[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 23 de junho de 2014

[0687.] MARGARIDA TAVARES FERNANDES ERVEDOSO [I] || CASADA COM GABRIEL PEDRO, MÃE DE EDMUNDO PEDRO - MILITANTE COMUNISTA

* MARGARIDA TAVARES FERNANDES ERVEDOSO *

[in Edmundo Pedro || Memórias. Um combate pela liberdade || Âncora Editora || 2007]

Nasceu em 1903, em Alcochete. 

Iniciou muito nova a sua vida afectiva e política: aos 14 anos ligou-se a Gabriel Pedro [22/04/1898 - 1972], com quem casou aos 15, já mãe de Edmundo Pedro [08/11/1918 - 27/01/2018], nascendo, dois anos depois, João (1920-1935) e, por fim, Germano Tavares Pedro

Margarida Ervedoso manteve, nos anos 30, intensa actividade política no Partido Comunista Português e chegou a ser um dos seus primeiros funcionários permanentes. 

Em 1928, terá acompanhado o marido, deportado para a Guiné.

Em 1931, radicou-se com o marido e o filho João em Sevilha. Aderiram ao Partido Comunista Espanhol e participaram activamente os três no IV Congresso realizado naquela cidade.

Margarida Tavares, “então com 28 anos, também usou da palavra em nome da organização comunista das mulheres portuguesas”, por sinal inexistente [Edmundo Pedro, pp. 27 e 68]. 

Na sequência deste episódio, marido e mulher foram convidados pela direcção do PCP a ingressar nele “e regressarem clandestinamente a Portugal para se dedicarem, a tempo inteiro, à actividade partidária” [EP, p. 69], tornando-se funcionários políticos em 1932. 

Segundo as Memórias de Edmundo Pedro, a mãe aderiu totalmente às novas ideias e actividades e a família instalou-se em Lisboa, “com nomes fictícios, numa casa alugada pelo Partido, na Rua S. Sebastião da Pedreira” [EP, p. 69], transformada em sede central do PCP. Aí se reuniam os principais dirigentes, nomeadamente Alfredo Caldeira, Bento Gonçalves, Francisco de Paula Oliveira (Pavel) e José de Sousa, e editava-se a imprensa clandestina, como o Avante! e o Militante

Pavel refugiou-se nessa casa aquando da fuga do sanatório da Ajuda, em 1933. 

No Verão desse ano, enquanto funcionária do partido, Margarida Tavares deslocou-se a Sevilha e foi detida no regresso, na fronteira. 

Em 21 de Setembro de 1933 deu entrada na Secção Política e Social da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado

Submetida a interrogatórios, negou tudo, foi enviada para a Cadeia das Mónicas e o processo seguiu, em 12 de Outubro de 1933, para julgamento no Tribunal Militar Especial. Em Janeiro de 1934, a mãe e Edmundo Pedro, ambos detidos, encontraram-se na prisão do Governo Civil, a que se juntaria pouco tempo depois o pai. 

Pedro Batista da Rocha, activista da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas na década de 30 conta, no livro Escrito Com Paixão, como se cruzou com Margarida na sede da Polícia de Informações, estando ambos então presos [Pedro Rocha, p. 83], evocando “que em Espanha havia conhecido La Pasionaria no início da sua carreira revolucionária” e “era militante da secção feminina do Partido Comunista Português” [p. 84]. 

Margarida Tavares não chegou a ser julgada, ao contrário do marido e filho, voltou a ser transferida para a Cadeia das Mónicas e libertada alguns meses após a sua detenção, em maio. 

Passou a visitar o filho e marido no Aljube, onde, durante as conversas através do parlatório, acordou-se no divórcio perante a perspectiva da condenação daquele por muito tempo e na sequência da deportação para Angra do Heroísmo, para onde seguiu em 8 de Setembro de 1934. 

Retomou a actividade política no Partido Comunista, funcionando quase como secretária de Bento Gonçalves, que a encarregava “do desempenho de tarefas semilegais inerentes à sua actividade de secretário-geral do Partido” [EP, p. 235, nota 38], e refez a sua vida com Afonso Silva, guarda-livros, deportado nos Açores que regressara havia meses: conheceu-o “no âmbito da actividade partidária” e “essa ligação manteve-se enquanto ambos foram vivos” [EP, p. 257]. 

Em maio de 1935, morreu, com 14 anos, o filho do meio, em consequência de violenta agressão após uma acção política realizada na Escola Fonseca Benevides, e nesse mesmo ano, com a detenção de Bento Gonçalves, “separou-se definitivamente do PCP” [EP, p. 349]. 

No primeiro volume das Memórias de Edmundo Pedro é inserida uma fotografia de Margarida Tavares Fernandes Ervedoso com cerca de 60 anos [EP, p. 130].

Foi inserida uma biografia mais desenvolvida em Feminae. Dicionário Contemporâneo [CIG, 2013]

[João Esteves]
[alterado em 11/02/2023]

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