[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

terça-feira, 30 de abril de 2019

[2128.] LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS NO PORTO [II] || DEPOIMENTO DE ARNALDO MESQUITA

* LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS || PORTO || 26 DE ABRIL DE 1974 *

DEPOIMENTO DE ARNALDO MESQUITA - VIA URAP

«O fim do fascismo e a queda da PIDE no Porto
Crónica do Dr. Arnaldo Mesquita

Poucos o saberão hoje e por isso o recordo aqui: Os três últimos presos políticos a serem libertados das garras e das cadeias da PIDE (DGS) no Porto, não no dia 25 mas já no dia 26 de Abril de 1974 -  fez agora 33 anos! - foram um jovem comunista, chamado Jorge Pisco, de condição trabalhadora, que se havia destacado numa manifestação popular anterior enfrentando os policias (PIDE e PSP), que no decurso dela o pretenderam prender; eu próprio, seu advogado com procuração junta ao respectivo processo; e Óscar Lopes, o bem conhecido pensador, escritor, professor e ensaísta, meu querido camarada do PCP, então membro destacado (e abnegado) da tão necessária, útil (e valiosa) Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, felizmente hoje ainda vivo (e que o seja por muitos anos).
Já vos direi algo sobre o insólito de tudo isto. Por agora devo lembrar o que também nem todos saberão ou terão presente.
A queda do fascismo, na cidade do Porto, apenas se consumou no dia 26 de Abril de 1974, já com as massas populares a movimentarem-se e a manifestarem-se publicamente, assim forçando quer à rendição da famigerada PIDE (DGS), então aqui chefiada pelo depois muito falado Rosa Casaco, quer à semi-neutralização  da PSP sob comando de Santos Júnior (coronel), de triste memória, celebrizado pelas malfeitorias das suas brigadas, bem conhecidas, porque especializadas em reprimir sobretudo as manifestações populares. Quanto ao Rosa Casaco (a quem eu já conhecia desde 1959, da tortura do sono por mim sofrida na sede da PIDE, em Lisboa) tinha sido escolhido depois, pelo próprio Salazar (o ditador, seu Chefe Supremo), para chefiar a brigada que atraiu Humberto Delgado a uma armadilha no Sul de Espanha e ali o assassinou).
Rosa Casaco encontrava-se então no Porto a frente da delegação da PIDE, (que Marcelo Caetano havia crismado de D.G.S)., e era secundado nisso por um tal Dr. Cunha, igualmente muito conhecido como dirigente local (e superior) dessa sinistra organização de malfeitores, torcionários e assassinos profissionais a mando dos dois, in loco.
Ora bem: Quando se tornou claro que o histórico levantamento dos militares de Abril havia triunfado em Lisboa, a multidão dos populares começou também a manifestar-se, embora de início ainda timidamente, nas ruas do Porto, concentrando-se, sobretudo de tarde, na Praça da Liberdade, na Avenida dos Aliados e ao redor delas.
Pela minha parte, deixei o meu filho mais velho na Praça da Liberdade e fui observar o que se passava com a PIDE/DGS, na sua delegação, à Rua do Heroísmo, constatando dali que o edifício estava com as portas e as janelas praticamente todas cerradas, embora com algumas sombras por detrás das mesmas, a espiar.
Junto dele não se via avistava ninguém. Literalmente, ninguém.
Concluí que a rendição (inevitável) daqueles miseráveis apenas se daria no dia (ou dias) seguintes e assim veio a acontecer de facto, no dia 26.
Quando nesse dia, seriam 8 horas, lá cheguei de novo, já as Forças Armadas estavam no interior do edifício e a multidão expectante, na rua, crescia momento a momento.
Juntei-me a um grupo de camaradas meus. Recordo alguns: Virgínia de Moura, Óscar Lopes, Papiniano Carlos, Olívia Vasconcelos. Ficamos todos junto do portão da entrada de serviço, a aguardar (e a influenciar também, na medida do possível, os soldados do MFA que ali estavam).
Em face das nossas insistências, passado já um tempão, permitiram por fim que entrássemos alguns: Virgínia de Moura (de todos bem conhecida e logo aplaudida); Óscar Lopes, idem: quer por si quer como membro da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos; e eu próprio, como advogado do Jorge Pisco, último preso político que a parte, mais retrógrada, dos militares ali presentes queria manter preso! Diziam estes (spinolistas) que não devia ser libertado, porque ele resistira à prisão defendendo-se, no acto dela!
Portanto era um preso de direito comum e não um politico, assim seguindo eles na mesma esteira da argumentação pidesca!
Tanto quanto pude perceber, o comandante dos militares que tal sustentavam, que teria negociado a rendição e que para isso teria sido destacado, era um coronel (ou major?) de seu nome Azeredo, que depois foi muito falado, nas voltas e reviravoltas do processo libertador; e que os jovens militares do MFA com quem falei, aliás, logo apontavam como spinolista ferrenho.
O qual não permitia, pois, a libertação do Jorge Pisco porque agressor da "autoridade", segundo o dissera a própria PIDE! E quiçá a PSP!
Claro, que nem eu nem Óscar Lopes, de modo nenhum podíamos concordar com isso e foi o cabo dos trabalhos:                        
Ficamos os três presos dentro do próprio edifício, enquanto sorrateiramente, quase sem nos darmos conta disso, os demais presos políticos já estavam em liberdade!
E (pasme-se!): os próprios PIDES em vias de o ser também.
Abro aqui um parêntesis: Logo à entrada, denunciei aos militares o famigerado inspector "Dr. Cunha" (que continuava armado, com as armas escondidas nos bolsos, e que só então foi, pressuroso, ao ver-nos, entregá-las a um militar).
Tal como denunciei o Rosa Casaco, indicando-os a ambos como responsáveis principais dos muitos crimes ali cometidos, e frisando bem que podia testemunhar, pessoalmente, quer a tortura do sono por mim sofrida anos antes, quer, como advogado, a tortura sofrida pelos outros presos às ordens do primeiro (Rosa Casaco) e do segundo (Dr. Cunha). Mas debalde o fiz.
Como que à socapa, passado pouco tempo e quase sem nos darmos conta disso, também os PIDES foram metidos em camiões, e retirados dali.
Soube-se mais tarde que vieram a ser soltos todos, imagine-se! para os lados da Maia nos arredores da cidade do Porto.
E assim ali ficamos nós -  eu, Óscar Lopes e Jorge Pisco -  guardados pelos militares, quais presos políticos de última hora, fechados no soturno edifício.
Fomos fotografados até, por um repórter que entretanto devia ter conseguido entrar, ao meio da tarde. Finalmente, meteram-nos num veículo militar e conduziram-nos ao Quartel General, aonde um jovem graduado do MFA, indignado com o que lhe contámos, nos mandou em paz depois de nos informar que os PIDES não se encontravam nem haviam passado por ali! Desconhecendo ele o seu paradeiro.
E assim, Rosa Casaco, o torcionário e assassino chefe da brigada que matou Humberto Delgado, etc, etc., pôde ir tratar da rica vidinha, para Espanha, como qualquer inocente cidadão deste país, até que a prescrição o salvasse!
No tocante ao "Dr. Cunha", este até teve a "lata" de tentar inscrever-se como advogado na respectiva Ordem, o que não conseguiria. Aliás, seguindo o exemplo doutros fascistas notórios, das altas esferas, ministros incluídos, que o conseguiram!
E pronto. Fico-me por aqui, por agora.
[...]»

Crónica publicada no semanário Terras Vale do Sousa - Lousada

[2127.] ÁLVARO CUNHAL [III] || 30 DE ABRIL DE 1974 - TARJETA

* CHEGADA DE ÁLVARO CUNHAL A PORTUGAL || 30 DE ABRIL DE 1974 || TARJETA *

[Arquivo Particular || AGE]

[2126.] LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS NO PORTO [I] || 26 DE ABRIL DE 1974

* LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS || PORTO || 26 DE ABRIL DE 1974 *

Na manhã de 26 de Abril de 1974, Virgínia Moura e Óscar Lopes dirigem-se para as instalações da PIDE, na Rua do Heroísmo

[Porto || 26/04/1974 || Fotografia de Pereira de Sousa]

[Porto || 26/04/1974 || À porta da PIDE || Papiniano CarlosOlívia VasconcelosVirgínia Moura, Óscar LopesManuel Afonso Strecht Monteiro || Fotografia cedida por Maria Vasconcelos ao Grupo FNM]

PRESOS POLÍTICOS LIBERTADOS NO PORTO

António Augusto Moreira dos Santos
António Jorge Mendes Carvalho [Jorge "Pisco", o último preso a ser libertado]
António Pereira Soares
Arnaldo Ferreira Rosas
Hernâni Manuel de Sousa Macedo
José Manuel Ramos Penafort Campos
Manuel Eduardo Sousa Pacheco
Mário da Costa Nogueira
Rui da Fonseca Vieira

[Porto || 26/04/1974 || Libertação de José Manuel Ramos Penafort Campos e de Manuel Eduardo Sousa Pacheco || Fotografia de Pereira de Sousa || Publicada no Grupo FNM em 26/04/2018]


[Porto || 26/04/1974 || Óscar Lopes e Virgínia Moura na varanda do edifício da PIDE, Rua do Heroísmo]

[João Esteves]

segunda-feira, 29 de abril de 2019

[2125.] LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS DE PENICHE [II] || 27 DE ABRIL DE 1974

* LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS || PENICHE || 27 DE ABRIL DE 1974 *



[Fotografias de Ezequiel Santos]

PRESOS POLÍTICOS LIBERTADOS DE PENICHE

Ângelo Matos Mendes Veloso [1930 - 1990]
António Cândido Tavares Coutinho Coelho 
António Joaquim Gervásio [1927]
António Manuel Garcia Neto [ ? - 1977]
António Maria Metelo Perez 
Carlos Alberto do Nascimento Saraiva da Costa
Carlos António Cardoso Gonçalves
Carlos António Gonçalves Tomás ou Carlos Domingos Gonçalves Tomás
Carlos Domingos Soares da Costa
Dinis Fernandes Miranda [1929 - 1991]
Filipe Viegas Aleixo [1915 - 2000]
Francisco Manuel Cardoso Braga
Francisco Martins Rodrigues [1927 - 2008]
Horácio José Cecílio Rufino
João Carneiro de Moura Pulido Valente [1925 - 2003]
João Manuel Duarte de Carvalho
João Pedro Mendes da Ponte
João Viegas dos Santos
Joaquim de Sousa Duarte
José António Brasido da Palma
José Eurico Bernardo Fernandes
José Fernando da Fonseca Simões de Sousa
José Guerreiro Drago
José Manuel Caneira Iglésias
José Pedro Correia Soares
Licínio Pereira da Silva
Luís Filipe Coelho Fraga da Silva
Luís Miguel Vilã Marques Rodrigues
Manuel Martins Pedro
Nelson do Rosário Anjos
Pedro de Campos Alves
Raul Domingos Caixinhas
Rui Benigno Barbosa Paulo da Cruz [1949 - ]
Rui Manuel Pires de Carvalho d'Espiney [1942 - 2016]
Rui Teives Henriques
Sebastião Augusto Bandeira de Lima Rego


[Fotografias de Ezequiel Santos]

[João Esteves]

domingo, 28 de abril de 2019

[2124.] LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS DE CAXIAS [I] || 27 DE ABRIL DE 1974

* LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS || CAXIAS || 27 DE ABRIL DE 1974 *

[O rapaz é Eugénio Ruivo e, à direita, Mário Vítor Cardoso de Sena Lopes, ambos libertados de Caxias (este último nome identificado pelo filho, José Sena Lopes)]

[Fotografias de Carlos Alberto || in 25 de Abril || Livro concluído em 5 de Maio de 1974, coordenado pelos jornalistas Afonso Praça, Albertino Antunes, António Amorim, Cesário Borga e Fernando Cascais (Casaviva Editora)]

PRESOS LIBERTADOS DO FORTE DE CAXIAS
[Via Helena Pato || Fontes: Joana Pereira Bastos, Os Últimos Presos do Estado Novo e colaborações diversas, ao longo dos anos, no Grupo Fascismo Nunca Mais]

Abel Henriques Ferreira
Acácio Frajono Justo
Albano Pedro Gonçalves de Lima
Alberto Rodrigues Filipe
Álvaro Monteiro Rodrigues Pato
Amado Jesus Ventura da Silva
Ana Maria dos Santos Quintalo da Cunha [Perez]
António Carlos Manso Pinheiro
António José Vieira Pinto
António Luís Cotrim
António Manuel Magalhães Gama Rocha
António Pinheiro Monteiro
Armando Mendes
Carlos Alberto da Silva Coutinho
Carlos Biló Pereira
Carlos Manuel de Oliveira Santos
Ernesto Carlos da Conceição Pereira
Eugénio Manuel Pacheco da Costa Ruivo
Ezequiel Dionísio Vieira de Castro e Silva
Fernando da Piedade Carvalho
Fernando Domingues Roque
Fernando José Penim Redondo
Fernando Nunes Pereira
Figueiredo Filipe
Henrique Manuel Pereira Sanchez
Hermínio da Palma Inácio
Horácio Crespo Pedrosa Faustino
Ivo Brainovic
Jaime Fernandes
João Boutonet de Resende
João Duarte Pereira
João Filipe Brás Fontes Frade
João Pedro de Lemos Santos Silva
Joaquim Brandão Osório de Castro
Joaquim Gorjão Duarte
Jorge Manuel Martins Estima
José Adelino da Conceição Duarte
José Alberto Costa Carvalho
José Alberto Rebelo dos Reis Lamego
José Carlos Almeida 
["longos anos na clandestinidade como funcionário do PCP, foi preso nas vésperas do 25 de Abril. Sujeito à tortura do sono nem sequer disse o nome, pelo que muitas vezes na lista dos presos libertados de Caxias não figura o seu nome" - via Vasco Paiva];
["foi o último preso político português, três dias antes do 25 de Abril. E pelo facto de ter sido tão firme durante os interrogatórios e as torturas, que nem o seu nome disse, o seu nome não constava na lista dos presos. A sua mulher, minha camarada e comadre Faustina, quando procurou saber onde ele estava, não conseguia encontrá-lo. Só depois de libertado é que soubemos dele" - via Margarida Tengarrinha].
José Casimiro Martins Ribeiro
José Ferreira Fernandes
José Luís Saldanha Sanches
José Manuel Marques do Carmo Mendes Tengarrinha 
José Oliveira da Silva
Liliana de São José André Teles Palhinha
Luís Filipe Rodrigues Cardoso Guerra
Luís Manuel Vítor dos Santos Moita
Manuel dos Santos Guerreiro
Manuel Gomes Serrano
Manuel Joaquim Miguel Judas
Manuel José Coelho Silva Abraços
Manuel Martins Felizardo
Manuel Policarpo Guerreiro
Marcos Manuel Rolo Antunes 
[preso, pela primeira vez, em 19/10/1952]
Margarida Maria de Alpoim Aranha
[não consta do Registo Geral de Presos]
Maria da Conceição Vítor Moita
Maria de Fátima da Fonseca Ribeiro Pereira Bastos
Maria Elvira Barreira Ferreira Nereu
Maria Fernanda Dâmaso de Almeida Marques Figueiredo 
Maria Helena Augusto das Neves Gorjão
Maria Helena Vasconcelos Nunes Vidal
Maria Manuela Soares Gil
Maria Rosa Pereira Marques Nunes Penim Redondo 
Mário Abrantes Oliveira da Silva
Mário Ventura Henriques
Mário Vítor Cardoso de Sena Lopes
Mateus Vítor Mendes Branco
Miguel António Jasmins Pereira Rodrigues
Norberto Vilaverde Isaac
Nuno Teotónio Pereira
Orlando Bernardino Gonçalves
Pedro Mendes Fernandes Rodrigues Filipe
Rafael dos santos Galego
Ramiro Antunes Raimundo
Ramiro Gregório Amendoeira
Ramiro Rodrigues Morgado
Sérgio José Ferreira Ribeiro
Vítor Manuel Caetano Dias
Vítor Manuel Jesus Rodrigues

INTERNADOS NA PRISÃO - HOSPITAL DE CAXIAS

António Dias Lourenço da Silva
José Alves Tavares Magro
Miguel Camilo
Rogério Rodrigues Dias de Carvalho

[Aguardando a libertação || Fotografia retirada do Blogue DOTe e COMe, de F. Penim Redondo, também ele Preso Político || José Tengarrinha ao centro]

[Aguardando a libertação || Fotografia retirada do Blogue DOTe e COMe, de F. Penim Redondo, também ele Preso Político  || Hermínio da Palma Inácio, ?, Eugénio Ruivo e Fernando Correia]

[João Esteves]

sexta-feira, 26 de abril de 2019

[2123.] LUÍSA CHAGAS COSTA [I] || PRESA POLÍTICA (1938 - 1939)

* LUÍSA CHAGAS COSTA *
[06/12/1916 - ?]

Activista do Partido Comunista nos anos 30 do século XX, com intervenção na área das tipografias clandestinas, numa época em que se começava a reforçar o papel das mulheres na imprensa partidária ilegal. 

[Luísa Chagas Costa || 1938 || ANTT || RGP/9309 || PT-TT-PIDE-E-010-47-9309_m0227]

Filha de Rosalina Chagas Costa e de Francisco Bartolomeu Costa, Luísa Chagas Costa nasceu em 6 de Dezembro de 1916, em Sesimbra.

Luísa Chagas Costa envolveu-se, ainda muito nova, na militância comunista contra a Ditadura do Estado Novo, começando por ter actividade na casa da Avenida General Roçadas com Aníbal da Silva Bizarro [Irene Flunser Pimentel, Biografia de um Inspector da PIDE, 2008, pp. 94 e 332], “O Victor”, operário pintor militante desde 1933, preso em Maio de 1936, depois de dois anos de impressão do jornal Avante!, e enviado sem julgamento, em 5 Junho de 1937, para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde só sairia em finais de 1944. 

[Luísa Chagas Costa || 1938 || ANTT || RGP/9309 || PT-TT-PIDE-E-010-47-9309_m0227]

Em 15 de Janeiro de 1938, quando tinha 21 anos, foi detida na tipografia da Avenida Sacadura Cabral, juntamente com Adelino Mendes [08/01/1910 - 1975] - grumete do navio Gonçalo Velho que tinha participado, em 1936, na Revolta dos Marinheiros e, exilado em Cuba desde 1941, juntou-se à sua revolução, tendo morrido naquele país; Augusto da Costa Valdez [01/02/1914 - 1988] - também deportado para o Tarrafal, chegando posteriormente a jornalista de A Bola por intermédio de Cândido de Oliveira; e Lino dos Santos Coelho [10/12/1913 - 03/04/1990] - trabalhador na Fábrica de Louça de Sacavém -, todos funcionários partidários e que mantiveram actividade política oposicionista durante muitos anos. Este último publicou as suas Memórias, as quais ajudam a enquadrar as regras conspirativas do funcionamento das tipografias na década de 30 [Memórias de um Rebelde. Testemunhos do Terror Fascista, Editora Em Marcha, 1981]. 

[Luísa Chagas Costa || 1938 || ANTT || RGP/9309 || PT-TT-PIDE-E-010-47-9309_m0227]

Levada para uma esquadra, incomunicável, Luísa Chagas Costa seria transferida para a Cadeia das Mónicas em 23 de Junho e julgada pelo Tribunal Militar Especial em 29 de Abril de 1939.

Condenada na pena de 18 meses de prisão e perda de direitos políticos por cinco anos, foi libertada em 6 de Julho de 1939.

Feminae. Dicionário Contemporâneo, editado pela CIG em 2013, inclui a biografia possível de Luísa Chagas Costa.

Fonte:
ANTT, Registo Geral de Presos 9309 [Luísa Costa Chagas / PT-TT-PIDE-E-010-47-9309_m0227].

Bibliografia:
AA.VV., Tarrafal – Testemunhos, Lisboa, Editorial Caminho, 1978, p. 333.
Irene Flunser Pimentel, Biografia de um Inspector da PIDE, Lisboa, A Esfera dos Livros, 2008, pp. 94 e 332.
José Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal – Uma Biografia Política, Vol. 1 – “Daniel”, O Jovem Revolucionário (1913-1941), Lisboa, Temas e Debates, 1999, p. 294.
Lino Santos Coelho, Memórias de um rebelde. Testemunhos do terror fascista, Lisboa, Editor em Marcha, 1981.
Partido Comunista Português, 60 Anos de Luta ao Serviço do Povo e da Pátria (1921-1981) [Tipografias clandestinas], Lisboa, Edições Avante!, 1982.

[João Esteves]

quinta-feira, 25 de abril de 2019

[2122.] MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) [IX] || INAUGURAÇÃO 25 DE ABRIL 2019

* HONRA À MEMÓRIA DOS QUE SE BATERAM PELA LIBERDADE || MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) *

25 DE ABRIL DE 2019


[Metro Baixa - Chiado || 25 de Abril de 2019]

[2121.] MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) [VIII] || INAUGURAÇÃO 25 DE ABRIL 2019

* HONRA À MEMÓRIA DOS QUE SE BATERAM PELA LIBERDADE || MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) *

25 DE ABRIL DE 2019





[Metro Baixa - Chiado || 25 de Abril de 2019]

[2120.] MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) [VII] || INAUGURAÇÃO 25 DE ABRIL 2019

* HONRA À MEMÓRIA DOS QUE SE BATERAM PELA LIBERDADE || MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) *

25 DE ABRIL DE 2019




[Metro Baixa - Chiado || 25 de Abril de 2019]

[2119.] MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) [VI] || INAUGURAÇÃO 25 DE ABRIL 2019

* HONRA À MEMÓRIA DOS QUE SE BATERAM PELA LIBERDADE || MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) *

25 DE ABRIL DE 2019



[Metro Baixa - Chiado || 25 de Abril de 2019]

[2118.] MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) [V] || INAUGURAÇÃO 25 DE ABRIL 2019

* HONRA À MEMÓRIA DOS QUE SE BATERAM PELA LIBERDADE || MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) *

25 DE ABRIL DE 2019



[Metro Baixa - Chiado || 25 de Abril de 2019]

[2117.] MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) [IV] || INAUGURAÇÃO 25 DE ABRIL 2019

* HONRA À MEMÓRIA DOS QUE SE BATERAM PELA LIBERDADE || MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) *

25 DE ABRIL DE 2019






[Metro Baixa - Chiado || 25 de Abril de 2019]

domingo, 21 de abril de 2019

[2115.] VIRGÍNIA INÊS DE LIMA [I] || PRESA POLÍTICA (1937 - 1938)

* VIRGÍNIA INÊS DE LIMA *
[13/07/1912 - ?]

[Virgínia Inês Lima || 1937 || ANTT || RGP/8925 || PT-TT-PIDE-E-010-45-8925_m0255]

Filha de Maria de Castro Lima e de Teófilo Augusto Rodrigues de Lima, Virgínia Inês Lima nasceu em 13 de Julho de 1912, em Lisboa.

Professora, envolveu-se em actividades políticas na década de 30. 

Presa em 22 de Novembro de 1937 pela Secção Política e Social da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, juntamente com o professor liceal e importante dirigente comunista Alberto Emílio de Araújo [14/12/1909 - 19/031955], enviado posteriormente para o Campo de Concentração do Tarrafal, depois de ter passado pelas prisões do Aljube, Caxias e Peniche [ANTT, Cadastro Político 8401Processo 3198]. 

[Virgínia Inês Lima || 1937 || ANTT || RGP/8925 || PT-TT-PIDE-E-010-45-8925_m0255]

Levada para uma esquadra incomunicável, foi transferida para a Cadeia das Mónicas em 28 de Março de 1938 e libertada em 11 de Junho de 1938, permanecendo encarcerada cerca de sete meses [Processo 25/938].

[Virgínia Inês Lima || 1937 || ANTT || RGP/8925 || PT-TT-PIDE-E-010-45-8925_m0255]

Pouco tempo depois, Virgínia Lima terá ido estudar para Paris e, devido à 2.ª Guerra, refugiou-se na Suíça onde conheceu um refugiado húngaro que também sabia latim e com quem acabaria por casar.

De regresso a Portugal, militou no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e integrou, em 1945, as Comissões de Educação e de Propaganda, sendo referenciada como Dr.ª.


Leccionou Português e Latim no Liceu de Oeiras, onde era muito conceituada. Como não podia concorrer, era o Reitor que se responsabilizava por ela.

Fontes:
ANTT, Cadastro Político 8401 [Virgínia Inês de Lima / PT-TT-PIDE-E-001-CX15_m0702].
ANTT, Registo Geral de Presos 8925 [Virgínia Inês Lima / PT-TT-PIDE-E-010-45-8925_m0255].

[João Esteves]

[2114.] MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) [III] || INAUGURAÇÃO 25 DE ABRIL 2019

* MEMORIAL AOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS (1926 - 1974) *


O MEMORIAL É INAUGURADO NO DIA 25, ÀS 14.00

[uma iniciativa de um grupo de cidadãos acolhida pela Câmara Municipal de Lisboa]

Situa-se à entrada da ESTAÇÃO BAIXA-CHIADO, junto à Brasileira

Ao cimo, em dois écrans gigantescos, estão em permanente circulação nomes de muitos milhares de presos políticos (por ordem alfabética) - ver imagem I

DO LADO ESQUERDO

Em destaque:
RESISTIR
Ao longo de 48 anos (1926-1974) milhares de
homens e mulheres lutaram em Portugal e nas
colónias contra a mais longa ditadura da
Europa.
Honra à memória dos que se bateram pela
liberdade!

CAIXA DE TEXTO - RESISTIR

Ao longo dos 48 anos de ditadura, a polícia política prendeu, torturou e acusou milhares de
cidadãos e cidadãs pela sua resistência ao regime. Só em Portugal, 2 presos políticos por dia.
A sua luta - e a dos muitos milhares de combatentes das colónias - abriu o caminho para o fim da
ditadura.
Recordá-los é a razão deste Memorial.
Mesmo sabendo que esta lista será sempre incompleta.

LATERAIS DO PÓRTICO 
(de um lado e doutro, por onde as pessoas passam):
Nomes (apresentados sem regularidade geométrica e até nomes sobrepostos)

LADO DIREITO

Em destaque:
LIBERDADE

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
(no centenário do seu nascimento)

CAIXA DE TEXTO - LIBERDADE

O 25 de Abril de 1974 abriu as portas das prisões políticas a milhares de resistentes, em Portugal e nas colónias.
Tu, que passas, recorda nomes de milhares de homens e mulheres, unidos numa só palavra:
LIBERDADE!

[Via Helena Pato]