[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 26 de maio de 2019

sábado, 25 de maio de 2019

[2141.] LUÍSA TIAGO DE OLIVEIRA [I] || O ACTIVISMO ESTUDANTIL NO IST (1945 - 1980)

* LUÍSA TIAGO OLIVEIRA *
[ORGANIZADORA]

O ACTIVISMO ESTUDANTIL NO IST (1945 - 1980)

Edições Fénix || Abril de 2019

[Edições Fénix || 2019]

Tendo por organizadora Luísa Tiago de Oliveira, o livro O Activismo Estudantil no IST (1945 – 1980) desvenda 35 anos dos movimentos associativo e estudantil da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST). Três décadas e meia compreendidas entre o pós-guerra e o derrubamento da Ditadura - construção da Democracia, correspondendo à «génese, afirmação e ocaso de um activismo estudantil de grande combatividade, culturalmente interveniente, com uma prática de resistência anti-Regime forte e uma hegemonia de esquerda» [Preâmbulo, p. 7].

A partir do cruzamento do Arquivo da AEIST, composto por 1735 caixas que, pela primeira vez, foram inventariadas e fichadas, com Arquivos Particulares de protagonistas, periódicos associativos, vinte e três entrevistas formais a presidentes e dirigentes da agremiação, das quais se publica a transcrição de dezanove, e «a observação participante […] nos encontros e actividades com antigos estudantes do IST», Luísa Tiago de Oliveira reconstrói os diferentes processos de mobilização e resistência estudantis num quotidiano condicionado, até 1974, por teias policiais e institucionais da Ditadura, num permanente equilíbrio entre «luta invisível e luta visível» [p. 16].

Da expulsão, por motivos políticos, de três docentes em Junho de 1947 à “despolitização” do movimento estudantil a partir de finais da década de 1970, a Autora considera possível repartir por cinco fases a mobilização e intervenção da AEIST: do pós-guerra até 1956/57; a luta contra o Decreto-Lei 40 900, datado de 12 de Dezembro de 1956, em defesa da autonomia associativa, e a grande mobilização pela realização do Dia do Estudante, em Março de 1962, culminando, em 11 de Maio, na prisão em massa de cerca de 1500 estudantes acantonados na Cantina da Cidade Universitária; o período que medeia entre esta crise e 1967/69, abarcando as prisões e expulsões de 1963 a 1965; a fase que culmina no 25 de Abril de 1974, com a crescente politização do Movimento Estudantil, o aparecimento das “Novas Esquerdas”, conceito algo ambíguo e generalista, a questão da Guerra Colonial e a contestação à institucionalização de “vigilantes”, rapidamente denominados “gorilas”, nos estabelecimentos do ensino superior; e, por fim, a época imediatamente subsequente à revolução, com a representação dos estudantes nos diversos órgãos de gestão e a «grande politização, partidarização e conflitualidade no activismo estudantil» [p. 169].

Pelas diferentes fases perpassa as sucessivas tensões entre a AEIST e os poderes políticos e académicos e, por outro lado, o agudizar das tensões subjacentes ao próprio associativismo estudantil em resultado das diferentes correntes político-associativas que se iam definindo e confrontando. 

Porque «os associativos preocupavam-se em manter a seu lado os não-associativos, ou seja, a maioria dos estudantes» [p. 64], este estudo dá destaque ao papel da AEIST na intervenção dos problemas quotidianos, desde a alimentação na cantina às questões pedagógicas; esmiúça a função específica de cada secção ou organismo; e explora os espaços, escolares e extra-escolares, das sociabilidades estudantis, fortemente marcadas pelos desporto, pelo convívio e debate, pela partilha e intenso envolvimento cultural – da literatura ao cinema, da música ao teatro e às artes plásticas. 

A relevância da AEIST no âmbito do associativismo estudantil da capital é reafirmada por muitos dos seus dirigentes, realçando-se as condições privilegiadas de espaço – talvez «a única Associação de Estudantes de Lisboa com edifício autónomo e destinado a actividades associativas, desde a fase do projecto do arquitecto Pardal Monteiro» [Mónica Maurício, p. 115], a capacidade económica e possuir máquinas de stencil e offset, para além da localização central.

O activismo estudantil marcou, cívica e politicamente, todos os que nele se envolveram, constituindo cada uma das dezanove entrevistas transcritas, todas datadas de 2010, um contributo essencial para a compreensão dos anos posteriores a 1950: João Cravinho (aluno entre 1953 – 1959); José Fernando Pinharanda (1954 – 1962); Heitor Santos (1956 – 1962); António Garcia (1959 – 1965 / 1969 – 1970); Jorge Dias de Deus (1958 – 1964); Fernando vicente (1960 – 1968); Mário Lino (1959 – 1965); António Mota Redol (1960 – 1967); Pedro Santos Coelho (1960 – 1967); Jorge Veludo (1962 – 1969); Paula Fonseca (1962 – 1969); José Mariano Gago (1965 – 1971); João Vieira Lopes (1964 – 1972 / 1978 – 1980); António Abreu (1965 – 1971); Fernando Valdez (1966 – 1974); Carlos Costa (1968 – 1976); Alfredo Gomes (1970 – 1979); Pedro Gonçalves Henriques (1971 – 1976); Carlos Pimenta (1972 – 1979).  

O livro contém, ainda, uma minuciosa Cronologia, com indicação da data, acontecimento e fonte, subdividida em três períodos (1911 – 1944; 1945 – 1980; 1982 – 2006) e, da autoria de António Mota Redol, uma primeira lista de 98 estudantes e/ou engenheiros do IST detidos pela PIDE ou pela DGS desde 1945, reconstituída a partir de diversas fontes, incluindo testemunhos orais. 

Embora Portugal vivesse em Ditadura, com as perseguições, a prisão e a tortura a recair sobre os que a combatiam, «os estudantes constituem um grupo que, enquanto tal, o Estado Novo reprimia, mas não da forma mais dura» [p. 62], sendo que «os estudantes do IST parecem ter sido mais poupados pela repressão do que outros grupos sociais» [p. 63]. 




quarta-feira, 22 de maio de 2019

[2140.] MULHERES E ELEIÇÕES [I] ||

* MULHERES E ELEIÇÕES *

Coordenação: ANA PAULA PIRES | FÁTIMA MARIANO | IVO VEIGA

Edições Almedina || 2019






 [Edições Almedina || Abril de 2019]

domingo, 19 de maio de 2019

[2139.] ANTÓNIO CARTAXO [I] || QUASE VERDADE COMO SÃO MEMÓRIAS

* ANTÓNIO CARTAXO *

QUASE VERDADE COMO SÃO MEMÓRIAS

Edições Colibri || 2009




[António Cartaxo || Quase verdade como são memórias || Edições Colibri, 2009]

sábado, 18 de maio de 2019

[2138.] ANTÓNIO DOS SANTOS CARTAXO [I] || PRESO POLÍTICO (1931 - 1932)

* ANTÓNIO DOS SANTOS CARTAXO *
[1875 - ?]

REPUBLICANO E OPOSITOR À DITADURA MILITAR, PRESO EM DEZEMBRO DE 1931

Filho de Gertrudes Maria de Oliveira e de António dos Santos Cartaxo, António dos Santos Cartaxo nasceu em 1875, em Santiago do Escoural - Concelho de Montemor-o-Novo. 

Comerciante em Évora, integrou, em Outubro de 1910, a Comissão Administrativa do município na sequência da implantação da República, juntamente com Felício Caeiro, Francisco de Almeida Teles do Vale, Francisco Maria Nunes, João José de Oliveira, Joaquim António Simões, José Celestino Rebolado Formosinho, Júlio do Patrocínio Martins e Manuel Gomes Fradinho.

Vereador responsável pelo passeio e iluminação na câmara republicana eborense, António dos Santos Cartaxo terá desempenhado o cargo de Presidente entre 13 de Fevereiro de 1913 e 21 de Janeiro de 1914.

Republicano afecto ao Partido Democrático, colaborou nos periódicos locais O CarbonárioO Democrático e A Democracia do Sul, assinando neste último "artigos progressistas e sobre figuras progressistas como Abel Salazar", segundo as palavras de António Cartaxo, seu neto, no livro Quase verdade como são memórias [Edições Colibri, 2009]. 

Assim como combateu o Sidonismo, também foi opositor à Ditadura Militar, sendo vigiado em Évora por informadores da Polícia de Defesa Política e Social. 

Segundo o seu Cadastro Político [ANTT, Cadastro Político 185], em 8 de Fevereiro de 1930 «assistiu ao almoço realizado no Hotel Alentejano, onde foram proferidos morras à Ditadura, por António Manuel Pascoal».

Em 2 de Junho do mesmo ano, acrescenta-se àquele registo a informação veiculada por um "Alfredo": «É considerado elemento irrequieto e inimigo acérrimo da Ditadura, mas no momento que passa não se nota que esteja envolvido na organização revolucionária». 

Com residência na Rua da República N.º 1, seria preso em Dezembro de 1931, «por incitar os desordeiros, quando dos tumultos levados a efeito, na Praça do Giraldo [...] no dia 13 do corrente, juntamente com Joaquim da Câmara Manuel e outros». Entregue à Polícia de Defesa Política e Social pelo Comando da PSP de Évora, regista-se que o «epigrafado é um democrático intransigente e declarou no seu depoimento ser adversário das instituições Republicanas vigentes. Era membro duma liga de união dos partidos políticos, que pretenderam organizar, com o fim de combater a actual Situação Política do País [...] É tido em Évora como um dos organizadores de tudo quanto ali se passou».

Levado para o Aljube, bem como os outros eborenses então detidos, aí travou amizade com o compositor Fernando Lopes-Graça [António Cartaxo].

[António Cartaxo || Quase verdade como são memórias || Edições Colibri, 2009]

Restituído à liberdade em 19 de Fevereiro de 1932 [Processo 237], foi-lhe fixada residência obrigatória em Lisboa e, em 15 de Março, o Ministro do Interior autorizou o regresso de António dos Santos Cartaxo a Évora.

No livro memorialista Quase verdade como são memórias, António Cartaxo narra alguns episódios da vida deste avô, com quem morou escasso tempo, e em cuja casa se respirava música.

[António Cartaxo || Quase verdade como são memórias || Edições Colibri, 2009]

[António Cartaxo || Quase verdade como são memórias || Edições Colibri, 2009]

Fontes:
ANTT, Cadastro Político 185 [António dos Santos Cartaxo / PT-TT-PIDE-E-001-CX07_m0094, m0094a].
António Cartaxo, Quase verdade como são memórias, Edições Colibri, 2009.

[João Esteves]

domingo, 12 de maio de 2019

sexta-feira, 10 de maio de 2019

[2134.] ANTÓNIO DOMINGUES JUBILEU [I] || 18/01/1934 - MARINHA GRANDE

* ANTÓNIO DOMINGUES JUBILEU *
[28/10/1906 - 24/09/2004] 

[António Domingues Jubileu || 1934 || ANTT || RGP/15 || PT-TT-PIDE-E-010-1-15_P2_m0035b]

Por ter tido participação activa na Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934, juntamente com os irmãos Manuel [n. 06/12/1908] e Albino Domingos Jubileu [n. 01/06/1910], todos vidreiros da Marinha Grande, António Jubileu foi preso e deportado para a Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, de onde regressou em 23 de Julho de 1943 para seguir para Peniche, só sendo libertado em 25 de Dezembro do mesmo ano, após praticamente dez anos de cativeiro.

[António Domingues Jubileu || 10/03/1949 || ANTT || RGP/15 || PT-TT-PIDE-E-010-1-15_P2_m0035b]

Novamente preso em 6 de Março de 1949, na Marinha Grande, passou pelo Aljube, Caxias e Peniche. 

Apesar de ter sido absolvido pelo Tribunal Plenário Criminal de Lisboa de 6 de Dezembro de 1949, foi-lhe aplicada a medida de segurança e só saiu em liberdade condicional em 12 de Julho de 1951.

Retomou as actividades políticas clandestinas no âmbito do Partido Comunista e faleceu com 97 anos de idade, em 24 de Setembro de 2004.

O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.

[João Esteves]

quinta-feira, 9 de maio de 2019

[2133.] EMÍDIO GUERREIRO [I] || REVOLTA MILITAR DE 3 DE FEVEREIRO DE 1927

* EMÍDIO GUERREIRO *
[06/09/1899 - 29/06/2005]

PARTICIPAÇÃO NA REVOLTA DE 3 DE FEVEREIRO DE 1927 CONTRA A DITADURA MILITAR || PORTO

 [in Emídio Guerreiro. 100 Anos de História || 1999]

quarta-feira, 8 de maio de 2019

[2132.] BELMIRA DA CUNHA SANTIAGO [I] || 1929

* BELMIRA DA CUNHA SANTIAGO *
[31/07/1894 - 16/12/1987]

[Fotografia do Bilhete de Identidade || 8 de Abril de 1929]

NOTA: Documento que integra o lote disponibilizado por Rui Manuel da Silva Coimbra, a quem muito agradeço, e que o acaso fez chegar às suas mãos há mais de duas décadas.

[João Esteves]

terça-feira, 7 de maio de 2019

[2132.] FRANCISCO BEIRÃO E SARA BEIRÃO || ANTÓNIO NUNES DA COSTA NEVES

* FRANCISCO BEIRÃO E SARA BEIRÃO: PAI E FILHA || POR ANTÓNIO NUNES DA COSTA NEVES *


António Nunes da Costa Neves publicou na Academia.edu um enriquecedor e inédito artigo sobre Sara Beirão e o pai, Francisco Beirão

Num trabalho de investigação rigoroso e devidamente documentado, recorrendo amiúde a fontes inéditas ou insuficientemente conhecidas, António Neves reconstrói, numa escrita apurada e sem concessões, a biografia da escritora e do pai, médico, tendo a preocupação de proporcionar ao leitor o devido enquadramento histórico, geográfico e familiar a que acrescenta, sempre que oportuno, memórias transmitidas de geração em geração. 

Um árduo trabalho de pesquisa que procura colmatar falhas e erros que se têm perpetuado em sucessivos estudos e, simultaneamente, resgatar do esquecimento o legado de Pai e Filha, sendo muito esclarecedor para quem o lê, estudioso ou não.  

O meu muito obrigado a António Neves pela amabilidade de mo dar a conhecer.

[João Esteves]

[2131.] ERNESTO CARNEIRO FRANCO [XII] || GRUPO DESPORTIVO ESTORIL PRAIA

* ERNESTO CARNEIRO FRANCO *
[1886 - 1965]

[c. início do década de 1940]

GRUPO DESPORTIVO ESTORIL PLAGE || GRUPO DESPORTIVO ESTORIL PRAIA



[Cartão do início do GDEP, fundado em 17/05/1939 || 1.ª metade da década de 1940]

NOTA: Documento que integra o lote disponibilizado por Rui Manuel da Silva Coimbraa quem muito agradeço, e que o acaso fez chegar às suas mãos há mais de duas décadas.

[João Esteves]

quarta-feira, 1 de maio de 2019

[2130.] O PRIMEIRO DE MAIO || ERIC HOBSBAWM

* Eric Hobsbawm || El nacimiento de una fiesta: El Primero de Mayo *

[texto retirado daqui, com a devida vénia]

«En 1990 Michael Ignatieff, refiriéndose a la Pascua en el Observer[1] comentó que «las sociedades seculares nunca han conseguido proporcionar soluciones sustitutivas de los rituales religiosos». Y señaló que la revolución francesa «puede que convirtiera los súbditos en ciudadanos, puede que pusiera las palabras liberté, égalité y fraternité en el dintel de todas las escuelas y que saqueara los monasterios, pero, aparte del Catorce de Julio, nunca hizo mella en el antiguo calendario cristiano». Mi tema es tal vez la única mella indiscutible que un movimiento secular ha hecho en el calendario cristiano o en cualquier otro calendario oficial, una fiesta que no se instauró en uno o dos países, sino, en 1990, oficialmente en 107 estados. Más aún, se trata de una celebración que no fue instaurada por el poder de los gobiernos o los vencedores, sino por un movimiento totalmente extraoficial integrado por hombres y mujeres pobres. Me refiero al May Day o, para ser más exacto, el Primero de Mayo, la fiesta internacional del movimiento obrero cuyo centenario debería haberse conmemorado en 1990, puesto que se celebró por primera vez en 1890.

Digo «debería» y digo bien, porque, aparte de los historiadores, pocos han mostrado mucho interés por esta celebración, ni siquiera en los partidos socialistas que son los descendientes directos de los que en los congresos de apertura de lo que se convertiría en la Segunda Internacional, en 1889, pidieron que se celebrase una manifestación de obreros internacional y simultánea a favor de una ley que limitase la jomada laboral a ocho horas y que tendría lugar el 1 de mayo de 1890. Así lo hicieron también los partidos que estuvieron representados en los congresos de 1889 y que existen todavía. De estos partidos de la Segunda Internacional o sus descendientes de hoy salen los gobiernos o las principales oposiciones o alternativas de gobierno en casi todas las regiones de Europa situadas al oeste de lo que hasta recientemente era la región que se afirmaba «de socialismo real». Hubiera sido de esperar que se mostrasen más orgullosos de su pasado, o que se interesasen más por él.

La reacción política más fuerte que el centenario del Primero de Mayo despertó en Gran Bretaña fue la de sir John Hackett, ex general y, lamento decirlo, ex director de un college de la Universidad de Londres, que exigió la abolición de dicha fiesta porque, al parecer, consideraba que era algún invento soviético. A su juicio, no debía seguir existiendo después de la caída del comunismo. Sin embargo, el origen de la fiesta primaveral del Primero de Mayo de la Comunidad Europea no es bolchevique ni tan sólo socialdemócrata, sino todo lo contrario. Se remonta a los políticos antisocialistas que, reconociendo hasta qué punto eran profundas las raíces del Primero de Mayo en las clases obreras europeas, quisieron contrarrestar el atractivo de los movimientos obreros y socialistas haciendo suya su fiesta y transformándola en otra cosa. Citaré una propuesta parlamentaria francesa de abril de 1920, que fue apoyada por cuarenta y un diputados a quienes no unía nada salvo el hecho de no ser socialistas:

Esta fiesta no debería contener ningún elemento de celos y odio [la lucha de clases en lenguaje cifrado]. Todas las clases, si todavía puede decirse que existen clases, y todas las energías productivas de la nación deberían confraternizar, inspiradas por la misma idea y el mismo ideal.[2]

Antes de que existiera la Comunidad Europea, los que llegaron más lejos en lo que se refiere a hacer suyo el Primero de Mayo estaban en la extrema derecha, y no en la izquierda. El gobierno de Hitler fue el primero, después de la URSS, en dar a esta fiesta carácter oficial: el Día Nacional del Trabajo.[3] El gobierno de Vichy encabezado por el mariscal Pétain declaró el Primero de Mayo Fiesta del Trabajo y la Concordia, inspirado, según se dice, por el Primero de Mayo falangista de la España de Franco, donde el mariscal había sido embajador y a la que admiraba.[4] A decir verdad, la Comunidad Económica Europea que hizo del Primero de Mayo una fiesta oficial era una organización que, a pesar de los puntos de vista de la señora Thatcher sobre el asunto, no se componía de gobiernos socialistas, sino de gobiernos predominantemente antisocialistas. Los primeros de mayo oficiales de Occidente fueron el reconocimiento de la necesidad de aceptar la tradición de los primeros de mayo extraoficiales y despegarla de los movimientos obreros, la conciencia de clase y la lucha de clases. Pero ¿qué sucedió para que esta tradición fuera tan fuerte que hasta sus enemigos pensaron que tenían que hacerla suya, incluso cuando, como Hitler, Franco y Pétain, destruyeron el movimiento obrero socialista?

Lo extraordinario del progreso de esta institución es que no fue deliberado ni planeado. Tuvo menos de «tradición inventada» que de tradición que surgió de repente. El origen inmediato del Primero de Mayo no se discute. Fue una resolución aprobada por uno de los dos congresos rivales que fundaron la Internacional —la marxista— en París en junio de 1889, año del centenario de la revolución francesa. La resolución pedía que se celebrara una manifestación internacional de obreros en un mismo día para reivindicar la jomada laboral de ocho horas ante las respectivas autoridades públicas y de todo tipo. Y como la Federación Norteamericana del Trabajo ya había decidido celebrar dicha manifestación el 1 de mayo de 1890, debía escogerse este día para la manifestación internacional. Irónicamente, en Estados Unidos el Primero de Mayo nunca arraigó como en otras partes, aunque sólo fuera porque ya existía un día de fiesta cada vez más oficial, el Día del Trabajo, que se celebraba el primer lunes de septiembre.

Como es natural, los estudiosos han investigado los orígenes de esta resolución y de qué manera estaba relacionada con la historia anterior de la lucha por la jomada laboral de ocho horas en Estados Unidos y otras partes, pero estos asuntos no nos incumben aquí. Lo que sí tiene que ver con nuestro argumento es la diferencia entre lo que preveía la resolución y lo que sucedió realmente. Señalemos tres hechos relativos a la propuesta original. En primer lugar, lo que se pidió no fue más que una única manifestación internacional que se celebraría una sola vez. No hay nada que sugiera que debía repetirse, y mucho menos que iba a convertirse en un acontecimiento que se celebraría con regularidad todos los años. En segundo lugar, no había ninguna indicación de que el acontecimiento tuviera que ser especialmente festivo o ritual, aunque se autorizó a los movimientos obreros de todos los países a «llevar a cabo esta manifestación de la manera que la situación en su país haga necesaria». Esto, desde luego, era una salida de urgencia para el Partido Socialdemócrata alemán, que a la sazón seguía siendo ilegal bajo la ley antisocialista de Bismarck. En tercer lugar, no hay ninguna señal de que esta resolución se considerase de especial importancia en aquel momento. Al contrario, la prensa de entonces apenas habla de ella, o no la menciona en absoluto, y, con una sola excepción (curiosamente un periódico burgués), sin la fecha propuesta.[5] Incluso el informe oficial del congreso, publicado por el Partido Socialdemócrata alemán, se limita a mencionar a los que propusieron la resolución y publica su texto sin ningún comentario ni impresión obvia de que se tratara de un asunto importante. En resumen, como Édouard Vaillant, uno de los delegados más eminentes y políticamente sensibles del congreso, recordó al cabo de unos años: «¿Quién podía predecir … la rápida ascensión del Primero de Mayo?»[6]

Sin duda la rapidez con que ascendió y se institucionalizó fue debida al éxito extraordinario de la primera manifestación, la de 1890, al menos en la Europa situada al oeste del imperio ruso y los Balcanes.[7] Los socialistas habían escogido el momento oportuno para fundar o, si se prefiere, reconstituir una Internacional. La primera celebración de esta fiesta coincidió con un avance triunfante de la fuerza y la confianza del trabajo en numerosos países. Por citar sólo dos ejemplos conocidos: la irrupción del Nuevo Sindicalismo en Gran Bretaña después de la huelga portuaria de 1889, y la victoria socialista en Alemania, donde el Reichstag se negó a continuar la ley antisocialista de Bismarck en enero de 1890 y, a resultas de ello, al cabo de un mes el Partido Socialdemócrata obtuvo el doble de votos en las elecciones generales y recibió poco menos del 20 por 100 del total de votos. Convertir las manifestaciones de masas en un éxito en aquel momento no era difícil, porque tanto los activistas como los militantes ponían el corazón en ellas, a la vez que las masas de trabajadores participaban en ellas para celebrar sus sentimientos de victoria, poder, reconocimiento y esperanza.

Y, pese a ello, el número de obreros que tomaron parte en estos mítines llenó de asombro a quienes les habían instado a ello, en especial los 300.000 que llenaron Hyde Park en Londres, que de esta forma, por primera y última vez, resultó la mayor manifestación de la época. Porque, si bien, como era natural, todos los partidos y organizaciones socialistas habían convocado mítines, sólo algunos habían reconocido todo el potencial del acontecimiento y le habían dedicado todo su entusiasmo desde el principio. El Partido Socialdemócrata austríaco fue excepcional porque en seguida captó el estado anímico de las masas y el resultado fue que, como comentó Frederick Engels al cabo de unas semanas, «en el continente fue Austria, y en Austria, Viena, la que celebró esta fiesta de la manera más espléndida y apropiada».[8]

Efectivamente, en varios países, lejos de dedicarse de todo corazón a preparar el Primero de Mayo, los partidos y movimientos se enzarzaron, como era habitual en la política de la izquierda, en discusiones y divisiones ideológicas en torno a la forma o formas legítimas de tales manifestaciones —volveremos a hablar de ello posteriormente— o actuaron con demasiada cautela. Debido a la reacción de gran nerviosismo, incluso histérica a veces, de los gobiernos, la clase media y los patronos, que amenazaron con la represión policial y represalias, ante la perspectiva de la celebración, los líderes socialistas responsables a menudo preferían evitar formas de enfrentamiento demasiado provocadoras. Así ocurrió especialmente en Alemania, donde la prohibición del partido se había levantado poco antes tras once años de ilegalidad. «Tenemos todos los motivos para controlar a las masas en la manifestación del Primero de Mayo», escribió August Bebel, el líder del partido, a Engels. «Tenemos que evitar los conflictos.» Y Engels estuvo de acuerdo.[9]

El asunto de la mayor importancia que se estaba discutiendo era si debía pedirse a los obreros que se manifestaran en horas de trabajo, es decir, que se declararan en huelga, porque en 1890 el Primero de Mayo cayó en jueves. Básicamente, los partidos prudentes y los sindicatos arraigados y fuertes —a menos que deliberadamente quisieran estar o estuvieran embarcados en algún conflicto laboral, como planeaba la Federación Norteamericana del Trabajo— no veían por qué debían arriesgarse y exponer a sus afiliados por un gesto simbólico. Por consiguiente, querían que la manifestación se celebrase el primer domingo de mayo y no el primer día del mes. Así se hizo y seguiría haciéndose en Gran Bretaña, donde la primera celebración tuvo lugar el 4 de mayo. También fue lo que prefirió el partido alemán, aunque en Alemania, a diferencia de Gran Bretaña, en la práctica prevalecería el Primero de Mayo. De hecho, la cuestión se debatió oficialmente en el Congreso Socialista Internacional de Bruselas de 1891, en el que los ingleses y los alemanes se opusieron a los franceses y los austríacos en este asunto y fueron vencidos en las votaciones.[10] Una vez más, este asunto, como tantos otros aspectos del Primero de Mayo, fue la consecuencia casual de la elección internacional de la fecha. La resolución original no hablaba para nada de interrumpir el trabajo. El problema surgió sencillamente porque el Primero de Mayo cayó en día laborable, como de manera inmediata y forzosa descubrieron todos los que planeaban la manifestación.

La prudencia dictó otra cosa. Pero lo que en realidad consagró el Primero de Mayo fue precisamente la elección del símbolo por encima de la razón práctica. Fue el acto de detener simbólicamente el trabajo lo que convirtió el Primero de Mayo en algo más que otra manifestación u otra conmemoración. Fue en los países o las ciudades donde los partidos, aun contra el parecer de los sindicatos vacilantes, insistieron en la huelga simbólica donde el Primero de Mayo realmente pasó a ser una parte central de la vida de la clase obrera y de la identidad laboral, cosa que en realidad nunca ocurrió en Gran Bretaña, a pesar de su brillante principio. Porque abstenerse de trabajar en un día laborable era a la vez una afirmación del poder obrero —de hecho, la afirmación por excelencia de dicho poder— y la esencia de la libertad, a saber: no verse obligado a trabajar con el sudor de la frente, sino hacer lo que quisieras en compañía de la familia y los amigos. Fue, pues, tanto un gesto de afirmación y de lucha de clase como una fiesta: una especie de avance de la buena vida que llegaría después de la emancipación del trabajo. Y, por supuesto, en las circunstancias de 1890 fue también una celebración de la victoria, la vuelta de honor que el vencedor da por el estadio. Visto así, el Primero de Mayo llevaba consigo un rico cargamento de emoción y esperanza.

Victor Adler se dio cuenta de ello y, desoyendo los consejos del Partido Socialdemócrata alemán, insistió en que el partido austríaco debía provocar precisamente el enfrentamiento que Bebel quería evitar. Al igual que Bebel, reconoció el sentimiento de euforia, de conversión en masa, casi de expectación mesiánica que se apoderó de tantas clases obreras de entonces. «Las elecciones se les han subido a la cabeza a las masas políticamente menos educadas (geschult). Creen que basta con querer algo para poder conseguirlo todo», como dijo Bebel.[11] Adler, a diferencia de Bebel, todavía necesitaba movilizar estos sentimientos para edificar un partido de masas basándose en una combinación de activistas y de creciente simpatía de las masas. Además, a diferencia de los alemanes, los obreros austríacos aún no tenían derecho al voto. Por tanto, el movimiento aún no podía demostrar su fuerza en las urnas. Asimismo, los escandinavos comprendieron el potencial que para la movilización tenía la acción directa cuando, después de la primera celebración del Primero de Mayo, votaron a favor de repetir la manifestación en 1891, «especialmente si se combina con el cese del trabajo, y no meramente simples expresiones de opinión».[12] La propia Internacional opinó lo mismo cuando en 1891 votó (contra los delegados británicos y alemanes, como hemos visto) a favor de celebrar la manifestación el Primero de Mayo y «dejar el trabajo dondequiera que ello no sea imposible».[13]

Esto no quería decir que el movimiento internacional pidiera que se llevase a cabo una huelga general como tal, porque, a pesar de las expectativas sin límite del momento, en la práctica los obreros organizados eran conscientes tanto de su fuerza como de su debilidad. Si la gente podía o no hacer huelga el Primero de Mayo o si se podía esperar de ella que renunciase a la paga de un día en aras de la manifestación eran cuestiones que se comentaban mucho en las tabernas y los bares del Hamburgo proletario, según los policías de paisano que el Senado envió para que escuchasen las conversaciones de los obreros en aquella ciudad masivamente «roja».[14] Se tenía entendido que muchos obreros no podrían salir a la calle aunque lo desearan. Así, los ferroviarios enviaron un cable a la primera celebración de la fiesta en Copenhague que fue leído en voz alta y vitoreado: «Aunque no podemos estar presentes en el mitin debido a la presión que ejercen los que están en el poder, no dejaremos de apoyar plenamente la reivindicación de la jomada laboral de ocho horas».[15] Sin embargo, donde los patronos sabían que los obreros eran fuertes y estaban firmemente comprometidos, a menudo aceptaban de manera tácita que podían tomarse el día libre. Esto ocurría con frecuencia en Austria. Así, a pesar de que el Ministerio del Interior prohibió claramente las manifestaciones y dijo que no debía permitirse que nadie se tomara tiempo libre; y a pesar de la decisión oficial de los patronos de no considerar festivo el Primero de Mayo —y a veces incluso sustituirlo declarando festivo el día antes—, la Fábrica Estatal de Armamentos en Steyr, Alta Austria, cerró el Primero de Mayo de 1890 y de todos los años sucesivos.[16] En todo caso, suficientes obreros salieron a la calle en suficientes países para que el movimiento partidario de suspender el trabajo lograra su propósito. Después de todo, en Copenhague alrededor del 40 por 100 de los obreros de la ciudad estuvieron presentes en la manifestación de 1890.[17]

Dado este éxito notable y a menudo inesperado de la primera celebración, era natural que se exigiese su repetición. Como ya hemos visto, los movimientos escandinavos unidos lo pidieron en el verano de 1890, y lo mismo los españoles. A finales de año el grueso de los partidos europeos había seguido su ejemplo. Que la celebración se convirtiera en un acontecimiento anual regular puede que lo sugiriesen por primera vez los militantes de Toulouse que aprobaron una resolución en tal sentido en 1890,[18] aunque también es posible que no fuera así; pero nadie se sorprendió cuando en el congreso de la Internacional que tuvo lugar en Bruselas en 1891 el movimiento se comprometió a celebrar con regularidad el Primero de Mayo todos los años. Sin embargo, también hizo otras dos cosas, al tiempo que insistía, como hemos visto, en que el Primero de Mayo se celebrase con una sola manifestación el primer día del mes, fuera cual fuese dicho día, con el fin de poner de relieve «su verdadero carácter de reivindicación económica de la jornada de ocho horas y afirmación de la lucha de clases».[19] Exigió como mínimo dos cosas además de la jomada de ocho horas: la promulgación de leyes laborales y la lucha contra la guerra. Aunque en lo sucesivo fue parte oficial del Primero de Mayo, en sí misma la consigna pacifista no se integró realmente en la tradición popular del Primero de Mayo, excepto como algo que reforzaba el carácter internacional del día. Sin embargo, además de ampliar el contenido programático de la manifestación, la resolución incluía otra novedad. Hablaba de «celebrar» el Primero de Mayo. El movimiento lo reconocía oficialmente no sólo como actividad política, sino como fiesta.

Una vez más, esto no formaba parte del plan original. Por el contrario, el ala combativa del movimiento y, huelga decirlo, los anarquistas se opusieron con vehemencia, por motivos ideológicos, a la idea de la fiesta. El Primero de Mayo era un día de lucha. Los anarquistas hubieran preferido que el día único de ocio arrancado a los capitalistas se ampliara hasta convertirse en la gran huelga general que provocaría la caída de todo el sistema. Como sucede tan a menudo, los revolucionarios más exaltados tenían una visión sombría de la lucha de clases, como también tan a menudo confirma la iconografía de masas negras y grises en las que sólo alguna bandera roja pone una nota de color alegre.[20] Los anarquistas preferían ver el Primero de Mayo como una conmemoración de los mártires: los mártires de 1886 en Chicago, «un día de dolor más que un día de celebración»,[21] y allí donde eran influyentes, como en España, América del Sur e Italia, el aspecto del Primero de Mayo como martirologio se convirtió en parte de la conmemoración. Los pasteles y la cerveza no tenían cabida en la estrategia revolucionaria. De hecho, como señala un estudio reciente del Primero de Mayo anarquista en Barcelona, negarse a tratarlo como fiesta o llamarlo «Festa del Treball» era una de las características principales antes de la República.[22] Las acciones simbólicas podían irse al diablo: o la revolución mundial o nada. Algunos anarquistas incluso se negaban a apoyar la huelga del Primero de Mayo, alegando que cualquier cosa que no comenzara la revolución no podía ser más que otra diversión reformista. La Confédération Générale du Travail (CGT) francesa, que era de signo sindicalista revolucionario, no se resignó a que el Primero de Mayo fuese una fiesta hasta después de la primera guerra mundial.[23]

Es muy posible que los líderes de la Segunda Internacional fomentaran la transformación del Primero de Mayo en una fiesta, toda vez que no cabe duda de que querían evitar las tácticas de enfrentamiento de los anarquistas y, como es natural, también eran partidarios de que las manifestaciones tuvieran la base más amplia posible. Pero es indudable que la idea de una fiesta de clase, a la vez lucha y ocasión para pasárselo bien, no estaba en su pensamiento en los primeros momentos. ¿De dónde salió?

Es casi seguro que al principio la elección de fecha fue decisiva. Las fiestas primaverales están profundamente arraigadas en el ciclo ritual del año en el templado hemisferio norte, y, de hecho, el mes de mayo en sí simboliza la renovación de la naturaleza. En Suecia, por ejemplo, el Primero de Mayo ya era casi una fiesta oficial en virtud de una larga tradición.[24] Este, dicho sea de paso, era uno de los problemas que comportaba celebrar el Primero de Mayo en invierno en la por lo demás radical Australia. A juzgar por el abundante material iconográfico y literario que en años recientes ha sido puesto a nuestra disposición,[25] es muy evidente que la naturaleza, las plantas y, sobre todo, las flores se consideraban automática y universalmente símbolos del Primero de Mayo. En las reuniones rurales más sencillas, como el mitin de 1890 en un pueblo de Estiria, no vemos pendones, sino tableros adornados con guirnaldas en los que aparecen consignas, además de músicos.[26] Una fotografía encantadora de un Primero de Mayo provinciano y posterior, también en Austria, muestra a los obreros-ciclistas socialdemócratas, hombres y mujeres, desfilando con las ruedas y los manillares adornados con flores y a un pequeño niño de mayo, también adornado con flores, en una especie de sillita suspendida entre dos bicicletas.[27]

Las flores aparecen con naturalidad alrededor de los severos retratos de los siete delegados austríacos en el congreso de la Internacional de 1889, que se repartieron la primera vez que la fiesta se celebró en Viena. Las flores incluso se infiltran en los mitos de los radicales. En Francia la fusillade de Fourmies de 1891, con sus diez muertos, está simbolizada en la nueva tradición por Maria Blondeau, la muchacha de dieciocho años, que bailó a la cabeza de 200 jóvenes de uno y otro sexo agitando una rama de espino en flor que su prometido le había dado, hasta que las tropas la mataron a tiros. Es obvio que en esta imagen se funden dos tradiciones de mayo. ¿Qué flores? Al principio, como sugiere la rama de espino, colores que hacen pensar en la primavera más que en la política, aunque el movimiento pronto se decide por flores de su propio color: rosas, amapolas y, sobre todo, claveles rojos. Sin embargo, los estilos nacionales varían. No obstante, las flores son fundamentales, como lo son también las mujeres jóvenes, otro símbolo de pujanza, de juventud, de renovación y de esperanza. No es casualidad que los iconos más universales del Primero de Mayo, reproducidos una y otra vez en diversas lenguas, sean obra de Walter Crane, especialmente la famosa joven con gorro frigio rodeada de guirnaldas. El movimiento socialista británico era pequeño y poco importante y sus Primeros de Mayo, después de los años iniciales, fueron marginales. Sin embargo, a través de William Morris, Crane y el movimiento arts ands crafts, que inspiraron el «arte nuevo» o art nouveau más influyente del período, encontró la expresión exacta del espíritu de la época. La influencia iconográfica británica no es la menor de las pruebas del internacionalismo del Primero de Mayo.

De hecho, la idea de una fiesta oficial o fiesta del trabajo surgió una vez más espontáneamente y de forma casi inmediata sin duda ayudada por el hecho de que la palabra alemana feiern puede significar tanto «no trabajar» como «celebrar oficialmente». (El empleo de «jugar» como sinónimo de «hacer huelga», que era común en Inglaterra en la primera mitad del siglo, ya no lo parece en las postrimerías del mismo.) En todo caso, parecía lógico, en un día en que la gente no trabajaba, complementar los mítines políticos y las marchas de la mañana con la sociabilidad y la diversión por la tarde, sobre todo teniendo en cuenta la importancia de las posadas y los restaurantes como lugares de encuentro del movimiento. Los taberneros y los cabaretiers formaban una sección significativa de los activistas socialistas en más de un país.[28]

Una consecuencia importante de esto debe mencionarse inmediatamente. A diferencia de la política, que en aquel tiempo era «cosa de hombres», en las fiestas participaban las mujeres y los niños. Tanto las fuentes visuales como las literarias demuestran que las mujeres estuvieron presentes y participaron en el Primero de Mayo desde el principio.[29] Lo que hacía de él una auténtica manifestación de clase, y, ocasionalmente, como en España, atraía de forma paulatina a obreros que en el plano político no estaban con los socialistas,[30] era precisamente que no era privativo de los hombres sino que pertenecía a las familias. Y a su vez, a través del Primero de Mayo, mujeres que no estaban directamente en el mercado de trabajo como asalariadas, esto es, el grueso de las casadas de clase obrera en varios países, se identificaban en público con el movimiento y su clase. Mientras que la vida de trabajo asalariado pertenecía principalmente a los hombres, negarse a trabajar durante una jomada unía a las edades y los sexos en la clase obrera.

Prácticamente todas las fiestas que se celebraban con regularidad eran de carácter religioso en toda Europa excepto en Gran Bretaña, donde el Primero de Mayo de la Comunidad Europea se ha asimilado a un día festivo. El Primero de Mayo compartía con las fiestas cristianas la aspiración a la universalidad o, en términos del mundo del trabajo, al internacionalismo. Esta universalidad marcaba de modo profundo a los participantes y aumentaba el atractivo del día. Las numerosas hojas sueltas impresas del Primero de Mayo, a menudo de producción local, que son una fuente tan valiosa para la iconografía y la historia cultural de la celebración —se conservan 308 ejemplares diferentes sólo en el caso de la Italia prefascista— hablan constantemente de esto. El primer diario del Primero de Mayo aparecido en Bolonia en 1891 contiene no menos de cuatro artículos que se ocupan específicamente de la universalidad del día.[31] Y, por supuesto, la analogía con la Pascua o Pentecostés parecía tan obvia como la analogía con las celebraciones primaverales de carácter popular.

Los socialistas italianos, muy conscientes del atractivo espontáneo que la nueva festa del lavoro tenía para una población que en gran parte era católica y analfabeta, utilizaron la expresión «la Pascua de los obreros» desde, a más tardar, 1892, y estas analogías pasaron a ser comunes internacionalmente en la segunda mitad del decenio de 1890.[32] Es fácil ver por qué. La similitud del nuevo movimiento socialista con un movimiento religioso, incluso, en los primeros y embriagadores años de la fiesta de mayo, con un movimiento evangelista con expectativas mesiánicas era patente. También lo era, en algunos sentidos, la similitud de los primeros líderes, activistas y propagandistas con los sacerdotes o, al menos, con los predicadores laicos. Un folleto extraordinario publicado en Charleroi, Bélgica, en 1898, reproduce lo que representó un verdadero sermón del Primero de Mayo: no hay otra palabra para describirlo. Lo redactaron diez diputados y senadores (u otras personas en su nombre) del Parti Ouvrier Belge, sin duda ateos todo ellos, bajo los epígrafes conjuntos de «Trabajadores del mundo entero, uníos (Karl Marx)» y «Amaos los unos a los otros (Jesús)». Unas cuantas muestras darán idea de su tono:

Esta —empieza diciendo— es la hora de primavera y alegría en que la Evolución perpetua de la naturaleza brilla con todo su esplendor. Al igual que la naturaleza, llenaos de esperanza y preparaos para la Nueva Vida.

Después de algunos pasajes de instrucción moral («Respetaos a vosotros mismos: Guardaos de los líquidos que os embriagan y de las pasiones que degradan», etcétera) y de aliento socialista, concluía con un mensaje de esperanza milenaria:

¡Pronto desaparecerán las fronteras! ¡Pronto dejará de haber guerras y ejércitos! Cada vez que practiquéis las virtudes socialistas de la Solidaridad y el Amor, haréis que este futuro esté más cerca. Y entonces, en paz y alegría, nacerá un mundo en el cual triunfará el Socialismo, una vez se comprenda como es debido que la obligación social de todos es traer el progreso total de cada uno.[33]

Sin embargo, lo importante del nuevo movimiento obrero no es que fuese una fe ni que a menudo recordara el tono y el estilo del discurso religioso, sino que en él influyera tan poco el modelo religioso, incluso en los países donde las masas eran profundamente religiosas y estaban impregnadas de las costumbres de la Iglesia.[34] Asimismo, había poca convergencia entre la fe antigua y la nueva, excepto a veces (pero no siempre) donde el protestantismo tomó la forma de sectas extraoficiales e implícitamente oposicionistas en vez de iglesias, como en Inglaterra. El movimiento obrero socialista era un movimiento radicalmente secular, antirreligioso, que convirtió en masa a poblaciones que eran o habían sido piadosas.

También podemos comprender por qué fue así. El socialismo y el movimiento obrero atraían a hombres y mujeres para los cuales, como clase nueva y consciente de sí misma como tal, no había un lugar apropiado en la comunidad cuya expresión tradicional eran las iglesias oficiales, y en particular la Iglesia católica. Es verdad que había asentamientos de «extraños» por ocupación, como en la minería o los pueblos protoindustriales o industriales; por origen, como los albaneses del lugar que se convirtió en la quintaesencia del pueblo «rojo», Piana dei Greci en Sicilia (llamado ahora Piana degli Albanesi), o unidos por algún otro criterio que los separaba colectivamente de la sociedad general. Allí «el movimiento» podía funcionar como la comunidad por antonomasia y asumir muchas de las antiguas prácticas populares que hasta entonces había monopolizado la religión. Sin embargo, esto era poco habitual. De hecho, una razón importante del gran éxito del Primero de Mayo fue que era visto como la única fiesta asociada exclusivamente con la clase obrera como tal, sin compartirla con nadie, y, además, arrancada por la acción de los propios obreros. Más aún: era un día en el cual los que normalmente eran invisibles se exhibían en público y, al menos por un día, se apoderaban del espacio oficial de los gobernantes y la sociedad.[35] En esto, las fiestas de los mineros británicos, cuyo exponente más perdurable es la de Durham, se anticiparon al Primero de Mayo, pero se basaban en una sola industria y no en el conjunto de la clase obrera.[36] En este sentido, la única relación entre el Primero de Mayo y la religión tradicional era la reivindicación de derechos de igualdad. El 1 de mayo de 1898 la hoja suelta de Voghera, en el Valle del Po, proclamó: «Los sacerdotes tienen sus fiestas. Los moderados tienen sus fiestas. Y lo mismo los demócratas. El Primero de Mayo es la fiesta de los obreros de todo el mundo».[37]

Pero había otra cosa que distanciaba el movimiento de la religión. Su palabra clave era «nuevo», como en Die Neue Zeit, la revista teórica marxista de Kautsky, y como en la canción obrera austríaca que todavía se asocia con el Primero de Mayo y que dice: «Mit uns zieht die neue Zeit» («Los nuevos tiempos avanzan con nosotros»). Como quedó demostrado tanto en Escandinavia como en Austria, a menudo el socialismo penetraba en el campo y en las ciudades de provincias literalmente con los ferrocarriles, con quienes los construían y quienes se encargaban de hacerlos funcionar, y con las nuevas ideas y los nuevos tiempos que estos hombres traían.[38] A diferencia de otras fiestas oficiales, sin olvidar la mayoría de las celebraciones rituales del movimiento obrero hasta entonces, el Primero de Mayo no conmemoraba nada, al menos en los lugares donde no tenían influencia los anarquistas, que, como hemos visto, lo vinculaban a sus correligionarios de Chicago en 1886. No trataba de nada excepto del futuro, el cual, a diferencia de un pasado que sólo podía ofrecer malos recuerdos al proletariado («Du passé faisons table rase», cantaba la Internacional, y no por casualidad), ofrecía la emancipación. A diferencia de la religión tradicional, «el movimiento» no prometía ninguna recompensa después de la muerte, sino la nueva Jerusalén en esta tierra.

La iconografía del Primero de Mayo, que muy pronto creó sus propias imágenes y simbolismo, está orientada totalmente al futuro.[39] Lo que traería el futuro no estaba nada claro, sólo que sería bueno y llegaría de forma inevitable. Por suerte para él, el Primero de Mayo se convirtió en algo más que una manifestación y una fiesta. En 1890 la democracia electoral todavía era rarísima en Europa, y la reivindicación del sufragio universal no tardó en añadirse a la reivindicación de la jornada de ocho horas y las demás consignas del Primero de Mayo. Curiosamente, la reivindicación del voto, aunque pasó a ser parte integrante del Primero de Mayo en Austria, Bélgica, Escandinavia, Italia y otros países hasta que se consiguió, nunca formó una parte ex oficio de su contenido político internacional como la jomada de ocho horas y, más adelante, la paz. No obstante, donde era de aplicación se convirtió en parte integrante de la celebración e incrementó en gran medida su significación.

De hecho, la costumbre de organizar huelgas generales (o amenazar con organizarías) para reivindicar el sufragio universal, que tuvo cierto éxito en Bélgica, Suecia y Austria, y ayudó a mantener la unión del partido y los sindicatos, nació de las interrupciones simbólicas del trabajo del Primero de Mayo. La primera de estas huelgas la empezaron los mineros belgas el 1 de mayo de 1891.[40] Por otro lado, a los sindicatos les interesaba mucho más la consigna sueca del Primero de Mayo que decía «horarios más cortos y salarios más altos» que cualquier otro aspecto del gran día.[41] Había veces, como en Italia, en que se concentraban en esto y dejaban incluso la democracia a los demás. Los grandes avances del movimiento, incluida su eficaz defensa de la democracia, no se basaron en un estrecho egoísmo económico.

Por supuesto, la democracia era fundamental para los movimientos obreros socialistas. No sólo era esencial para su progreso, sino inseparable de él. La primera fiesta de mayo celebrada en Alemania se conmemoró con una placa que mostraba a Karl Marx en una cara y a la Estatua de la Libertad en la otra.[42] Un grabado del Primero de Mayo austríaco que data de 1891 muestra a Marx, sosteniendo El Capital y señalando al otro lado del mar, en dirección a una de aquellas islas románticas que la gente de la época conocía por los cuadros de estilo mediterráneo, detrás de la cual sale el sol del Primero de Mayo, que iba a ser el más duradero y poderoso de los símbolos del futuro. Sus rayos llevaban las consignas de la revolución francesa: Libertad, Igualdad, Fraternidad, que se encuentran en tantas insignias y tantos recuerdos de los primeros tiempos en que se celebró el Primero de Mayo.[43] Marx aparece rodeado de obreros, que es de suponer están preparados para tripular la flota de barcos que debe partir con rumbo a la isla, sea ésta lo que sea, y en cuyas velas aparecen estas inscripciones: Sufragio universal y directo, Jornada de ocho horas y Protección para los obreros. Esta era la tradición original del Primero de Mayo.

Esa tradición surgió con extraordinaria rapidez —en el plazo de dos o tres años— por medio de una curiosa simbiosis entre las consignas de los líderes socialistas y la interpretación a menudo espontánea de las mismas por parte de los militantes y de las bases obreras.[44] Cobró forma en aquellos primeros y maravillosos años del súbito florecer de los movimientos y partidos obreros de masas, cuando diariamente se producía un crecimiento visible, cuando la existencia misma de tales movimientos, la afirmación misma de la clase, parecía garantizar el futuro triunfo. Más aún: parecía una señal de triunfo inminente al abrirse las puertas del nuevo mundo ante la clase obrera.

Pero el milenio no llegó y el Primero de Mayo, con tantas otras cosas del movimiento obrero, tuvo que regularizarse e institucionalizarse, aunque algo del antiguo florecer de la esperanza y el triunfo volvió a él en años posteriores después de grandes luchas y victorias. Podemos verlo en los locos y futuristas primeros de mayo de los comienzos de la revolución rusa, y en casi toda Europa en 1919-1920, período en que la reivindicación original de la jornada de ocho horas propia del primero de mayo se consiguió realmente en muchos países. Podemos verlo en los primeros de mayo de los comienzos del frente popular en Francia en 1935 y 1936, y en los países del continente liberados de la ocupación, después de la derrota del fascismo. No obstante, en la mayoría de los países donde había movimientos obreros socialistas de masas, el Primero de Mayo pasó a ser normal antes de 1914.

Curiosamente, durante este período de normalización fue cuando adquirió su vertiente ritualista. Como ha dicho un historiador italiano, cuando dejó de considerarse la antesala inmediata de la gran transformación, se convirtió en «un rito colectivo que requiere sus propias liturgias y divinidades»,[45] divinidades que normalmente son identificables como las jóvenes de cabello largo, suelto, y vestidos holgados que muestran el camino que lleva al sol naciente a multitudes de hombres y mujeres cada vez más imprecisas. ¿Era la Libertad, o la Primavera, o la Juventud, o la Esperanza, o el Alba con sus dedos sonrosados o algo de cada una de ellas? ¿Quién sabe? Desde el punto de vista iconográfico, no tiene ninguna característica universal excepto la juventud, porque ni siquiera el gorro frigio, que es sumamente común, o los atributos tradicionales de la Libertad, se encuentran siempre. Podemos seguir esta ritualización de la jornada por medio de las flores que, como hemos visto, están presentes desde el principio, pero que pasan a ser oficiales, por así decirlo, en las postrimerías del siglo. Así, el clavel rojo adquirió su categoría oficial en las tierras de los Habsburgo y en Italia alrededor de 1900, momento en que su simbolismo quedó explicado especialmente en la estupenda hoja suelta de Florencia que llevaba su nombre. (Il Garofano Rosso apareció el Primero de Mayo de todos los años hasta la gran guerra.) En Suecia la rosa roja pasó a ser oficial en 1911-1912.[46] Y, con gran pesar de los revolucionarios incorruptibles, el lirio de los valles, que es una planta totalmente apolítica, empezó a infiltrarse en el Primero de Mayo de los obreros franceses a comienzos del siglo XX, hasta convertirse en uno de los símbolos regulares de la jornada.[47]

No obstante, la gran época del Primero de Mayo no terminó mientras siguió siendo a un tiempo legal —esto es, capaz de hacer que grandes masas salieran a la calle— y extraoficial. Cuando se convirtió en una fiesta dada o, peor aún, impuesta desde arriba, su carácter fue necesariamente distinto. Y, dado que la movilización pública de masas era esencial para ellos, no podían resistir la ilegalidad, aunque los socialistas (más adelante los comunistas) de Piana degli Albanesi se enorgullecían, incluso en los negros días del fascismo, de mandar sin falta algunos camaradas, cada Primero de Mayo, al paso de la montaña donde, desde el lugar que todavía se conoce por el nombre de la roca del doctor Barbato, el apóstol local del socialismo, les había dirigido la palabra en 1893. Fue en este mismo lugar donde el bandido Giuliano perpetró una matanza al reanudarse la manifestación comunitaria y merienda familiar del Primero de Mayo tras el final del fascismo en 1947.[48] Desde 1914, y en especial desde 1945, el Primero de Mayo ha pasado de forma paulatina a ser o bien ilegal o, con más frecuencia, oficial. Una verdadera continuidad de la antigua tradición sólo existe en las partes relativamente raras del tercer mundo donde los movimientos obreros socialistas de masas y extraoficiales aparecieron en condiciones propicias al florecimiento del Primero de Mayo.

Desde luego, el Primero de Mayo no ha perdido sus antiguas características en todas partes. Sin embargo, no es exagerado afirmar que, incluso donde no está asociado con la caída de viejos regímenes que otrora fueron nuevos, como en la URSS y en la Europa oriental, para la mayoría de la gente, incluso para los movimientos obreros, las palabras Primero de Mayo evocan el pasado más que el presente. La sociedad que dio origen al Primero de Mayo ha cambiado. ¿Qué importancia tienen hoy aquellas pequeñas comunidades provincianas y proletarias que recuerdan los italianos viejos? «Marchábamos por el pueblo. Luego se celebraba una comida en público. Todos los miembros del partido estaban allí, y cualquier otra persona que quisiese venir».[49] ¿Qué ha sido en el mundo industrializado de las personas que en el decenio de 1890 aún podían reconocerse en «la famélica legión» de la Internacional? Como una anciana señora italiana dijo en 1980, recordando el Primero de Mayo de 1920, cuando, siendo una obrera textil de doce años que acababa de empezar en la fábrica, llevó la bandera: «Hoy día todos los que van a trabajar son señoras y caballeros, consiguen todo lo que piden».[50] ¿Qué ha sido del espíritu de aquellos sermones de confianza en el futuro, de fe en la marcha de la razón y el progreso, que se oían el Primero de Mayo? «¡Educaos! ¡Las escuelas y los cursos, los libros y los periódicos son instrumentos de libertad! Bebed en la fuente de la Ciencia y el Arte: entonces tendréis fuerza suficiente para traer la justicia.»[51] ¿Qué ha sido del sueño colectivo de construir Jerusalén en nuestra verde y agradable tierra?

Y, pese a todo, aunque el Primero de Mayo ha pasado a ser una fiesta más, un día —cito un anuncio francés— en que uno no necesita tomar cierto tranquilizante porque no tiene que ir a trabajar, sigue siendo una fiesta especial. Puede que ya no sea, como decía la frase orgullosa, «una fiesta fuera de todos los calendarios»,[52] porque en Europa ha entrado en todos los calendarios. De hecho, es una fiesta más universal que cualquier otra excepto el 25 de diciembre y el 1 de enero,[53] y ha dejado muy atrás a sus rivales religiosas. Pero surgió de la base. Le dieron forma los propios obreros anónimos que, por medio de ella, se reconocieron a sí mismos como una sola clase, a pesar de las barreras del oficio, de la lengua, incluso de la nacionalidad, cuando decidieron que una vez al año se abstendrían deliberadamente de trabajar: harían caso omiso de la obligación moral, política y económica de trabajar. Como dijo Victor Adler en 1893: «Este es el sentido de la fiesta de mayo, del descanso del trabajo, que temen nuestros adversarios. Esto es lo que les parece revolucionario»[54]

Este centenario interesa al historiador por varias razones. En cierto sentido, es significativo porque ayuda a explicar por qué Marx llegó a influir tanto en movimientos obreros que se componían de hombres y mujeres que no habían oído hablar de él pero reconocieron su llamamiento a adquirir conciencia de sí como clase y a organizarse como tal. En otro sentido, es importante porque demuestra el poder histórico del pensamiento y el sentimiento de las bases, e ilumina la manera en que hombres y mujeres que, como individuos, no saben expresarse, no tienen poder y no cuentan para nada pueden, a pesar de ello, dejar su huella en la historia. Pero, sobre todo, es para muchos de nosotros, historiadores o no, un centenario profundamente conmovedor porque representa lo que el filósofo alemán Ernst Bloch llamó (y trató por extenso en dos gruesos volúmenes) El principio esperanza: la esperanza de un futuro mejor en un mundo mejor. Si nadie más se acordó de ello en 1990, nos correspondió a los historiadores recordarlo.

* Este trabajo se presentó para conmemorar el centenario del Primero de Mayo socialista, en 1990, en el Queen Mary and Westfield College de la Universidad de Londres, como la primera Conferencia «S. T. Bindoff» en recuerdo de un eminente miembro del departamento de historia del college. Fue publicado aparte por el college, y de nuevo, modificado, como aportación a Chris Wrigley y John Shepherd, eds.. On the Move: Essays in Labour and Transport History Presented to Philip Bagwell (Londres y Rio Grande. 1994).

[1] Michael Ignatieff, «Easter Has Become Chocolate Sunday», Observer, 15 de abril de 1990.

[2] Maurice Dommanget, Histoire du Premier Mai, Paris, 1953. pp. 350-351. El libro de Dommanget es uno de los pocos que se ocupan del tema antes de los años setenta y sigue siendo importante, pero no está tan orientado a la iconografía como los que se han publicado recientemente.

[3] Cfr. Helmut Hartwig, «Plaketten zum 1. Mai 1934-39», Aesthetik und Kommunikation 7, n.° 26 (1976), pp. 56-59. A. Riosa, ed., Le metamorfosi del 1° maggio, Venecia, 1990, contiene ensayos sobre los intentos italiano, nazi y salazarista de adueñarse del Primero de Mayo.

[4] Dommanget, Histoire du Premier Mai, pp. 301 ss.

[5] Ibid., pp. 100-101.

[6] Ibid., p. 102.

[7] El estudio internacional más completo es Andrea Panaccione, ed., The Memory of May Day: An Iconographie History of the Origin and Implanting of a Workers’ Holiday, Venecia, 1989. Para el Primero de Mayo, véase del mismo autor Un giorno perché. Cent’ anni di storia internazionale del 1° maggio, Roma, 1990, capítulo 4.

[8] Karl Marx y Friedrich Engels, Werke, Berlin, 1963, voi. 22, p. 60.

[9] Dieter Fricke, Kleine Geschichte des Ersten Mai, Frankfurt, 1980, pp. 30-31.

[10] Dommanget, Histoire du Premier Mai, p. 156.

[11] Fricke, Kleine Geschichte des Ersten Mai, p. 30.

[12] Dommanget, Histoire du Premier Mai, p. 136.

[13] Ibid., p. 156.

[14] R. Evans, ed., Kneipengespräche im Kaiserreich. Stimmungsberichte der Hamburger Politischen Polizei, 1892-1914, Reinbek, 1989, pp. 58-59.

[15] Panaccione, The Memory, p. 247.

[16] Kurt Greussing, ed., Die Roten am Land. Arbeitsleben und Arbeiterbewegung im westlichen Österreich, Steyr, 1989. pp. 58-59.

[17] Calculado a partir de Panaccione, The Memory, p. 247.

[18] Dommanget, Histoire du Premier Mai, p. 155.

[19] Ibid., p. 156.

[20] Cfr. la comparación de la iconografía socialdemócrata y comunista del Primero de Mayo en la Alemania de Weimar en W. L. Guttsman, Workers’ Culture in Weimar Germany: Between Tradition and Commitment, Nueva York, Oxford y Munich, 1990, pp. 1.989-1.999. El mejor ejemplo que conozco de esta combinación de colores es la obra sin fecha de A. Steinlen La Manifestation (n.° 314 en Le Bel Heritage: Th. A. Steinlen Retrospective, 1885-1922, Montreuil, 1987). Para comparación: una verdadera manifestación de obreros del Primero de Mayo en una época de lucha revolucionaria, «Demonstration at the Putilovskij Factory for May Day 1906», de Kustodiev, en Panaccione, The Memory, pp. 530-531. Si bien es obvia la influencia de la convención negro-rojo, el pintor refleja claramente la gama más amplia de colores en tales ocasiones en la vida real. Para las otras aportaciones de este artista a la iconografía radical, véase David King y Cathy Porter, Images of Revolution: Graphic Art from 1905 Russia, Nueva York, 1983.

[21] Lucia Rivas Lara, «El Primer de Maig a Catalunya, 1900-1931», L’Avenç (mayo de 1988), p. 9. Lo esencial de este artículo procede de la misma autora. Historia del 1° de mayo en España: desde 1900 hasta la 2ª. República (Madrid, 1987), que es el estudio más completo del tema para ese país.

[22] Rivas Lara, «El Primer de Maig », passim. Véase también Lucía Rivas Lara, «Ritualización socialista del 1.° de mayo. ¿Fiesta, huelga, manifestación?», Historia Contemporánea, Revista del Departamento de Historia Contemporánea de la Universidad del País Vasco, n.a 3 (1990). Debo esta referencia a Paul Preston.

[23] Para un intento (fallido) anarquista de convertir la manifestación en la revolución, véase David Ballester y Manuel Vicente, «El Primer de Maig a Barcelona. Vuit hores de treball. d’instrucció i de descans», L’Avenç (mayo de 1990). pp. 12-17: estudio del Primero de Mayo de 1890 en dicha ciudad. Para la CGT francesa, véase Maxime Leroy, La Coutume ouvrière, Paris 1913, vol. 1, p. 246, que señala que, una vez la CGT tomó la celebración de manos de los socialistas después de 1904, «plus de fête du travail». Dommanget, Histoire du Premier Mai, p. 334.

[24] Para una crónica interesantísima de a) la transferencia (bajo Pedro el Grande) de la fiesta de primavera occidental a Rusia, por medio del barrio periférico alemán de Moscú, y b) la fusión de esta maevka con las minúsculas manifestaciones de obreros socialdemócratas del decenio de 1890, para las cuales proporcionaban una tapadera, véase Vjaceslav Kolomiez, «Dalla storia del 1.° maggio a Mosca tra la fine del ottocento e gli inizi del novecento: i luoghi delle manifestazioni», en Panaccione, I luoghi e i soggetti del 1° maggio, pp. 105-122, N. В., pp. 110-111 para la utilización del símil de la primavera en un contexto político.

[25] Entre este material merecen señalarse las siguientes obras: André Rossel, Premier mai: 90 ans de lutte populaire dans le monde, Paris, 1977 ; Udo Achten, Illustrierte Geschichte des Ersten Mai, Obserhausen, 1979; Udo Achten, Zum Lichte Empor: Maifestzeitungen der Sozial-demokratie, 1891-1914, Berlin y Bonn, 1980; Sven Bodin y Carl-Adam Nycop, Första Maj, 1890-1980, Estocolmo, 1980; Upp till kamp: Social-demokratins första majmärken, 1894-1986, Estocolmo, 1986; U. Achten, M. Reichelt y R. Schulz, eds., Mein Vaterland ist international. Internationale illustrierte Geschichte des ersten Mai von 1886 bis heute, Oberhausen, 1986; Fondazione Giangiacomo Feltrinelli, Ogni anno un maggio nuovo: il centenario del Primo Maggio, Milán, 1988; Comune di Milano, Fondazione Giangiacomo Brodolini, Per i cent’anni della festa del lavoro, Milán, 1988; Maurizio Antonioli y Giovanna Ginex, 1° Maggio. Repertorio dei numeri unici dal 1890 al 1924, Milán, 1988; y, sobre todo, Panaccione. The Memory. Véase también para Suiza, Bildarchiv und dokumentation zur Geschichte der Arbeiterbewegung. Zurich, 1. Mai in der Schweiz, Zurich, 1989.

[26] Panaccione, The Memory, pp. 356-357.

[27] Greussing, Die Roten am Land, p. 168.

[28] Claude Willard, Les Guesdistes, París, 1964, p. 237n.; W. L. Guttsman. The German Social Democratic Party, 1875-1933, Londres, 1981, p. 160.

[29] Cfr. Renata Ameruso y Gabriela Spigarelli, «Il 1.° maggio delle donne», en Panaccione, I luoghi e i soggetti del 1° maggio, pp. 9-104.

[30] Rivas Lara, «El Primer de Maig», pp. 7-8.

[31] Antonioli y Ginex, Repertorio, pp. 4-5. Ballester y Vicente, «El Primer de Maig», p. 13, para el sentido (típicamente) fuerte de la internacionalidad de la manifestación de 1890 en Barcelona. F. Giovanoli, Die Maifeierbewegung. Ihre wirtschaftlichen und soziologischen Ursprünge und Wirkungen, Karlsruhe, 1925, hace hincapié en la fuerza inesperada de este sentimiento internacional tal como revelaron las primeras manifestaciones, (pp. 90-91).

[32] El poeta anarquista Pietro Gori creó su famoso himno del Primero de Mayo («Sweet Easter of the Workers»), que debía cantarse con la música del coro de Nabucco, de Verdi, en 1896, como parte de una obra teatral de un solo acto sobre el Primero de Mayo. F. Andreucci y T. Detti, eds., II movimiento operario italiano. Dizionario biografico, Roma, 1976, vol. 2, p. 526. Véase E. J. Hobsbawm, Worlds of Labour, Londres, 1984, p. 77.

[33] Jules Destrée y Emile Vandervelde, Le Socialisme en Belgique, París, 1903, pp. 417-418. Giovanoli, Die Maifeierbewegung, pp. 114-115, señala el elemento religioso en el lenguaje.

[34] Véase Hobsbawm, Worlds of Labour, capítulo 3, «Religion and the Rise of Socialism» (hay trad, cast.: El mundo del trabajo, Crítica, Barcelona, 1987).

[35] El concepto del Primero de Mayo como única fiesta exclusivamente asociada con los obreros, y su consiguiente efecto en la formación de la conciencia de clase, se señaló desde el principio. «Este día es suyo. Es suyo y de nadie más»: J. Diner-Denes, «Der erste Mai», Der Kampf, Viena, 1 de Mayo de 1908. Diner-Denes también señala la conquista del espacio público por los trabajadores en este día.

[36] Hobsbawm, Worlds of Labour, p. 73 y, de forma más general, capítulo 5, «The Transformation of Labour Rituals».

[37] Antonioli y Ginex, Repertorio, p. 23.

[38] Greussing, Die Roten am Land, pp. 18-21.

[39] El análisis más interesante del simbolismo del Primero de Mayo es Giovanna Ginex, «L’immagine del Primo Maggio in Italia (1890-1945)», en Comune di Milano, Per i cent’anni, pp. 37-41, y la misma, «Images on May Day Single Issue Newspapers (1891-1924): Their function and Meanings», en A. Panaccione, ed., May Day Celebration, Venecia, 1988, pp. 13-25.

[40] El papel del Primero de Mayo en lo relativo a fomentar y catalizar la idea de la huelga general —no sólo del sufragio universal— ya se resaltó en Giovanoli. Die Maifeierbewegung.

[41] Upp till kamp, p. 12.

[42] Panaccione, The Memory, p. 223.

[43] Ibid., p. 363.

[44] E. J. Hobsbawm, «100 Years of May Day», Liber, 8 de junio de 1990 (distribuido con el Times Literary Supplement), pp. 10-11.

[45] Ginex, «L’immagine», p. 40.

[46] La ascensión del clavel rojo en Italia se sigue con la mayor facilidad en Fondazione Giangiacomo Feltrinelli, Ogni anno (que incluye la colección de Números Únicos de la Biblioteca Feltrinelli, en la cual hay, al parecer, algunos que no constan en el Repertorio) y contiene numerosas ilustraciones. La primera referencia a la flor como símbolo «oficial» parece ser un poema publicado en un número de 1898 (p. 94), aunque las otras flores no desaparecen hasta 1990. Para la explicación de II Garofano Rosso, ibid., p. 105, y Repertorio, p. 130. Para la rosa sueca, Upp till kamp, pp. 21-23.

[47] Al menos, así dice Dommanget, Histoire du Premier Mai, pp. 361-363. Pero él mismo sitúa la utilización política del lirio de los valles en un grabado austríaco de comienzos del decenio de 1890 (pp. 175-176), es decir, una época en que la asociación política también era con flores primaverales, no por fuerza con flores simbólicamente rojas. Para una imagen alemana del Primero de Mayo en la que se ve a una niña vendiendo esas flores y se adoptó internacionalmente. Ogni anno, p. 100 (Der Wahre Jacob, 26 de abril de 1898).

[48] El incidente se recuerda vividamente en Salvatore Giuliano, la excelente película de Franco Rosi.

[49] Un altra Italia nelle bandiere dei lavoratori: simboli e cultura dall’unità d’Italia ali avvento del fascismo, Turin, 1980, p. 276. Este catálogo de una exposición de banderas de obreros confiscadas por los fascistas es una excelente aportación a la historia artística de la ideología popular.

[50] Ibid., p. 277.

[51] Destrée y Vandervelde, Le Socialisme en Belgique, p. 418.

[52] L’Aurora del 1° Maggio 1950 (Antonioli y Ginex, Repertorio, p. 290). Paradójicamente, se anticipó a esto el burgués weberiano de Barcelona que en 1890 predijo con amargura que si los obreros insistían en hacer huelga el Primero de Mayo, significaría «la suma de una fiesta más a las muchas con que la tradición y la Iglesia han cargado el calendario»: Ballester y Vicente, «El Primer de Maig», p. 14.

[53] T. Ferenczi, «Feastdays», Liber, 8 de junio de 1990, p. 11.

[54] Victor Adler’s Aufsätze, Reden und Briefe, Viena, 1922, vol. 1, p. 73.

© Eric Hobsbawm: Birth of a Holiday: The First of May, 1990. Traducción de José Beltrán Ferrer y Ricardo Pochtar».