[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 15 de abril de 2019

[2103.] BERNARDINA ANTUNES ARAÚJO NEVES [III] || PRESA POLÍTICA (1934)

* BERNARDINA ANTUNES ARAÚJO NEVES *

"Dryada" ou a primeira presa política da cidade de Coimbra devido a actividades antifascistas de influência anarco-sindicalista [1934]

[Bernardina Neves || 1934 || in Alberto Vilaça, Resistências Culturais e Políticas nos Primórdios do Salazarismo]

Filha de Maria da Cruz e de Francisco Antunes Araújo, Bernardina Antunes Araújo terá nascido na última década do século XIX (c. 1894), em Coimbra. 

Costureira, casada com o tipógrafo Alfredo Neves, residia em Coimbra, onde era uma das subscritoras do jornal O Proletário, de orientação marxista-leninista, e terá sido, segundo Alberto Vilaça, a primeira presa política daquela cidade devido a actividades antifascistas de influência anarco-sindicalista. 

[Bernardina e Alfredo Neves || 1934 || in Alberto Vilaça, Resistências Culturais e Políticas nos Primórdios do Salazarismo]

Em 28 de Agosto de 1934, foi detida com o marido na casa que habitavam [Rua Martins de Carvalho, 34, 4.º] e entregue, em 15 de Fevereiro de 1935, à Polícia de Vigilância e Defesa do Estado. Levada para Lisboa, foi confiada à PSP no dia 26 [Processo 1237/SPS - 1934].

[Grupo de Presos || 1934 || in Alberto Vilaça, Resistências Culturais e Políticas nos Primórdios do Salazarismo]

Julgada em 23 de Março de 1935 pelo Tribunal Militar Especial, foi condenada a 180 dias de prisão correccional, dada por expiada com a prisão sofrida, e perda de direitos políticos por cinco anos. Libertada em 26 de Março, Bernardina Antunes Araújo Neves faleceu pouco tempo depois no Hospital de São José, quando teria cerca de 40 anos de idade. 

[Bernardina Antunes Araújo Neves || ANTT || RGP/444 || PT-TT-PIDE-E-010-3-444_m0093]

Segundo investigações feitas por Alberto Vilaça no ANTT, «a sua prisão ficou a dever-se à actividade de recepção e distribuição dos números 1 e 2 da série clandestina de A Batalha, para o seu endereço enviados por Manuel Henriques Rijo [27/05/1897 - 01/08/1974], conforme sugestão do anarquista conimbricense Arnaldo Simões Januário [06/06/1897 - 27/03/1938], então preso no Forte da Trafaria pelos acontecimentos do 18 de Janeiro, e dirigidos "à camarada Dryada" em papel timbrado da CGT» [Alberto Vilaça, Para a História Remota do PCP em Coimbra. 1921-1946]. 

Neste mesmo estudo, considera-se esta costureira «uma personagem merecedora de atenção pelo seu activismo antifascista», confirmado pelas entrevistas a Emília Pessoa, sobrinha consanguínea do marido, e ao sapateiro Guilherme Luís [n. 29/04/1904], ambas datadas de Maio de 1992. O mesmo autor publicou, em trabalho posterior, uma fotografia de 1934 de presos políticos nas instalações da PSP de Coimbra onde são visíveis Bernardina Araújo e Alfredo Neves.

Feminae - Dicionário Contemporâneo, editado pela CIG em 2013, inclui uma entrada sobre esta anarquista.

Fonte:
ANTT, Registo Geral de Presos 444 [Bernardina Antunes Araújo Neves / PT-TT-PIDE-E-010-3-444_m0093].

[João Esteves]

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