiro, à Assembleia Nacional. Faleceu em 25 de maio de 1959, em Lisboa.]

01189. António Freire Sobral [1932]

[Benguela, c. 1883, engenheiro de mecânica eletricista. Filiação: Leopoldina de Azevedo Sobral e José António Freire Sobral. Casado. Residência: Av. João Crisóstomo, 45 - Lisboa. Preso em 01/11/1932, "por ter dado guarida ao foragido político Dr. Basílio Lopes Pereira", recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Libertado do Aljube em 07/11/1932.]
[alterado em 23/03/2023]

[João Esteves]

segunda-feira, 20 de março de 2023

[3239.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXXI] || 1926 - 1933

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXXI *

01185. Artur Inácio Nogueira [1932]

[Preso e entregue pelo Comando da PSP de Lisboa à SVPS em 21?/10/1932Quando estava detido no Aljube, foi entregue à PSP de Lisboa em 07/11/1932.]

01186. José Maria Videira [1929, 1932, 1932, 1947]

[José Maria Videira || F. 22/04/1929 || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Freguesia de Bendada, concelho de Sabugal,, 26/04/1896, 1.º sargento / comerciante. Filiação: Ana Antónia e Manuel Videira. Casado. Residência: Rua de S. Brás, 37 / Rua dos Caetanos, 21 - Lisboa. Combateu na 1.ª Grande Guerra. Encontrava-se preso em Abril de 1929Integrou a Organização Revolucionária dos Sargentos, da qual foi um dos principais líderes. 

[José Maria Videira || F. 15/07/1940 || ANTT || RGP/81]

Preso em 1932: em fevereiro, houve tentativas de assalto à esquadra de Alcântara com o fim de o libertar, juntamente com José Severo dos Santos, ex-sargento da Armada, que ali se encontravam incomunicáveis por motivos políticos. Transitou para o Forte de S. Julião da Barra, de onde se evadiu. Recapturado em 21?/10/1932, foi levado para o Aljube: foi um dos nomes que não foi, explicitamente, abrangido pela amnistia de 05/12/1932. Deportado para os Açores, primeiro, para Santa Cruz da Graciosa e, depois para Angra do Heroísmo, para onde seguiu em 22/11/1933. Demitido, em 1934, do Exército, foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 27 de Agosto e condenado a mais um ano de desterro. Novamente julgado pelo TME em 31/07/1936, a pena passou para seis anos de desterro, com prisão no local. Seguiu, em 23/10/1936, para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde permaneceu quase quatro anos. Requereu, em 21/11/1937, ser abrangido por uma amnistia, o que foi indeferido por despacho de 02/02/1938. Apesar do mandado de soltura datado de 06/09/1939, o Diretor da PVDE, em despacho de 22 do mesmo mês, determinou "que se mantivesse em prisão preventiva, até que seja julgada oportuna a sua restituição à liberdade, em virtude de se tratar de um elemento perigoso e indesejável". Regressou do Tarrafal em 15/07/1940, foi libertado por ter sido amnistiado. 

[José Maria Videira || F. 15/07/1940 || ANTT || RGP/81]

Preso em 15/03/1947, "para averiguações", seguiu para o Forte de Caxias sem qualquer julgamento. Libertado em 18/04/1947.

[José Maria Videira || F. 26/03/1947 || ANTT || RGP/81]

Julgado, em 07/03/1949, pelo 4.º juízo Criminal de Lisboa, foi absolvido. Faleceu em 16 de Junho de 1976, em Lisboa. Irmão de Joaquim Videira, que teve idêntico percurso de resistente.]

[João Esteves]

domingo, 19 de março de 2023

[3238.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXX] || 1926 - 1933

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXX *

01183. Eurico Pinto Mateus [1932, 1937]

[Eurico Pinto Mateus || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Lisboa, 24/11/1908, estucador - Lisboa. Filiação: Carolina Maria Pereira e Simão Mateus. Solteiro. Residência: Rua da Saudade, 3 - Lisboa. Desenvolveu, no início da década de 1930, intensa atividade sindical no âmbito do Sindicato da Construção Civil, chegando a integrar a Comissão Inter-sindical (CIS), e militou no Partido Comunista, trabalhando política e partidariamente com Francisco Roque Júnior, detido no Aljube, Grácio Ribeiro, estudante deportado para Timor, e Manuel Moor, fugido à polícia e só preso em 1937. Por volta de 1932, já era um defensor das ideias anarquistas, aproximando-se do anarcossindicalismo, por estar "mais de acordo com os princípios estabelecidos pelo proletariado, pois é contra a força armada, contra o Estado Organizado e contra as classes privilegiadas", proferindo "conferências e preleções aos operários da Construção Civil, nas quais lhe explica as razões do aparecimento do anarco-sindicalismo e seus fins, bem como aconselha a massa operária a desprezar as ideias expostas pelos partidos que se servem dela, para os seus fins, com falsas promessas". Era ainda "contra todas as ditaduras, inclusive a proletária, à maneira russa". No âmbito da intervenção junto da classe dos estucadores, Eurico Pinto Mateus era seu delegado ao Conselho Administrativo do Sindicato da Construção Civil. Preso em 21 de Outubro de 1932, "por ter entregue manifestos anarquistas a Alfredo Crispim Duarte", tendo-os recebido de Francisco Cardoso Pires [RGP/7499], libertado do Aljube havia pouco tempo. Considerado pela Polícia de Defesa Política e Social como tendo "uma relativa cultura e facilidade em falar e escrever", desenvolvendo, "apesar de bastante novo", "uma enorme actividade de ideias social-revolucionárias", foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 17 de Junho de 1933 e absolvido, pelo que foi libertado. No ano seguinte, pertenceu ao Comité de Ação do 18 de Janeiro, não tendo concretizado a distribuição das armas prevista aquando do desencadear da Greve Geral. Cooperou, entre outros, com Armando dos Santos Calet, Bartolomeu José da Costa, Custódio da Costa, João Sarmento Dias, João Serra, José Severino de Melo Bandeira, Manuel Henriques Rijo, Silvino Augusto FerreiraApós essa data, exilou-se em Espanha, onde integrou o Secretariado da Federação dos Anarquistas Portugueses Exilados (FAPE), após uma reunião promovida por Marques da Costa e onde estiveram presentes Alberto Dias, de Lisboa, Custódio Bresce de Lima, do Porto, e José Rodrigues Reboredo, de Viana do Castelo.

[Eurico Pinto Mateus || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

Expulso de Espanha, foi preso em 4 de Março de 1937 e levado para o Aljube, onde recolheu à enfermaria. Passou, de seguida, por uma esquadra, regressou ao Aljube e seguiu para o Campo de Concentração do Tarrafal em 6 de Novembro de 1937, integrando a 3.ª leva de presos políticos. Aí permaneceu até 20 de Fevereiro de 1945. Regressado a Portugal, voltou a residir na Rua da Saudade, 3, Cave - Lisboa.]

01184. Manuel Joaquim Rodrigues Dias [1932]
[Lisboa, c. 1906, empregado do comércio - Lisboa. Filiação: Emilia Rodrigues Dias e José Dias. Solteiro. Residência: Estrada dos Prazeres, 6 / Travessa de S. Bernardino - Vila Leonor, 2. Preso em 21/05/1926, "por suspeita de ser bombista"; libertado em 25/05/1926. Preso pela PSP de Lisboa em 20/10/1932 e entregue no dia 21/10/1932, por se ter reunido com um grupo de indivíduos numa leitaria na Rua de Santo António dos Capuchos, estes terem fugido à aproximação de Polícia e se ter recusado a identificá-los. Libertado da 1.ª esquadra em 24/10/1932.]
[alterado em 21/03/2023]

[João Esteves]

[3237.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXIX] || 1926 - 1933

PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXIX * 

01179. Fernando Pereira de Brito [1931]

[Cinfães do Douro, c. 1892, caixeiro-viajante - Lisboa. Filiação: Blandina Joaquina Valente e Gaudêncio Pereira de Brito. Casado. Residência: Praça da Alegria, 44 - Lisboa. Preso em 14/09/1931, pela Seção de Justiça e Informações do Comando da PSP de Lisboa, "sob a acusação de haver tomado parte no movimento revolucionário de 26 do mês passado", participando no assalto ao Batalhão de Caçadores 5, onde terá arremessado uma bomba. Em 22 de junho de 1932, por parecer do Diretor Geral da Segurança Pública e despacho do Ministro do Interior, foi-lhe fixada residência obrigatória na Ilha Terceira. Passou, em 18 de outubro de 1932, do Aljube para a enfermaria do Limoeiro, tendo também sido observado no Hospital de S. José. Libertado em 10/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia de 5 de dezembro de 1932 (Processo 63).]

01180. João Ciris [1932]

[Libertado em 18/09/1932.]

01181. Maria Malvina Guedes Coutinho Garrido [1932]

[Maria Malvina Guedes Coutinho Garrido || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Golongo Alto - Luanda, c. 1892, doméstica - Madrid. Filiação: Maria Engrácia Fernandes e Elísio Guedes Coutinho Garrido. Solteira. Residência: Rua General Porlier, 38 - Madrid. Presa em 16/08/1932, quando pretendia sair pela fronteira de Marvão, "por suspeita de ser agente de ligação entre os elementos emigrados em Madrid e os elementos revolucionários de Lisboa". Mantinha contactos com o engenheiro Álvaro Pereira Feio Pimenta de Castro, emigrado em Madrid e que estivera preso no Aljube em Abril e Maio de 1931. Em 26/08/1932, por proposta do Ministro do Interior, foi-lhe aplicada a pena de dois meses de prisão. Libertada em 18/09/1932.]

01182. Álvaro Pereira Feio Pimenta de Castro [1931, 1933, 1935, 1938]

[Álvaro Pereira Feio Pimenta de Castro || RGP/311]

[Nossa Senhora da Conceição - Lourenço Marques, 22/08/1896, engenheiro - Lisboa. Solteiro / Casado. Filiação: Francisca Feio Pimenta de Castro e Manuel Pereira Pimenta de Castro. Residência: Rua Silva Carvalho, 155 - Lisboa. Diretor dos Caminhos de Ferro de Luanda. Preso em 17/03/1931, "por estar implicado no movimento revolucionário em preparação": mantinha ligações revolucionárias com Jaime Ferreira, José Maria Vinagre Preto da Cruz e os ex-oficiais Joaquim Oliveira Ferreira, Pio e Laurindo Vieira, "com os quais reunia em sua casa". Proposto, em 24/03/1931, que lhe fosse fixada residência fora do Continente. Esteve preso no Aljube em Abril e Maio de 1931, recebendo informações do que se passava na Madeira através de correspondência com Maria Malvina Guedes Coutinho Garrido. Solicitou, em 30/05/1931, autorização para partir para o estrangeiro, sendo expulso do país pela fronteira de Marvão em 11/06/1931. Em 1932, estava emigrado em Madrid e mantinha contactos com Angola e vários deportados em Cabo Verde, entre os quais coronel Genipro, capitão Laurindo Vieira e dr. Carlos AlmeidaPreso em 20/11/1933, "por manter ligações revolucionárias com o ex-Tenente-Coronel Ribeiro de Carvalho". Libertado em 14/12/1933. Preso em 24/02/1935, por ter ligações revolucionárias. Libertado em 24/06/1935. Preso em 11/05/1938, "para averiguações", recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Entrou no Aljube em 01/06/1938, regressou a uma esquadra, novamente incomunicável, em 18/06/1938, passou, em 18/07/1938, para o Aljube e seguiu, em 21/07/1938, para o Forte de Caxias. Transferido para a 1.ª esquadra em 27/09/1938, regressou a Caxias em 29/09/1938 e saiu em liberdade condicional em 23/12/1938. Ter-se-á ausentado para Moçambique.] 

[João Esteves]

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

sábado, 4 de fevereiro de 2023

[3233.] ALJUBE (1908) || "A TRIBUNA FEMININA - O ALJUBE" - 27/08/1908

* ALJUBE *

"A Tribuna Feminina - O Aljube"

A República || 27/08/1908

[A República || 27/08/1908]

[João Esteves]

[3232.] ANA DE CASTRO OSÓRIO || "POR ALTO - SUFRÁGIO UNIVERSAL" - 27/08/1908

 * ANA DE CASTRO OSÓRIO *

"Por Alto - Sufrágio Universal"

A República || 27/08/1908

[A República || 27/08/1908]

[João Esteves]

[3231.] LRMP || "LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS - CONVITE" - 26/08/1908

 * LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS *

"Liga Republicana das Mulheres Portuguesas - Convite"

Vanguarda || 26/08/1908

[Vanguarda || 26/98/1908]

[João Esteves]

[3230.] MARIA CLARA CORREIA ALVES || "A TRIBUNA FEMININA - O DIVÓRCIO" - 25/08/1908

 * MARIA CLARA CORREIA ALVES *

"A Tribuna Feminina - O divórcio"

A República || 25/08/1908

[A República || 25/08/1908]

[João Esteves]