[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 18 de julho de 2014

[0713.] MARIA REGINA DIAS CARVALHEIRO [I]

* MARIA REGINA DIAS CARVALHEIRO *
[27/10/1917 - 14/06/2003]
[in Alberto Vilaça, O MUD Juvenil em Coimbra - História e estórias, Campo das Letras, 1998]

Prestigiada antifascista e militante comunista, a advogada Regina Carvalheiro foi uma das principais referências do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e da Associação Feminina Portuguesa para a Paz na Figueira da Foz e em Coimbra e pertenceu, durante décadas consecutivas, aos meios oposicionistas das duas cidades.

Filha de Albertina Teixeira Dias Carvalheiro [11/05/1890-15/06/1976] e de Manuel Duarte Carvalheiro [19/10/1889-01/11/1949], Maria Regina Dias Carvalheiro nasceu na freguesia de S. Julião, Figueira da Foz, a 27 de outubro de 1917 e faleceu na mesma localidade a 14 de junho de 2003, com 85 anos de idade. 

No ano letivo de 1937/1938, quando tinha 18 anos, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, datando desse período a leitura do jornal clandestino Avante!.

Em 1946, quando era notária na sua terra natal [1945-1949], integrou, juntamente com a irmã Maria Celinda Dias Carvalheiro [21/08/1915-25/12/2000], o grupo das catorze subscritoras que, através de abaixo-assinado dirigido à Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, Maria Lamas [1893-1983], solicitou a criação duma delegação na Figueira da Foz, “tendo em vista levar a efeito várias realizações de alcance cultural e social, no sentido de elevar a mulher a um grau de maior dignificação e de prestar à criança a assistência de que carece” [documentação cedida por Maria da Natividade dos Santos Silva Pinheiro Correia, n. 09/02/1922].

Concluiu o curso de Direito no ano letivo de 1948/1949 e foi enquanto “candidata a advocacia” que aderiu ao núcleo de Coimbra da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, a que aderiu, tal como a irmã, por intermédio de Eva Amado [n. 21/01/1908], cunhada de Armando Bacelar [25/08/1918-1998].

Em Outubro de 1950, foi eleita 1.ª Secretária da Delegação de Coimbra da AFPP. 

A ação de Regina Carvalheiro estender-se-ia também a Lisboa, já que foi por seu intermédio que a médica Maria da Purificação Araújo aderiu a essa agremiação, tendo o convite sido concretizado numa das varandas do cinema São Jorge, em Lisboa.   

Exercendo advocacia em Coimbra e na Figueira da Foz, “participou ativamente em todos os movimentos oposicionistas desde a campanha do general Norton de Matos para a Presidência da República” [Mário Matos Lemos, 2009].

Presa em 1962, tal como Eva Amado e a professora Madalena Coelho Marques de Almeida [01/02/1916-2013] , foi julgada no Tribunal Plenário de Lisboa, tendo sido absolvida.

Na década de 1970, integrou o Movimento Democrático de Coimbra, tendo sido candidata pela lista da oposição às eleições de 1973 para a Assembleia Nacional.

Em janeiro de 1974, integrou o grupo de cidadãos que procurou realizar em Coimbra uma sessão comemorativa do 31 de Janeiro de 1891 e que foi recusada pelo Governador Civil [Blogue Livre e Humano].

Na sequência do 25 de Abril de 1974, a 28 de abril fez parte da delegação daquele Movimento, juntamente com Alberto Vilaça [07/12/1929-21/05/2007], João Vilar, Luís Carlos Januário, Trocado da Costa e Victor Costa, que se dirigiu a Lisboa para o Encontro Nacional de todos os movimentos democráticos nacionais. Segundo Victor Costa, seria a única mulher presente [Victor Costa, A força do povo - o 25 de Abril em Coimbra, Lápis de Memórias, 2014].

Em 1975, esteve, juntamente com os professores Carrington da Costa, Luís Albuquerque, Orlando de Carvalho, Paulo Quintela, e Teixeira Ribeiro, Rui Clímaco, Major Lestro Henriques, Padre Cruz Dinis, Maria Benedita Albuquerque, Ivone Teles e Manuela Macário, na fundação do Núcleo de Coimbra do Conselho Português para a Paz e Cooperação.

[Albano Cunha - 1915-1968]
Casada com Albano Rodrigues da Cunha [04/04/1915-05/08/1968], advogado e militante comunista muito considerado em Coimbra, várias vezes preso e torturado pela PIDE sem ter prestado quaisquer declarações.

[João Esteves]

1 comentário:

Luís Alberto Meneses Almeida disse...

Maria Regina Teixeira Dias Carvalheiro é prima direita da minha mãe. Apenas tinham uma diferença grande de idade já que a minha mãe nasceu em 1934 na vila do Paião que pertence ao concelho da Figueira da Foz. Além disso o meu avô materno era tio da advogada Maria Regina Carvalheiro.