[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 31 de outubro de 2020

[2422.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS - DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [LIV] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || LIV * 

0477. António Brandão [1928]

[Arouca, 1892, Fiscal da Bolsa Agrícola - Porto. "O Brandãozinho da Bolsa Agrícola". Terá sido preso em 1928, por envolvimento, no Porto, na Revolta de 20/07/1928. Libertado a pedido do Chefe da Bolsa Agrícola, referido como Dr. Vanzeler, e «sob a condição de prestar serviços à Polícia». Vigiado, em Abril de 1930, pelo Informador 35].

0478. António Brás [1927, 1935]

[Ferreira do Zêzere, 1882, Sargento Ajudante. A prestar serviço no Grupo de Metralhadoras n.º 2, foi preso em 21/11/1927 pelo Comando Militar de Coimbra, sendo o Processo enviado ao Ministério da guerra em 10/12/1927. Preso e entregue à PVDE pelo Quartel-General do Governo Militar de Lisboa em 25/07/1935, por ter mantido contactos em Leiria, onde residia, com o ex-furriel Cristina (Processo 1647). Enviado para uma esquadra e libertado em 29/07/1935].

0479. António Bual [1927]

[Preso em 05/05/1927 por arremessar explosivos e cometer diversos desmandos. Libertado em 10/05/1927 (Processo 9085)].

0480. António Cabo Matos [1931, 1938]

[António Cabo Matos || 1938 || ANTT || RGP/9978 || PT-TT-PIDE-E-010-50-9978]

[Moura, 17/06/1901, barbeiro - Lisboa. Preso em S. Sebastião da Pedreira em 26/08/1931, por envolvimento na Revolta ocorrida nesse dia. Conduzido ao Quartel de Metralhadoras N.º 1 e transferido para a Penitenciária de Lisboa, foi deportado para Timor em 02709/1931 (v. Processo 319). Abrangido pela amnistia de 05/12/1932, desembarcou em Lisboa em 09/06/1933 e apresentou-se em 12/06/1933. Preso em 15/03/1938, recolheu incomunicável ao Aljube e, em 27/06/1938, foi transferido para uma esquadra. Transferido, em 15/09/1938, para a 1.ª Esquadra, seguiu para Caxias em 29/09/1938 e, em 22/10/1938, passou para Peniche. Transferido para a 1.ª Esquadra em 23/03/1939 e julgado pelo TME em 25/03/1939, foi condenado a 10 meses de prisão correccional e libertado nesse mesmo dia (Processo 391/38)].

00481. António Cação [1933]

[Figueira da Foz, 1907. Chofer - F. Foz. Filiação: Maria do Rosário Vaz, Manuel Cação. Solteiro. Preso na Figueira da Foz em 26/10/1933, por ter levado Armando Cortesão, que sabia estar fugido à Polícia, a Escalhão, a fim deste passar a fronteira e refugiar-se em Espanha (Processo 199/Porto). [Esta missão foi intermediada por José Gomes dos Santos, envolvido com Armando Cortesão na publicação clandestina do jornal A Verdade, lamentando aquele a evolução política posterior deste, tanto mais que o aluguer do "Fiat 23407-S" foi por si custeado]. Em 19/11/1933, saiu da Delegação do Porto para Peniche, onde embarcou para Angra do Heroísmo, ficando preso na Fortaleza de S. João Batista. Libertado em 01/08/1934, quando ainda se encontrava nos Açores, por ter sido despronunciado pelo TME.]
[alterado em 29/03/2024]

0482. António Candeias [1930]

[Tavira, 1883, comerciante - Lisboa (proprietário de uma casa de comidas e vinhos na Av. Duque de Ávila). Vigiado pelo Informador Conceição. Preso em 19/07/1930 e libertado em 01/08/1930 (Processo 4655)].

0483. António Cândido de Almeida Leitão [1928]

[António Cândido de Almeida Leitão || 1911 || Deputado à Assembleia Nacional Constituinte, eleito pelo Círculo 24 - Coimbra]

[Coimbra, 13/02/1880, advogado - Coimbra. Advogado e professor, foi nomeado, em Dezembro de 1910, director das Escolas Normais de Coimbra e, nas eleições de 28705/1911, foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte. Vigiado pela Polícia de Informações daquela cidade, foi preso em 23/07/1928, «acusado de fazer parte do grupo civil que pretendeu assaltar à bomba o quartel de Artilharia 3». Libertado em 21/09/1928 (v. Processo 3888). Faleceu em Lisboa, em 11/01/1949].

0484. António Caramelo Bernardo [1932]

[Lisboa, 1913, correeiro na Fábrica de Equipamentos e Arreios. Preso em 23/01/1932, «por ser comunista», «filiado na célula N.º 8", integrando a Juventude Comunista Portuguesa. Libertado em 24/03/1932 (v. Processo 225)].

0485. António Cardoso Amaral [1929]

[Vouzela, 1887, industrial - Lisboa. Preso em 26/04/1929, «por falsas declarações à Polícia»; libertado em 27/04/1929 (Processo 4299)].

0486. António Cardoso de Lemos [1929]

[António Cardoso Lemos || 14/02/1929 ||  ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Moimenta da Beira, 1878, 2.º Sargento reformado - Lisboa. Preso em 14/02/1929, «por ser bombista»; libertado em 03/05/1929 (Processo 4244)].

00487. António Cardoso [1930]

[Almada, c. 1896, marítimo - Almada. Filiação: Mariana Duarte, João Cardoso. Casado. Residência: Rua da Rocha - Almada. Preso em 22/10/1930 (Processo 4703-C). Deportado para os Açores, embarcando em 08/01/1931. Quando foi abrangido pela amnistia de 05/12/1932, estava com residência obrigatória, por motivos políticos, em Cabo Verde. Apresentou-se em 16/01/1933, indo viver para a Trafaria.]
[alterado em 11/04/2023]

0488. António Cardoso [1931]

[Viseu, 1916, carroceiro - Lisboa. Preso pela PSP de Lisboa e entregue, em 17/12/1931, à Secção de Justiça e Informações daquele Comando. Embriagado, proferiu gritos de «morra a Ditadura»; libertado em 30/12/1931 (Processo 189)].

[João Esteves]

[2421.] CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE ALBERTO FERREIRA (1920 - 2020) || BNP 29/10/2020

 * CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE ALBERTO FERREIRA *

BIBLIOTECA NACIONAL || 29 DE OUTUBRO DE 2020

Homenagem a Alberto Ferreira na Biblioteca Nacional, tendo por oradora Paula Morão 




[Fotografias de Maria Marinho]

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

[2420.] HÁ 84 ANOS - A ABERTURA DO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO TARRAFAL || 29 DE OUTUBRO DE 1936

 HÁ 84 ANOS, EM 29 DE OUTUBRO DE 1936, 152 HOMENS "INAUGURAVAM" O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO TARRAFAL, O "CAMPO DA MORTE LENTA" *

Como refere Fernando Piteira Santos, em texto datado de 15 de Fevereiro de 1978, aquando da trasladação dos restos mortais daqueles que lá pereceram, «O presidente do Tribunal Militar Especial, coronel de Cavalaria Mouzinho de Albuquerque, declarou um dia que os deportados para o Tarrafal lá deveriam ficar, isolados e esquecidos até entregarem a alma a Deus.»

[Fotografia de jovens marinheiros, que participam na revolta de 8 de Setembro de 1936, a serem encaminhados para o porto onde embarcariam para o Tarrafal || ANTT || PT/TT/SNI/ARQF/RP-003/35045]

«Eram, na sua maioria, homens jovens ou em pleno vigor; eram trabalhadores, intelectuais, marinheiros; anarquistas, comunistas, republicanos, antifascistas todos; sem partido ou ideologia definida alguns. Eram portugueses que tinham sido condenados à morte lenta naquele lugar inóspito, insalubre, isolados de amigos, companheiros e camaradas, separados das famílias, mal alimentados, obrigados a trabalhos penosos, sem assistência médica, sem jornais, sem notícias, meses inteiros sem correspondência.

[...]

Mas não conseguiram os carrascos fascistas matar naqueles que regressaram a combatividade e a esperança.» [Fernando Piteira Santos, 30/10/1976]

[Fernando Piteira Santos, "Política de A a Z", Diário de Lisboa, 30/10/1976].

[João Esteves]

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

[2419.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS - DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [LIII] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || LIII *

00476. António Branco [1932, 1937, 1947]

[António Branco || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Covas - Tábua, 24/06/1903, Guarda 1111 da PSP de Lisboa / motorista / empregado comércio. Filiação: Maria da Conceição. Solteiro. Residência: Beco da Rosa, 11 - Lisboa / R. João de Barros, 4 - Lisboa. Preso em 23/06/1932, por envolvimento em organização comunista através de António Bandeira Cabrita e de Júlio César Leitão, estreitando relações com este após a deportação daquele; recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Acusado de organizar uma célula dentro da PSP, tendo fornecido a Júlio César Leitão as informações necessárias para a redacção do manifesto "Aos Agentes da Polícia de Segurança Pública". Apresentou àquele Adrião Ramos de Brito, agente 1040 da mesma polícia. Considerado um elemento perigoso devido à sua cultura, prestando serviço como intérprete na Secção de Turismo (Processo 460/SPS). Libertado em 10/12/1932. Julgado pelo TME em 21/11/1934 e condenado a 18 meses de prisão correccional (Processo 14/933, do TME). 

[António Branco || c. 1937 || ANTT || RGP/6674 || PT-TT-PIDE-E-010-34-6674]

Preso em 10/05/1935 pela Secção Política e Social da PVDE, quando era motorista. Enviado, incomunicável, para uma esquadra e transferido para o Aljube em 13/05/1937. Em 02/06/1937, entrou na 1.ª Esquadra e regressou ao Aljube em 05/06/1937. Seguiu para Peniche em 08/08/1937, regressou à 1.ª Esquadra em 13/12/1937 e novamente transferido para Peniche em 27/12/1937. Julgado pelo TME em 18/12/1937, que confirmou a sentença que lhe aplicara em 1934. Evadiu-se de Peniche em 19/07/1938. Em 01/11/1938, terminou a pena a que fora condenado pelos Processos 460/SPS e 14/933, continuando detido em virtude de ter pendente o Processo 406/938, do TME. Preso em 25/10/1947, sendo registado como comerciante e levado para o Aljube, onde terá sido libertado no mesmo dia.]
[alterado em 18/12/2021

[João Esteves]

[2418.] TRASLADAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DOS ANTIFASCISTAS FALECIDOS NO TARRAFAL [III] || POLÍTICA DE A a Z - FERNANDO PITEIRA SANTOS

 * TARRAFAL || FERNANDO PITEIRA SANTOS *

POLÍTICA DE A a Z || DIÁRIO DE LISBOA || 15/02/1978

«Dia de saudade para os sobreviventes e dia de meditação antifascista, é este do regresso dos condenados do Campo da Morte Lenta.»

«O presidente do Tribunal Militar Especial, coronel de Cavalaria Mouzinho de Albuquerque, declarou um dia que os deportados para o Tarrafal lá deveriam ficar, isolados e esquecidos até entregarem a alma a Deus.»

[Diário de Lisboa || Política de A a Z || 15/02/1978 || Fernando Piteira Santos]

terça-feira, 27 de outubro de 2020

[2417.] BERNARDO CASALEIRO PRATAS [I] || 23 ANOS PRESO, 17 DOS QUAIS NO TARRAFAL

 * BERNARDO CASALEIRO PRATAS *

[20/02/1899 - 12/08/1989]

  PRATICAMENTE 23 ANOS DE PRISÃO, 17 DELES NO TARRAFAL


Serralheiro dos Serviços Municipalizados de Coimbra, Bernardo Casaleiro Pratas foi preso por estar envolvido na Greve Geral Revolucionária de 18 de Janeiro de 1934 e, por isso, encarcerado durante praticamente 22 anos, entre 20 de Janeiro de 1934 e 17 de novembro de 1956, quando saiu em liberdade condicional.

Deportado, primeiro, para Angra do Heroísmo, para onde embarcou em 8 de Setembro de 1934, seguiu para o Campo de concentração do Tarrafal dois anos depois, integrando a primeira leva de presos políticos que o inaugurou em 29 de Outubro de 1936.

Permaneceu no Tarrafal 17 anos, regressando ao Continente em Dezembro de 1953 e enviado para Peniche em 31 de Dezembro.

Devido ao seu estado de saúde, foi enviado, em 16 de Janeiro de 1956, para o Sanatório Sousa Martins, na Guarda, ai permanecendo sob prisão. A liberdade condicional só chegou em 17 de Novembro do mesmo ano.


Publica-se a carta, datada do ano de 1976, que Bernardo Casaleiro Pratas, então com 77 anos, dirigiu ao Ministro dos Assuntos Sociais, expondo a situação durante o tempo de prisão, esperando que o regime saído do 25 de Abril soubesse atenuar a situação em que vivia.

Por despacho do Ministro da Administração Interna, Coronel Costa Braz, ao abrigo do decreto 173/74, de 26 de Abril de 1974, Bernardo Casaleiro Pratas foi reintegrado na categoria de serralheiro principal dos Serviços Municipalizados de Coimbra, na situação de aposentado.

Faleceu em 12 de Agosto de 1989, aos 90 anos de idade.

Agradece-se á bisneta de Bernardo Casaleiro Pratas, bem como à restante família, a pronta disponibilização deste importante documento que muito contribui para a percepção do que foi a vida daqueles que ousaram lutar e combater o fascismo, ficando privados de qualquer liberdade durante tantos anos.

[João Esteves]

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

[2416.] TRASLADAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DOS ANTIFASCISTAS FALECIDOS NO TARRAFAL [II] || CHEGADA A LISBOA - 15/02/1978

 * CHEGADA A LISBOA *

DIÁRIO DE LISBOA || 15 DE FEVEREIRO DE 1978



O jornal noticia o falecimento, em 14 de Fevereiro de 1978, de Jaime Augusto França de Carvalho, de 64 anos de idade, filho de Albino António de Oliveira de Carvalho, que aguardava ansiosamente o regresso dos restos mortais do pai, morto no Tarrafal em 22 de Outubro de 1941. 

Albino António de Oliveira de Carvalho passou mais de 40 anos a caminho da cadeia, sendo várias vezes preso durante a Monarquia, 1.ª República, Ditadura Militar e Estado Novo. Começou em 1898, quando teria 13 anos, e só acabou em 1941, aos 56 anos de idade. Conheceu esquadras, a Penitenciária de Lisboa, o Aljube, Peniche e Caxias. Esteve deportado em Angola e faleceu no Campo de Concentração do Tarrafal, para onde fora enviado em 1939. 

[Diário de Lisboa || 15 de Fevereiro de 1978]

domingo, 25 de outubro de 2020

[2415.] TRASLADAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DOS ANTIFASCISTAS FALECIDOS NO TARRAFAL [I] || DEPÕEM SETE TARRAFALISTAS - 17/02/1978

 * SETE SOBREVIVENTES FALAM AO DIÁRIO DE LISBOA *

[17 de Fevereiro de 1978]

As fotografias de sete tarrafalistas, 42 anos depois.

1. Américo Gonçalves de Sousa || 1918 - 1993 || Fundidor || Deportado para o Tarrafal aos 18 anos || 29-10-1936 a 07-07-1940 || 16 anos nas prisões fascistas || 19 anos de luta clandestina.

                                           [18 anos]                                   [59 anos]

2. António Dinis Cabaço || N. 29/10/1903 || Marinheiro - Fogueiro || 29-10-1936 a 17-12-1951 || Chegou ao Tarrafal no dia em que fazia 33 anos, onde permaneceu mais de 15 anos.

                                            [33 anos]                                  [74 anos]

3. José Barata Júnior || N. 26/08/1916 || Grumete artilheiro || 29-10-1936 a 10-09-1947 || 11 anos no Tarrafal.

                                                   [19 anos]                                [61 anos]

4. Oliver Branco Bártolo || N. 06-03-1909 || Marinheiro || [29-10-1936 a 23-01-1946 || Mais de 9 anos no Tarrafal.

                                             [27 anos]                                   [68 anos]

5. Pedro da Cunha e Foios Teixeira || N. 07/04/1899 || Funcionário público || 27-06-1942 a 13-12-1943 || Ano e meio no Tarrafal.

                                                [43 anos]                                   [79 anos]

6. Reinaldo de Castro || N. 06-06-1907 || Empregado comércio || 25-06-1941 a 23-01-1946 || 4 anos e sete meses no Tarrafal.

                                                [29 anos]                                 [70 anos]                 
7. Tomás Ferreira Rato ou Tomás Ferreira da Silva || N. 05-03-1909 || Ferroviário || 29-10-1936 a 23-01-1946 || Mais de 9 anos no Tarrafal.

                                          [27 anos]                               [69 anos]

[Diário de Lisboa || 17 de Fevereiro de 1978]

NOTA: Há imprecisões, facilmente detectáveis, no artigo publicado, o que não lhe retira qualquer mérito.

[João Esteves]

[2414.] HERCULANA DE CARVALHO || 15.º ANIVERSÁRIO DO FALECIMENTO - 16/05/1967

 * HERCULANA DE JESUS DA COSTA DIAS CARVALHO

[23/12/1900 - 16/05/1952]

O jornal "República", de 16 de Maio de 1967, assinala o 15.º aniversário do seu falecimento.

[República || 16 de Maio de 1967]

sábado, 24 de outubro de 2020

[2413.] ALBERTO FERREIRA [XII] || CENTENÁRIO (1920 - 2020) - BIBLIOTECA NACIONAL

 * CENTENÁRIO DE ALBERTO FERREIRA || (1920 - 2020) *

Biblioteca Nacional || 29 de Outubro || 18.00 Horas ||

|| Sessão: Paula Morão || António Braz Teixeira ||

[Fotografia de Alberto Ferreira, cerca 1965]

«No centenário de Alberto Ferreira (1920-2000)

Sessão | 29 out. '20 | 18h00 | Auditório | Entrada livre (limitada a 21 lugares, com inscrição prévia para rel_publicas@bnportugal.gov.pt)

Alberto Ferreira, 1920-2000 – ensaísta, crítico, professor, editor, publicista, além do técnico agrário que começou por ser. A sua biografia, longa e cuidadosamente estabelecida no catálogo Alberto Ferreira, 1920-2000: escrita e intervenção (BNP, 2010) [BNP (2010) - Alberto Ferreira, 1920-2000: escrita e intervenção. Pesquisa e selecção de Maria José Marinho e Manuela Vasconcelos, Lisboa, BNP, 2010. E-book da obra disponível gratuitamente na Livraria Online da BNP], mostra a relevância das raízes familiares na sua formação e nos seus primeiros passos profissionais, que, a par da militância política desde cedo, lhe deu a experiência e a proximidade com «o país real» que «o choca profundamente» (entrada «1940», BNP, 2010, p. 12). De 1951 a 1954 faz o então chamado curso de Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras de Lisboa, e é relevante notar que está já na casa dos trinta anos – mais tarde, portanto, do que a norma dos seus colegas. Esta mescla de matrizes que a biografia esclarece vai nortear muito do seu percurso, dialeticamente informado por aquelas bases no terreno concreto dos campos e dos vinhedos (comum a amigos e companheiros como Alves Redol), caldeando essa prática com as leituras situadas nos domínios das revistas literárias (em algumas delas trabalhou), a que se juntam as componentes da sua formação em disciplinas da História e da Filosofia. É a sobreposição destes elementos que vem a salientar-se na sua obra de crítico e de ensaísta, nos livros de ficção, na carreira de professor. A partir de 1972, ensina «Sociologia da Arte na Escola Piloto para formação de profissionais de cinema, no Conservatório» (BNP, 2010, p. 25), e depois fazendo o estágio para docente do Ensino Secundário no liceu Camões, sendo efetivo logo a seguir (BNP, 2010, p. 29). Virá a ser professor auxiliar convidado do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa a partir de 76 – marcando sucessivas vagas de alunos das suas aulas de Cultura Portuguesa, até à reforma em 1986; o convite tem implícito o reconhecimento da sua obra ensaística, e a sua vocação pedagógica é reconhecida por muitos alunos (como documentam cartas transcritas em BNP, 2010).

(---)

Em 2000, na brochura Leiamos da Editora O Escritor, que acolheu Alberto Ferreira nas suas publicações mais recentes, temos na capa uma fotografia recente do nosso autor, abrindo a porta a um excerto do segundo volume de Real e Realidade, que, por razões explicadas na nota prévia autógrafa datada de dezembro de 1999, nunca veria a luz dos prelos. Parecia agora ter vontade de o dar à estampa, com o título Heraclito e a Filosofia, mas também desta feita o livro não sairia. No passo transcrito naquela brochura (p. VI), lê-se uma reflexão sobre o tempo que vale recordar:

(…) no devir está contido o futuro que é parte de uma trilogia totalista do tempo passado – presente e futuro. Daí o caráter histórico de toda a filosofia que não seja apenas prospetiva (…). (…) o presente tem algo de flutuante, impreciso e inesperado. Mas o facto de contar com o passado torna desde logo a reflexão histórica – e, deste modo, a filosofia é sempre histórica.

Combinando a filosofia com a história, perfis do rosto de Jano, como fez em toda a sua obra de ensaísta, esta síntese da temporalidade representa, afinal, a capacidade de a si mesmo se situar com a limpidez de um pensamento que perdura e a si mesmo se inscreve na indagação do humano. A noção de devir, com o palimpsesto entre história e filosofia, entre ficção e desenho - exuberante e pulsional desenho, pode servir de emblema ao que sempre persistirá da obra de Alberto Ferreira, inteligência luminosa que não se apaga com o tempo. Sabem-no e continuarão a sabê-lo todos quantos estudam a cultura e a literatura em Portugal entre os séculos XVIII, XIX e XX: Deambular ao lusco-fusco (título do seu último livro, 1999) torna-se mais fácil e profícuo com o auxílio precioso da sua lente de aumentar.

No epílogo de Diário de Édipo (1965, 2ªed., p. 259) já deixara estas linhas, retrato de personagem e autorretrato:

A busca e a prática do humanismo constituem momento inseparável da conquista das alturas. O homem singular realiza a marcha, mas cada passo seu é acompanhado de outros passos – nunca homem algum fica só perante a caminhada.

Assim foi Alberto Ferreira, assim nos toma pela mão e nos diz quem somos.

Outubro de 2020

Paula Morão

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa»

[2412.] ALBERTO FERREIRA [XI] || CENTENÁRIO (1920 - 2020)

 * ALBERTO FERREIRA *

[05/10/1920 - 10/12/2000]

[Alberto Ferreira || c. 1965 || Fotografia cedida pela filha Maria Marinho]

Os que ficam em nós!

Centenário do nascimento de Alberto Ferreira [05/10/1920 - 05/10/2020].

Um resistente e um Homem íntegro, injustamente esquecido, talvez por nunca ter abdicado de tomar partido.

Dotado de uma cultura vastíssima, cuja obra merecia reedição, nomeadamente pelas escassas estruturas culturais do Estado, era um professor e um pedagogo ímpar que muito marcou os seus alunos ou quem com ele conviveu!

Saudades... muitas, de um tempo em que os intelectuais tomavam a palavra!

[2411.] JOSUÉ MARTINS ROMÃO [I] || HOMENAGEM A HERCULANA DE CARVALHO - 29/10/1976

 * SÍNGELA HOMENAGEM À MULHER DOS ANTIFASCISTAS PRESOS NO TARRAFAL *

Intervenção de Josué Martins Romão [13/04/1918 - 30/10/2006] na sessão evocativa dos 40 anos da entrada dos primeiros presos políticos no Campo de Concentração do Tarrafal, promovida pela URAP na Voz do Operário em 29 de Outubro de 1976.

[Josué Martins Romão || Alverca || 29 de Outubro de 1976]

«Se é porventura verdadeiro que em muitas centenas de presos que passaram longos anos no Campo de extermínio do Tarrafal foram todos apenas homens, poderá à partida, pressupor-se que lhe cabe por inteiro e em exclusivo todo o cortejo de sofrimento. Nada mais ilusório porquanto, sabemo-lo bem, em muitíssimos aspectos, a nossa mulher penou bem mais.

Agora que estamos em condições de fazer um balanço do processo requintado e cientificamente estudado de nos liquidarem a todos; que sentimos bem na pele quão monstruoso e implacável é o fascismo, somos levados a concluir que as mulheres nossas mães, nossas companheiras, nossas irmãs e até simples namoradas, embora, na aparência, em “liberdade”, sofreram, as que não estavam conscientemente formadas politicamente, infinitamente mais que nós – presos no Tarrafal. Pensarmos nós o que não representa de dor, de ansiedade, de sofrimento atroz, estar dias, meses, e casos houve que até anos, sem saber nada, absolutamente nada do seu ente querido?! Não há dúvida que todas tiveram a sua quota parte de incomensurável sofrimento. E que dizer então da Mulher nossa Mãe!?...

Nos longos anos que passámos no Tarrafal (nós dezasseis anos completos e outros houve que lá estiveram dezoito) apenas tivemos uma visita. E, caso curioso, foi a Mãe de um companheiro nosso (que vive na nossa memória como um símbolo de coragem, de abnegação, de amor ao próximo): - HERCULANA DA COSTA CARVALHO.

Mulher operária, da indústria têxtil, onde trabalhou de tenra idade atá aos dezoito anos de idade. Com o casamento passa à classe burguesa, onde os problemas de dinheiro deixam de existir. Entretanto nasce-lhe o filho. Este cresce. Chega a frequentar o 1.º e 2.º anos de engenharia e precisamente por ser um homem dotado de inteligência, de qualidades morais excepcionais ingressa na luta antifascista e é preso passados poucos meses de se lançar na luta. Sem julgamento, sem culpa formada enviam-no de pronto para o Tarrafal.

O nazi-fascismo, por essa altura, começava já a desmoronar-se. No Campo de Morte Lenta, nós, os que para lá fomos de início, e que até então vivemos no mais completo isolamento do que se ia passando pelo mundo, começamos a partir daqui a ter certas e determinadas regalias que até então nos estavam inteiramente vedadas.

Quis a sorte que este amigo e grande combatente antifascista fizesse anos logo após poucas semanas de ali chegar. Não menos sorte tivemos que a Mãe desse bom e grande amigo Guilherme da Costa Carvalho tivesse meios suficientes e levasse à prática os planos que arquitectou. Estar junto do filho amado no próprio dia em que ele fazia vinte anos. Descrever todos os obstáculos que esta Mãe teve de enfrentar, desde a respectiva autorização para a visita, ao fretar um avião, com um mínimo de segurança, ao barquinho de cabotagem da ilha do Sal para a ilha de Santiago (onde nos encontrávamos) era, porventura, só por si, uma epopeia digna de registo à parte. Mas a grandeza maior desta excepcional Mulher não se limitou só à visita ao filho. Mal abraçou o filho e de imediato, um a um, todos os companheiros dignos da sua qualidade de presos antifascistas, esta mulher, como que a pedir-nos desculpa da sua ousadia, propôs-nos isto:

“- Amigos! A alegria, como deveis calcular, que eu sinto neste momento é imensa. Poderá, talvez, interpretar-se como egoísmo de Mãe estar hoje aqui presente. Mas ao vê-los a todos sinto-me como que envergonhada ao lembrar-me das vossas mães, das vossas companheiras, enfim, de todos os vossos familiares que jamais poderão ter a sorte que eu tive, enquanto aqui permanecerem. Peço-vos, do coração, que me forneçam uma lista com os vossos nomes e respectivas moradas de vossos familiares lá na terra…”

Do Algarve ao Minho, nos lugares mais recônditos (onde para lá chegar se tem que ir com o credo na boca) havia familiares de presos. Pois esta Mulher extraordinária, esta Mulher símbolo da Mulher dos antifascistas presos, a todos os familiares espalhados pelo Continente contemplou com amor, num gesto a todos os títulos imorredoiro. Mais, ao verificar a miséria porque muitas delas passavam, de ver a imensa dor e privações porque todas passavam sentiu o que todos nós, aliás, sentimos ao termos pleno conhecimento dos factos: - Que o nosso mau passadio, embora durante longos anos numas condições em que o pior não era morrermos mas conservarmos vivos, comparado com aquele quadro que se lhe deparou lhe pareceu infinitamente menor. Só que nós havíamo-nos lançado conscientemente na luta, acontecesse o que acontecesse. Elas, Mulheres, na sua quase totalidade, só porque eram mães, companheiras ou irmãs. Pelo SEU único amor eram capazes das proezas arrojadas. 

No dia em que o MEU (egoisticamente falando) se transformar no colectivo NOSSO, a Mulher, companheira do homem, será, sem sombra de dúvida, uma força e um poderoso meio de acabarmos de uma vez para sempre com os explorados e os exploradores.

Glória, pois, à Mulher antifascista!!!

Alverca, 29 de Outubro de 1976

a) Josué Martins Romão»

[João Esteves]

terça-feira, 20 de outubro de 2020

[2410.] FERNANDO VICENTE, JOÃO FARIA BORDA E HERMÍNIO MARTINS || TARRAFAL - 23/12/1949

 FERNANDO VICENTE, JOÃO FARIA BORDA E HERMÍNIO MARTINS || TARRAFAL || 23/12/1949 *


Fotografia tirada no Tarrafal por Luís Alves de Carvalho em 23 de Dezembro de 1949 e disponibilizada por Ana Vicente, filha de Fernando Vicente.

Fernando Vicente e João Faria Borda, em baixo à direita; Hermínio Martins é o primeiro à esquerda de pé [identificação do neto Carlos Freitas, a quem muito se agradece.

Já tinham completado 13 anos consecutivos no Campo de Concentração, tendo Herculana e Luís de Carvalho deslocado-se à aldeia de Paul, Torres Vedras, para a entregar às irmãs de Fernando Vicente.

[João Esteves]

domingo, 18 de outubro de 2020

[2409.] LUÍS ALVES DE CARVALHO [II] || DESLOCAÇÃO AO TARRAFAL EM DEZEMBRO DE 1949

 * LUÍS ALVES DE CARVALHO *

[15/12/1899 - 1978]

[Porto, 22/06/1974 || Pormenor de uma fotografia de Sérgio Valente || Sérgio Valente. Um fotógrafo na revolução || Edições Afrontamento || 2015]

Pai de Guilherme da Costa Carvalho, a ele se deve um enorme reconhecimento pela solidariedade e generosidade que sempre demonstrou para com os presos políticos, ajudando-os no que podia, mesmo depois de libertados.

Foi o autor do levantamento fotográfico de todos os deportados para o Tarrafal quando, em Dezembro de 1949, juntamente com a mulher, se deslocou ao Campo de Concentração para visitar o filho.

Escreve-se, geralmente, sobre Herculana e Guilherme da Costa Carvalho, mas não se pode esquecer o que Luís Alves de Carvalho fez pelo filho e por todos os presos políticos até 1974.

Filho de Luísa de Azevedo ou Luísa de Jesus [15/07/1876 - 11/11/1966], natural do Porto, e de José Alves de Carvalho [01/04/1867 - 06/06/1954], natural de Celorico de Basto, Luís Alves de Carvalho nasceu em 15 de Dezembro de 1899.

Concluiu o Curso Comercial, foi contabilista da primeira cooperativa de táxis existente no Porto e, mais tarde, ligou-se à Banca, sendo corrector de fundos públicos da Bolsa do Porto durante quase cinquenta anos [Lúcia Serralheiro, "Herculana de Jesus da Costa Dias Carvalho", Dicionário no Feminino (Séculos XIX-XX), 2005].

Conhecido corretor da cidade do Porto, procurou, em conjunto com a mulher, minorar o sofrimento do filho sempre que este estava preso, contribuindo, também, para ajudar todos os outros presos que se encontravam na mesma situação daquele.

Devido às suas influências, foi possível ao casal visitar Guilherme da Costa Carvalho quando este estava preso no Campo de Concentração do Tarrafal, a única visita que os Tarrafalistas receberam e que nunca esqueceram, e deveu-se muito a Luís Alves de Carvalho a ideia e o custeamento do Mausoléu aos 32 resistentes antifascistas que ali morreram erigido no Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.

A correspondência trocada entre Virgínia Moura e António Lobão Vital refere, por diversas vezes, a solidariedade exemplar do casal Herculana e Luís Alves de Carvalho, sendo que, mesmo presa, Virgínia Moura procurou dar o apoio possível a este quando enviuvou em maio de 1952: "Querido António, se ainda não escreveste ao senhor Luís de Carvalho, peço-te muito muito que o faças rapidamente. É muito nosso amigo e por isso merece ser tratado por nós com todas as deferências. Ele escreveu-te logo ao outro dia do funeral da esposa. Mesmo nos momentos dolorosíssimos que passou, nunca nos esqueceu. É bem uma prova a carta que te escreveu. Eu tenho-lhe escrito." [carta de VM a ALV datada de 28 de Maio de 1952, Manuela Espirito Santo, Tem cuidado, meu amor. Cartas da prisão de Virgínia Moura e António Lobão Vital, Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 2015]

[Fotografia completa prontamente disponibilizada por Sérgio Valente, a quem muito se agradece. Atrás, Albertina Diogo Carvalho, a nora que, tal como Guilherme da Costa Carvalho, também conheceu a prisão e a tortura durante a ditadura. Também estão na fotografia Raul de Castro, Hernâni Silva, Carlos Costa, Óscar LopesDiamantino]

[João Esteves]

[2408.] FERNANDO VICENTE [II] || FOTOGRAFIA NO TARRAFAL - 23/12/1949

 * FERNANDO VICENTE *

Fotografia no Tarrafal, datada de 23 de Dezembro de 1949, disponibilizada por Ana Vicente, sua filha.


Guilherme da Costa Carvalho [1921-1973], militante e dirigente do Partido Comunista, foi preso em Outubro de 1948 e, depois de passar pelo Aljube, Caxias e Peniche, seria deportado para o Tarrafal em Setembro de 1949.

Seus pais, Herculana [1900 - 1952] e Luís de Carvalho [1899 - 1978], conseguiram autorização para o visitar, deslocando-se ao Tarrafal num paquete, desembarcando em Dezembro de 1949. Aí, Luís Alves de Carvalho foi autorizado a fotografar os presos políticos, tendo Herculana de Jesus abraçado cada um como se fossem todos seus filho.

No regresso, o casal visitou cada uma das suas famílias, entregando-lhes, num acto solidário e de enorme generosidade e despreendimento, fotografias dos entes queridos.

Nesta fotografia, datada de 23 de Dezembro de 1949, está, entre outros, Fernando Vicente (o segundo a contar da direita para quem vê de frente), tendo Herculana e Luís de Carvalho deslocado-se à aldeia de Paul, Torres Vedras, para a entregar às irmãs.

Agradece-se a Ana Vicente, filha de Fernando Vicente, a generosidade com que disponibilizou esta fotografia de enorme valor afectivo.

Fernando Vicente, 2.° artilheiro, militante do Partido Comunista e um dos reorganizadores, em 1936, da Organização Revolucionária da Armada, foi dos presos que mais tempo permaneceu encarcerado no Tarrafal (29 de Outubro de 1936 a Junho de 1953), o que muito contribuiu para o seu falecimento precoce aos 50 anos de idade [24/04/1914 - 22/01/1965].

Apesar de tudo o que passou, no regresso voltou à militância política possível, continuando a ser um nome muito respeitado e honrado na sua terra.

[João Esteves]

[2407.] ROSTOS E NOMES DOS DEPORTADOS POLÍTICOS PARA O TARRAFAL [V] || LETRAS L-Z

* ROSTOS E NOMES DE DEPORTADOS PARA O TARRAFAL (Continuação) *

[NOMEAI TODOS OS NOMES - ANTÓNIO BORGES COELHO

248.
[Levindo Manuel da Costa || N. 24-06-1915 || Ferreiro || 29-09-1940 a 10-02-1945]

249.
[Luís da Costa Figueiredo || N. 25-06-1897 || Advogado || 12-06-1937 a 19-04-1939]

250.
[Luís Duarte || N. 14-03-1902 || Manipulador || 12-06-1937 a 02-05-1943]

251.
[Luís Ferreira Lima || 10-04-1908 || Motorista || 12-06-1937 a 07-07-1940]

252.
[Luis Manuel Dizy Arguelles || Espanhol || N. 22-12-1911 || Industrial || 28-06-1940 a 23-01-1946]

253.
[Luís Pires Mendonça ou Luís Pires Barbacena || N. 15-04-1915 || Trabalhador || 07-03-1941 a 23-01-1946]

254.
[Luís Rebelo || N. 08-11-1909 || Pedreiro || 29-10-1936 a 27-01-1940]

255.
[Luís Valente de Matos || N. 05-01-1918 || Estudante || 25-11-1941 a 09-09-1943]

256.
[Manuel Afonso || 07-11-1908 || Trabalhador || 27-06-1939 a 10-02-1945]

257.
[Manuel Albino || N. 22-01-1905 || Pedreiro || 12-06-1937 a 23-01-1946]

258.
[Manuel Amado dos Santos || N. 02-08-1912 || 1.º Artilheiro || 29-10-1936 a 18-01-1951]

259.
[Manuel António Boto || N. 26-04-1907 || Serralheiro mecânico || 25-06-1941 a 16-11-1945]

260.
[Manuel Augusto da Costa || N. 21-05-1887 || Servente de pedreiro || 29-10-1936 || Faleceu em 03-06-1945]

261.
[Manuel Augusto da Rosa Alpedrinha || N. 1905 || Estudante || 29-10-1936 a 23-01-1946]

262.
[Manuel Batista dos Reis ou Manuel Reis || N. 18-02-1908 || Médico || 25-06-1941 a 23-01-1946]

263.
[Manuel Batista Miranda || N. 23-04-1910 || Serrador || 29-10-1936 a 27-01-1940]

264.
[Manuel Borges do Canto || N. 07-07-1906 || Serralheiro || 25-06-1941 a 15-01-1944]

265.
[Manuel da Graça || N. c. 1896 || Soldador || 29-10-1936 a 10-02-1945]

266.
[Manuel Firmo || N. 09-09-1909 || Ajustador - montador || 27-06-1942 a 23-01-1946]

267.
[Manuel Fontes || N. 06-11-1912 || Empregado comércio || 28-06-1940 a 23-01-1946]

268.
[Manuel Francisco Candeias || N. 28-04-1898 || Guarda da PSP || 08-04-1939 a 18-08-1945]

269.
[Manuel Francisco Rodrigues || N. 12-02-1901 || Tradutor || 13-09-1941 a 10-02-1945]

[Manuel Francisco Rodrigues foi um homem extraordinário. A sua obra “Tarrafal Aldeia da Morte - o diário da B5”, é a melhor obra sobre o Campo do Tarrafal. Anarca-cristão tolstoiano, Trabalhou como repórter, professor, tradutor de línguas estrangeiras e autor de várias obras literárias onde se apresenta ao público com o pseudónimo de Oryam. Integrado no movimento anarquista, casou em Espanha com a filha de José Rodrigues Reboredo e combateu como voluntário na guerra civil contra os franquistas. Acompanhado pela família atravessou os Pirenéus e refugiou-se em França mas acabou por conhecer a dureza dos campos de concentração de Argelès-Sur-Mer; Saint-Cyprien e Gurs. Em dezembro de 1940 regressa a Portugal e, juntamente com o sogro, é detido e posteriormente deportado para o Tarrafal - Informação de Antónia Gato].

270.
[Manuel Gomes || 15-01-1903 || Trabalhador || 12-06-1937 a 23-01-1946]

271.
[Manuel Gonçalves Rodrigues || N. 02-01-1896 || Pedreiro || 29-10-1936 a 27-01-1940]

272.
[Manuel Henriques Rijo || N. 1897 || Empregado escritório CP || 29-10-1936 a 10-02-1945]

273.
[Manuel Maria da Silva Pinho || Padeiro || 10-02-1907 || 07-03-1941 a 16-03-1947]

274.
[Manuel Maria || N. 08-07-1904 || Trabalhador || 25-06-1941 a 10-02-1945]

275.
[Manuel Molina Vailó ou Bailão ou Bailo || N. 27-05-1909 || Mineiro || 13-09-1941 a 10-02-1945]

276.
[Manuel Moniz Bettencourt || N. 11-02-1911 || Aprendiz de carpinteiro || 27-06-1942 a 23-01-1946]

277.
[Manuel Pereira dos Santos || 1896 || Industrial - sapateiro || Dep. CV em 06-08-1931 || Enviado para o Tarrafal em 20-08-1937 a 10-02-1945]

278.
[Manuel Pessanha || N. 27-07-1906 || Corticeiro || 29-10-1936 a 23-01-1946]

279.
[Manuel Rodrigues da Silva Júnior || N. 10-04-1909 || Serralheiro || 29-10-1936 a 23-01-1946]

280.
[Mário Batista Reis ou Mário B. Reis || N. 14-11-1910 || Estudante - Electricista || 27-06-1942 a 23-01-1946]

281.
[Mário dos Santos Castelhano || N. 31-05-1896 || Empregado escritório || 29-10-1936 || Faleceu em 12-10-1940]

282.
[Mateus Pedroso || N. 04-11-1906 || Trabalhador || 13-09-1941 a 23-01-1946]

283.
[Miguel Francisco Ramos || N. 28-09-1916 || Trabalhador || 25-06-1941 a 23-01-1946]

284.
[Miguel Óscar de Oliveira || N. 21-01-1900 || Sapateiro || 31-08-1941 a 19-01-1942]

285.
[Miguel Wager Russel || N. 01-02-1908 || Ex-Funcionário público || 12-06-1937 a 23-01-1946]

286.
[Militão Bessa Ribeiro || N. 13-08-1896 || Agricultor || 29-10-1936 a 07-07-1940 || Agosto de 1944 a Novembro de 1945]

287.
[Oliver Branco Bartolo || N. 06-03-1909 || Marinheiro || 29-10-1936 a 23-01-1946]

288.
[Patrício Domingues Quintas || N. 16-06-1913 || Estudante || 29-10-1936 a 07-07-1940 || Fotografia de 07-06-1943]

289.
[Paulo José Dias || N. 24-01-1904 || Fogueiro marítimo || 28-06-1940 || Faleceu em 13-01-1943]

290.
[Pedro da Cunha e Foios Teixeira || Funcionário público || 27-06-1942 a 13-12-1943]

291.
[Pedro de Matos Filipe || N. 19-06-1901 || Descarregador || 29-10-1936 || Faleceu em 23-09-1937]

292.
[Pedro dos Santos Soares || N. 13-01-1915 || Estudante da FLL || 29-10-1936a 07-07-1940 || Junho de 1943 a 23-01-1946]

293.
[Pedro José da Conceição || N. 11-08-1899 || Sargento da Marinha de Guerra || 07-03-1941 a 23-01-1946]

294.
[Rafael Tobias Pinto da Silva || N. 14-12-1910 || Relojoeiro || 29-10-1936 || Faleceu em 22-09-1937]

295.
[Reinaldo de Castro || N. 06-06-1907 || Empregado comércio || 25-06-1941 a 23-01-1946]

296.
[Reinaldo Vítor || N. 04-05-1904 || Trabalhador || 01-03-1940 a ?]

297.
[Rodrigo Ramalho || N. 22-07-1909 || 2.º sinaleiro - marinha || 29-10-1936 a 16-04-1949]

298.
[Rui Cardoso Gomes || N. 1916 || Marinheiro || 12-06-1937 a 10-02-1945]

299.
[Saul Gonçalves || N. 27-11-1916 || Vendedor ambulante || 08-04-1939 a 23-01-1946]

300.
[Sebastião da Encarnação Júnior || N. 10-10-1895 || Comércio || 27-06-1942 a 15-01-1944]

301.
[Sebastião de Jesus Palma || N. 20-06-1879 || Agente comercial || 13-08-1942 a 13-01-1944]

302.
[Sebastião dos Ramos Viola Júnior || N. 12-01-1915 || Empregado escritório|| 28-09-1939 a 23-01-1946]

303.
[Sebastião Salvador Rosinha || Ajudante de motorista || 12-06-1937 a 10-02-1945]

304.
[Sérgio de Matos Vilarigues || N. 23-12-1014 || Cortador de carnes verdes || 29-10-1936 a 07-07-1940]

305.
[Silvino Leitão Fernandes Costa || N. c. 1912 || Ajudante de farmácia || 29-10-1936 a 23-01-1946]

306.
[Tomás Batista Marreiros || N. 22-08-1906 || Fogueiro da Armada || 29-10-1936 a 30-07-1953]

307.
[Tomás Ferreira Rato ou Tomás Ferreira da Silva || N. 05-03-1909 || 29-10-1936 a 23-01-1946]

["Tomás Rato: foi proprietário de uma papelaria na Marinha Grande. Emigrou para França, tendo regressado à Marinha Grande. Integrando um pequeno grupo, protagonizou uma fuga do campo da morte lenta, mas foi rapidamente capturado. Sinto um enorme orgulho em ter sido seu amigo e de com ele ter tido longas conversas, nas quais muito aprendi." - Informação de Paulo Tojeira]

308.
[Tomás Garcia || N. 10-03-1907 || Canalizador || 12-06-1937 a 23-01-1946]

309.
[Virgílio de Sousa || N. 27-04-1903 || Enfermeiro || 12-06-1937 a 23-01-1946]

310.
[Virgílio Martins ou Virgílio Celestino Oliveira Martins || N. 27-10-1907 || Trabalhador || 29-10-1936 a 10-02-1945]

311.
[Vitorino Domingues || N. 04-03-1888 || Trabalhador || 29-09-1940 a 23-01-1946]


Fontes:
- ANTT: Livros de Cadastrados.
- ANTT: Registo Geral de Presos.

[João Esteves]