[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 4 de janeiro de 2014

[0440.] BEATRIZ PINHEIRO [I]

Beatriz Paes Pinheiro de Lemos
[1872-14/10/1922]



- Escritora e professora.

- Filha de Francisco Pinheiro e de Antónia Paes de Figueiredo,  nasceu em Viseu, em 1872. 

- Pertenceu à geração das republicanas e feministas portuguesas mais relevantes do princípio do século XX. 

- Fez a estreia literária na revista académica A Mocidade, quando ainda era aluna do liceu. 

- Com o marido, Carlos de Lemos, poeta e professor do Liceu de Viseu que, em 1909, foi Presidente da Comissão Municipal Republicana, sendo então perseguido pelo seu posicionamento político, dirigiu a revista literária Ave Azul (1899-1900). 

- Aí assinou textos dedicados à emancipação feminina e, considerando que o feminismo pretendia “pôr a mulher em condições de viver dignamente na sociedade, por meio do seu trabalho, sem precisar dum homem que a mantenha” [15/11/1899, p. 500], incitou as mulheres à luta, para “que reivindiquem os seus direitos, que façam por conquistar a igualdade civil e política, que sejam nos bancos das Escolas as dignas rivais dos mais inteligentes e dos mais estudiosos” [15/8/1899, p. 324]. 

- Nos seus escritos, revelou-se defensora da independência económica das mulheres e considerava que ela só era possível de alcançar com uma educação diferente para o sexo feminino.
- Colaborou nos periódicos A Beira, Nova Aurora (1900-1901), Almanaque das Senhoras* (1901, 1916, 1924), A Crónica (1900-1906), Alma Feminina (1907-1908), e O Garcia de Resende (1908-1909). 

- Correspondente local da Liga Portuguesa da Paz, dirigida por Alice Pestana, nunca deixou de caucionar a propaganda republicana e aderiu à Liga Republicana das Mulheres Portuguesas.

- Empenhou-se na campanha a favor da aprovação da lei do divórcio e reivindicou o ensino e a enfermagem laicas, servindo-se da imprensa para difundir o seu ideal. 

- Diplomada em Ciências e Letras, terá começado a leccionar em 1900. Poucos anos volvidos sobre a implantação da República passou a residir em Lisboa, onde era professora provisória do Liceu Maria Pia e leccionava Francês, Geografia e História. 

- Foi escolhida, juntamente com Ana Augusta de Castilho, Ana de Castro Osório, Luthgarda de Caires, Joana de Almeida Nogueira e Maria Veleda, para fazer parte da comissão que deveria representar as feministas portuguesas no sétimo Congresso da International Women Suffrage Alliance, a realizar em Budapeste. 

- Em 8 de Junho de 1916, proferiu no Liceu Maria Pia a conferência “A Mulher Portuguesa e a Guerra Europeia”, editada pela Associação de Propaganda Feminista. 



- Segundo Henrique Perdigão, “deve-se-lhe a criação da Escola Liberal João de Deus, para raparigas pobres, fundada como protesto à educação congreganista por ocasião do célebre ‘caso Calmon’”, e pertenceu ao Instituto de Coimbra. 

- Faleceu em Lisboa, em 14 de Outubro de 1922.

 [João Esteves,
v. Dicionário no Feminino (séculos XIX-XX), Lisboa, Livros Horizonte, 2005]

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