[3080.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXVII] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXVII *

01173. Manuel de Carvalho [1932]

[Arcos de Valdevez, c. 1914, empregado de comércio - Lisboa. Filiação: Angelina Gonçalves de Carvalho, José de Carvalho. Solteiro. Residência: Largo da Graça, 120 - Lisboa. Entregue pela PSP na S. V. P. S. em 13/10/1932, por ter dito numa carvoaria situada naquele Largo, em 12/10/1932, que o Presidente da República, Óscar Carmona, era um "bandido" (Processo 545). Libertado em 18/10/1932, por não haver provas suficientes.]

01174. Fernando da Costa Tavares [1932, 1933, 1933]

["O Fernando do Talho", "Tavares das Carnes Verdes", "Tavares do Talho". Tábua, c. 1908, cortador - Lisboa. Filiação: Maria da Natividade Conceição, António da Costa Tavares. Solteiro. Residência: Rua do Barão, 33 - Lisboa. Preso pela S. V. P. S. em 14/11/1932 e levado para uma Esquadra, acusado de ser o militante 66 da Célula 11 do Partido Comunista Português cuja ficha de filiação datava de 26/06/1930. Assinante do jornal O Proletário, teve em sua casa, a pedido de Manuel Francisco Roque Júnior, o refugiado comunista espanhol Emiliano Huertas. Integrava o Sindicato dos Trabalhadores de Carnes Verdes, tendo pertencido à sua Direcção e à Comissão de Melhoramentos, para além de integrar o Grupo de Defesa Sindical. Fazia a cobrança, também por indicação de Roque Júnior, de quotas de organismos aderentes à Comissão Inter-Sindical [CIS], federação a que pertencia o seu sindicato (v. Processo 568). Libertado em 10/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia de 05/12/1932, data em que o seu processo foi enviado para julgamento. Preso em 09/05/1933, "por ter enviado manifestos clandestinos para o Porto" (Processo 677-A). Preso em 16/11/1933, por suspeita de conspirar no talho contra a situação política (v. Processo 868). Libertado em 04/12/1933, "por não haver qualquer elemento de prova". Com ligações ao Socorro Vermelho Internacional e responsabilidades partidárias, integrou, em 1936, a Direção do Partido Comunista, juntamente com Alberto Araújo, Álvaro Cunhal, Francisco de Paula Oliveira, Joaquim Pires Jorge, Ludgero Pinto Bastos, Manuel Rodrigues da Silva, Miguel Wager Russell e Vasco de Carvalho, entre outros. Em 1937, continuava a integrar o Comité Central saído da reunião de Abril de 1936. Naquele mesmo ano, à revelia das orientações político-partidárias, envolveu-se ativamente no atentado a Salazar, ocorrido em 04/07/1937. Fracassado este, foi dos poucos a escapar à vaga de prisões e fugiu para França, onde se relacionou com Emídio Guerreiro. Julgado à revelia pelo 1.º TMT de Lisboa em 20/03/1939, acusado de ser delegado da Frente Popular na preparação do atentado, e condenado a 10 anos de prisão celular ou, em alternativa, 28 anos de degredo em possessão de segunda classe (Processo 132/38 do TMT de Lisboa). Não mais regressou a Portugal, tendo falecido no exílio sem deixar rasto visível.]

[João Esteves]