* BERNARDO SANTARENO *
[19/11/1920 - 30/08/1980]
No (ainda) centenário do nascimento de Bernardo Santareno
Bernardo Santareno - Da nascente até ao mar
José Miguel Noras || Âncora editora || 2020
* BERNARDO SANTARENO *
[19/11/1920 - 30/08/1980]
No (ainda) centenário do nascimento de Bernardo Santareno
Bernardo Santareno - Da nascente até ao mar
José Miguel Noras || Âncora editora || 2020
* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || LXVIII *
0566. Adalberto Veiga [1927]
[Funcionário superior dos correios - Chefe de Divisão da Administração Geral dos Correios. Preso em 03/07/1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior e levado para a Penitenciária com os outros detidos na mesma altura.]
0567. Henrique Augusto da Silva [1927]
[Lisboa, 1890 (?), sapateiro - Lisboa. Filiação: Júlia Maria e José da Silva. Preso em 03/07/1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior e levado para a Penitenciária com os outros detidos na mesma altura. Preso em 08/01/1934, «por suspeitas de ter dado vivas ao Comunismo»; libertado em 12/01/1934.]
0568. João José da Conceição Camoesas [1927, 1928]
[Elvas, 13/03/1887, médico. Filiação: Francisca do Carmo Camoesas e Joaquim José Camoesas. Trabalhou como caixeiro, estudou no Liceu Nacional de Évora e licenciou-se em Medicina na Universidade de Lisboa (1919), quando era deputado. Maçon (1911) e militante do Partido Republicano Português/Partido Democrático (1915), partido pelo qual foi sucessivamente eleito deputado, primeiro por Elvas (1915-1917) e, depois, por Portalegre (1919, 1921, 1922 e 1925), intervindo nas áreas da instrução pública, da assistência, da saúde e do trabalho. Foi, por duas vezes, Ministro da Instrução, primeiro no governo de António Maria da Silva (09/01/1923-15/11/1923) e, depois, no de Domingos Leite Pereira (01/08/1925-18/12/1925), procurando promover, sem sucesso, uma importante e inédita reforma global do sistema educativo. Combateu a Ditadura Militar desde os seus primórdios, sendo preso na primeira semana de Julho de 1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior e levado para a Penitenciária com outros detidos na mesma altura. Preso em 20/02/1928 (v. Processo 3586) e deportado para S. Tomé em 04/05/1928 (Cadastro Político 3239). Exilou-se, no ano seguinte, nos Estados Unidos da América, país a que já se deslocara várias vezes integrando missões oficiais de estudo. Faleceu em New Bedford, em 12/11/1951.]
0569. Evaristo Luís das Neves Ferreira de Carvalho [1927, 1934]
[Soure, 10/01/1865, advogado e notário. Filiação: Maria da Purificação Freire Ferreira de Carvalho e Evaristo Maria das Neves Ferreira de Carvalho. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra. Republicano, colaborou, desde muito novo, em diversos periódicos e foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte pelo círculo da Figueira da Foz (1911); voltaria a ser deputado pelo círculo de Coimbra (1915, 1919). Preso na primeira semana de Julho de 1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior e levado para a Penitenciária com outros detidos na mesma altura. Preso em 28/01/1934, acusado de ter atrasado, intencionalmente, a saída do "Diário Liberal" aquando da Greve Geral de 18/01/1934; libertado em 15/03/1934, por ter sido despronunciado pelo TME. Faleceu em Lisboa, em 26/12/1938.]
0570. Mário da Silva [1927, 1928]
0571. José Joaquim Pereira Osório [1927, 1930, 1931]
0572. Júlio Augusto Ribeiro da Silva [1927, 1927, 1935]
[Guarda, 05/01/1872, jornalista. Filiação: Isabel Maria Ribeiro da Silva e António Leopoldino Ribeiro da Silva. Subinspector das finanças e jornalista, tendo dirigido A Montanha e A Lanterna. Republicano, foi Governador Civil de Coimbra (1921-1922) e senador do Partido Democrático eleito pelo círculo da Guarda (1919, 1921, 1922, 1925). Encontrava-se, em 11/07/1927, detido no Aljube [do Porto] à ordem da Polícia de Informações do Ministério do Interior, tendo sido libertado no dia seguinte após novo interrogatório. Preso em 21/09/1927 e libertado em 29/10/1927 (v. Processos 3226, 3231, 3286). Preso pela SPS do Porto em 21/05/1935 e levado para o Aljube da cidade; libertado em 22/05/1935. Faleceu em Pedrinha, Gondomar, em 21/06/1940.]
[João Esteves]
* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || LXVII *
0560. Salvador Saboia [1927]
[Era, em 1914, 1.º Secretário da Associação do Registo Civil. Desenvolveu ampla atividade política e propagandística durante a 1.ª República. Preso em 03/07/1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior e levado para a Penitenciária com os outros detidos na mesma altura. Colaborou na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.]
0561. Daniel José Rodrigues / Daniel Rodrigues Salgado [1927, 1929, 1930, 1947]
[Nascido Daniel José Rodrigues, uma portaria de 1926 autorizou a alteração do nome para Daniel Rodrigues Salgado. Britelo - concelho de Celorico de Basto, 08/05/1877, advogado, magistrado, director da CGD - Lisboa. Filiação: Maria Elisa da Cunha Vilarinho Rodrigues e Daniel José Rodrigues. Irmão de Avelino José Rodrigues, de Rodrigo José Rodrigues e de Urbano Rodrigues. Frequentou a Escola Moderna do Porto e o Colégio de Lamego e tirou o bacharelato em Direito na Universidade de Coimbra (1893-1900). Exerceu a advocacia e fez carreira na magistratura, foi director da Penitenciária de Lisboa e administrador-geral da Caixa Geral de Depósitos (1917-1930), sendo afastado durante o Sidonismo e entrado, depois, em conflito com Salazar quando este já era Ministro das Finanças. Desempenhou muitos outros cargos. Maçom, carbonário e filiado no Partido Republicano Português, foi Governador Civil de Lisboa (1913-1914); deputado eleito por Penafiel (1913), transitando, depois, para o Senado; senador eleito por Beja (1915-1917); Presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal de Lisboa (1920); ministro das Finanças (06/07/1924-22/11/1924) no governo presidido por Alfredo Rodrigues Gaspar; deputado por Lisboa (1925-1926), sendo Vice-Presidente da Câmara. Preso em 03/07/1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior e levado para a Penitenciária com os outros detidos na mesma altura. Preso em 20/04/1929; libertado em 16/05/1929 (Processo 4308). Preso em 07/04/1930 (Processo 4552). Em 13/04/1930, foi-lhe fixada residência em Famalicão por 90 dias, terra onde passa a viver desde então. Preso pela Subdirectoria do Porto da PVDE em 11/04/1947; saiu em liberdade condicional em 01/05/47. Faleceu em 04/11/1951, no Porto.]
0562. Rafael Augusto de Sousa Ribeiro [1927, 1929, 1930]
0564. Jerónimo de Oliveira [1927]
[Comandante dos Bombeiros Voluntários da Amadora. Preso em 03/07/1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior e levado para a Penitenciária com os outros detidos na mesma altura.]
0565. Germano Martins [1927]
[Secretário-Geral do Ministério da Justiça. Preso em 03/07/1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior e libertado após o interrogatório, não sendo levado para a Penitenciária com os outros detidos na mesma altura.]
[João Esteves]
* JOSÉ MARIA NUNES *
[1877 - 1946]
Operário anarquista, serralheiro da Imprensa Nacional e, posteriormente, administrador de um mercado municipal de Lisboa, José Maria Nunes recolheu um conjunto de depoimentos de envolvidos no período entre 28/01/1908 e 05/10/1910, publicando-os em 1912, em edição de autor, sob o título A Bomba Explosiva. O livro foi reeditado em 2008, em edição fac-símile, com introdução de António Ventura [Livros Horizonte].
* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || LXVI *
0553. Artur Augusto Duarte da Luz Almeida [1927, 1927]
* DEPORTADOS PARA SÃO TOMÉ *
[MARÇO DE 1927]
Na sequência da participação na Revolta de Fevereiro de 1927, muitos dos implicados foram deportados. Alguns foram para S. Tomé, onde terão desembarcado por volta de 12/03/1927.
* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || LXV *
0548. Henrique Alberto de Sousa Guerra [1927]
[Capitão de Infantaria. Filho de Maria do Nascimento de Sousa Guerra e de Henrique de Macedo Pereira Coutinho. Quando alferes, integrou, em 1911, o Partido Republicano Radical Português, sendo um dos redactores do seu projecto de programa, aprovado em reunião de 30 de Outubro. Frequentou, no ano lectivo de 1913-1914, o 1.º ano da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Transferido, em Fevereiro de 1914, do Regimento de Infantaria 23 para o Regimento de Infantaria 1. Governador da Guiné entre 31/05/1919 e 16/06/1920, tendo a proposta sido aprovada em Sessão do Senado de 02/09/1919. Nas Eleições de Deputados de 08/11/1925, foi candidato por Guimarães nas listas do Partido Republicano Radical. Participou na Revolta de 3 de Fevereiro de 1927 e, tal como outros militares, foi deportado para S. Tomé, onde terá desembarcado por volta de 12/03/1927. Separado do Exército, estava, em 1929, com residência fixada em Guimarães, onde era vigiado pela Polícia de Informações do Porto. As informações datadas de 1929 e de 1930 dão conta de que continuava a conspirar na zona de Guimarães.]
0549. Rodrigues de Carvalho [1927]
[Capitão. Participou no movimento revolucionário de 3 de Fevereiro de 1927 e foi deportado para São Tomé, onde terá desembarcado por volta de 12/03/1927.]
0550. Rodrigues Pereira [1927]
[Capitão. Participou no movimento revolucionário de 3 de Fevereiro de 1927 e foi deportado para São Tomé, onde terá desembarcado por volta de 12/03/1927.]
0551. Sampaio Rodrigues [1927]
[Capitão. Participou no movimento revolucionário de 3 de Fevereiro de 1927 e foi deportado para São Tomé, onde terá desembarcado por volta de 12/03/1927.]
0552. Serra e Moura [1927]
[Marinheiro. Participou no movimento revolucionário de 3 de Fevereiro de 1927 e foi deportado para São Tomé, onde terá desembarcado por volta de 12/03/1927.]
[João Esteves]
* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || LXIV *
00547. Marcial Pimentel Ermitão [1927, 1931]
[João Esteves]
* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || LXIII *
0540. Feliciano da Silva Moreira [1926, 1931]
[João Esteves]
* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || LXII *
As prisões, arbitrárias, começaram imediatamente a seguir ao triunfo do Golpe Militar de 28 de Maio de 1926, estando, ainda, por conhecer todas as suas vítimas.
Na manhã de 8 de Julho de 1926, foram presos 31 indivíduos, apena por serem «conhecidos na polícia como agitadores e legionários», e conduzidos para os calabouços do Governo Civil.
Foram presos, entre outros, Alfredo Estêvão da Cruz, Álvaro Ferreira Ervilha, António Luís Lopes, António Maria Pedro, Artur Inácio, Carlos da Cruz, César Pereira, Eduardo Cardoso, Eduardo de Oliveira, Eduardo Pereira Pimentel, Epifânio Correia de Melo, Feliciano da Silva Moreira, Joaquim Ataíde, José do Amaral, Manuel António e Raul Gomes.
00529. Alfredo Estêvão da Cruz [1926]
[João Esteves]
* TARRAFAL DE S. NICOLAU || CABO VERDE *
Nesta fotografia é ainda possível ver algumas das marcações das casernas utilizadas no Campo de Concentração do Tarrafal de S. Nicolau.
Como assinala José J. Cabral, as fundações das demais casernas estão soterradas, mas encontram-se lá.
[João Esteves]
* TARRAFAL DE SÃO NICOLAU *
[1931 - 1932]
Em 1931, foi iniciado a construção de «um novo Campo de Concentração na Ilha de S. Nicolau, num sítio conhecido pelo nome de Tarrafal».
O general Adalberto Gastão de Sousa Dias pode observá-lo em Agosto de 1931, aquando da sua viagem de transferência do Campo de Concentração de Presos Políticos, instalado no ex-Seminário de S. Nicolau, para Ponta do Sol, na Ilha de Santo Antão.
Encontrava-se bordo do rebocador que o transportava e, como este teve de deixar em terra quem estava encarregado de apurar o andamento das obras, pode observar o que se preparava, disso dando conta em carta ao filho Adalberto, datada de 21/08/1931:
«O local escolhido é simplesmente pavoroso! O Tarrafal - misérrima povoação de pescadores, fica situado, próxima e ao lado de uma apertada ravina de ásperos e escalvados flancos, - flancos elevados e de abruptos declives, que se alargam um pouco, próximo ao mar, e onde se está estabelecendo o aludido campo de concentração. 3 raquíticas árvores é a única vegetação que ali se encontra. O sol, batendo todo o dia, neste pedregulhoso e árido terreno, sem que possível seja furtar-se à ardência dos seus raios, converterá, certamente, a existência dos desterrados que para ali forem mandados numa torturante vida de esfacelamento físico e moral!».
«Mas há mais: [...] já estão levantadas 4 casas desmontáveis, adquiridas no estrangeiro [...]» e «os postes para ser pregado o arame farpado, da vedação do estreito campo de prisão!».
[Excertos da carta enviada pelo general Sousa Dias ao filho Adalberto, datada de 21/08/1931, in O General Sousa Dias e as Revoltas contra a Ditadura – 1926/1931, organização de A. H. de Oliveira Marques, com a colaboração de A. Sousa Dias, Publicações Dom Quixote, Abril de 1975].
Como se pode ver pela relevante fotografia disponibilizada por José J. Cabral, o Campo de Concentração está de acordo com a planta que consta do Espólio de João do Carmo Miranda de Oliveira, que esteve deportado em S. Nicolau, depositado na Casa Comum - Fundação Mário Soares.
[Tarrafal de S. Nicolau || Planta do Campo de Concentração dos Presos Políticos do Tarrafal, São Nicolau || (s.d.), "Deportação - Planta do Tarrafal", Fundação Mário Soares / João do Carmo Miranda de Oliveira, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_78928 (2020-12-5)]No entanto, o Campo de Concentração dos Presos Políticos do Tarrafal de S. Nicolau não terá sido concluído, embora tenha recebido presos, tal como confirma o investigador e estudioso José J. Cabral.
Muito do seu material seria reutilizado no Tarrafal de Santiago, aberto em 1936.