[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

terça-feira, 6 de junho de 2017

[1606.] MÁRIO RODRIGUES FARIA [I]

* CONTOS E OUTRAS PROSAS DE MÁRIO RODRIGUES FARIA || PREFÁCIO, ORGANIZAÇÃO E NOTAS DE LUÍSA DUARTE SANTOS *

[Edições Fénix || Dezembro de 2016]


Eis um livro que, provavelmente, terá passado despercebido e que, no entanto, merece particular atenção a todos os estudiosos da geração vilafranquense do neo-realismo e da luta antifascista no final da década de 30.

Com Prefácio, Organização e Notas de Luísa Duarte Santos e Posfácio de Maria Lucília Estanco Louro, compila oito Contos e quinze outras Prosas de Mário Rodrigues Faria [11/01/1921 - 08/02/2004] publicadas, entre Março de 1938 e Outubro de 1940, nos periódicos Sol Nascente (1938/39), O Diabo (1938/40), Mensageiro do Ribatejo (1939/40), Pensamento (1940) e Jornal de Ílhavo (1940).



Nascido em Vila Franca de Xira em 1921, integrou o "grupo de jovens com renovados interesses literários sociais e políticos e que viria a constituir a nova geração neo-realista" [Luísa Duarte Santos, p. 7], tornando-se amigo e camarada de ideais de Alves Redol, de Carlos Pato, de Arquimedes Silva Santos e de Garcez da Silva.

No ano lectivo de 1938/39, começou a frequentar o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição onde passou a conviver com alguns dos principais intelectuais antifascistas: Cândida Ventura, Fernando Piteira Santos, Joana Campina, Joaquim Barradas de Carvalho, Joel Serrão, Jorge Borges de Macedo, Manuel Campos Lima, Maria Lucília Estanco Louro, Matilde Rosa Araújo, Olívia Cunha Leal e Rui Grácio,

Participou, em 1940/41, na reorganização do Partido Comunista, integrando o Comité Local em Vila Franca, juntamente com António Dias Lourenço e Carlos Pato, e foi um dos convivas da fragata Liberdade (1940-1942).

Por dificuldades financeiras, abandonou a Faculdade e seguiu, mais tarde, a carreira militar, falecendo em Lisboa, em 8 de Fevereiro de 2004, aos 83 anos.

Começou a publicar com apenas dezassete anos e, apesar da reconhecida qualidade literária, os seus últimos escritos editados findaram ao fim de dois anos e meio: se "o tempo e as circunstâncias, pessoais e sociais, levaram a sua escrita ao silêncio", "é hora de voltar à sua leitura" [Luísa Duarte Santos, p. 15].

Projecto nascido da investigação de Luísa Duarte Santos do reencontro de dois amigos e correlegionários de Mário Rodrigues Faria - Arquimedes da Silva Santos e Maria Lucília Estanco Louro -, este livro "oferece" ainda um conjunto de fotografias, onde constam, para além destes dois nomes, Alves Redol, Atilano dos Reis Ambrósio (Jorge Reis), Dias Lourenço, Garcez dos Santos, Maria Ângela Montenegro, Rui Grácio.

O Posfácio de Maria Lucília Estanco Louro é de leitura obrigatória pelo enquadramento histórico que faz de Mário Rodrigues Faria. 



[João Esteves]

Sem comentários: