[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 29 de junho de 2014

[0697.] HENRIQUE CUNHA [I]

* HENRIQUE LUÍS RAMOS PEREIRA DA CUNHA *
[20.09.1932-26.08.2010]

Henrique Cunha nasceu no dia 20 de setembro de 1932, no seio de uma família democrata e activa: o pai, oficial de engenharia, por perseguição política foi afastado  do exército com o posto de major, situação na qual permaneceu vários anos, só vindo a ser reintegrado tardiamente no posto de coronel, a que teria direito se tivesse permanecido ao serviço, mas já sem condições de subir a oficial-general. Do lado materno, o avô, Luís Inocêncio Ramos Pereira, médico republicano, foi deputado nas Constituintes de 1911 e era pai do contra-almirante Jorge Maia Ramos Pereira [06.04.1901-16.04.1974] que chegou a ser candidato da CDE por Viana do Castelo nas eleições de 1969. Em 1973, fez ainda parte da Comissão Nacional do III Congresso da Oposição Democrática que se reuniu em Aveiro.

Henrique Cunha envolveu-se cedo no associativismo e na luta antifascista. Exerceu actividade no movimento associativo estudantil, designadamente na Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico, instituição onde concluiu a licenciatura em engenharia mecânica e, muito jovem, aderiu ao MUD Juvenil e, em 1956, ao Partido Comunista.

Foi membro activo da Comissão de Apoio aos Presos Políticos e Famílias e à Comissão de Amnistia.

Sentindo-se perseguido, esteve algum tempo em refúgio e quando voltou ao trabalho, em 1964, em plena actividade profissional no Arsenal do Alfeite, foi preso pela PIDE.

Submetido à tortura do sono durante 5 dias e 5 noites e a espancamento que lhe provocou lesão irreversível no ouvido esquerdo, esteve preso no Aljube, em Caxias, em Peniche e no Hospital Prisão São João de Deus em Caxias, onde foi submetido a operação cirúrgica em consequência de traumatismo. 

Julgado e condenado a Prisão Maior e Medidas de Segurança, saiu da prisão, em liberdade condicional, em 1967, tendo continuado actividade política que prosseguiu depois do 25 de Abril. 

Esteve ligado à célula dos engenheiros da Organização Regional de Lisboa e, após 1976, de forma continuada até ao seu falecimento, exerceu actividade partidária na Comissão dos Assuntos Económicos junto do Comité Central do Partido Comunista, particularmente no organismo ligado à política industrial.

Homem simples, solidário, afável, discreto, algo tímido e, não raras vezes, (muito) distraído, revelava-se, entre os mais próximos, um excelente ouvinte e conversador. Apesar de todas as adversidades por que passou, manteve até ao fim um sorriso genuíno e cativante, marcando todos aqueles que com ele conviveram.

Casado com a activista e escritora Glória Marreiros.

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