[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

[0495.] MARIA HELENA MAGRO [I] || VIVER, LUTAR E MORRER NA CLANDESTINIDADE (1923 - 1956)

* MARIA HELENA ALVES TAVARES MAGRO *

[01/01/1923 - /12/1956]

VIVER, LUTAR E MORRER NA CLANDESTINIDADE

[Maria Helena Magro || Fotografia in 100 Anos de Luta (1921-2021) || Edições Avante! || 2021] 

Militante clandestina do Partido Comunista Português nas décadas de 40 e 50 do século XX, faleceu em Dezembro de 1956.

Filha de Francisco Félix Tavares Magro [1896-1946] e de Flora Carlota Alves Magro, irmã de João e José Alves Tavares Magro [1920-1980] e cunhada de Aida de Freitas Loureiro Magro [1918-2011], Maria Helena Alves Tavares Magro nasceu em 1 de Janeiro de 1923.

Frequentou o Liceu Filipa de Lencastre onde, segundo Vanda Gorjão, Alda Nogueira, nascida em 19 de Março do mesmo ano, se tornou sua amiga inseparável.

Matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa no ano lectivo de 1940/41, participou nas greves académicas de 1941 e ingressou, em 1943, no Partido Comunista.

Em finais de 1945, quando frequentava o 4.º ano, foi incentivada pelo irmão José, “no pequeno jardim defronte da Casa da Moeda”, a integrar os quadros clandestinos do Partido, naquele que seria o último encontro entre ambos. Jamais abandonou a clandestinidade ou voltou a ver os familiares.

Aluna com altas classificações, deixou o curso por concluir e viveu, durante onze anos consecutivos, na clandestinidade, sem nunca ser presa. Tornou-se, então, companheira de Joaquim Pires Jorge [1907-1984], de cuja união nasceu a filha Clara.

Escreveu, a partir de 1947, no jornal 3 Páginas e em A Voz das Camaradas das Casas do Partido, com o pseudónimo Manuela; em O Militante assinava com o nome de Clara.

O último artigo, sobre “A Importância da Cultura Geral”, data de Novembro de 1956. Em Dezembro, em vésperas de completar 34 anos, morreu no hospital de complicações de parto do segundo filho.

Margarida Tengarrinha, no livro Quadros da Memória, evoca este desenlace, até porque Pires Jorge se encontrava então em sua casa, e a importância que Helena Magro, que nunca conheceu pessoalmente, teve na adaptação à sua própria vida clandestina.

[Desenho de Margarida Tengarrinha publicado, em Abril de 1961, em A Voz das Camaradas das Casas do Partido]

Aquando da morte, José Dias Coelho escreveu no jornal Avante! palavras sentidas e o seu retrato em gravura, da autoria de Margarida Tengarrinha, foi publicado no número de Abril de 1961 de A Voz das Camaradas das Casas do Partido.

Com cerca de dois anos de idade, Clara, um dos muitos “filhos da clandestinidade”, foi entregue à família da mãe e criada pelo tio João Luís e pela avó Flora Magro que, durante vinte e três anos consecutivos, em condições inimagináveis, andou a caminho das cadeias políticas para visitar o filho (José Magro), a nora (Aida Magro) ou o genro (Pires Jorge), encarcerado entre 1961 e 1971, a quem levava a filha nas visitas de fim-de-semana ao Forte de Peniche.

Júlia Coutinho, no seu blogue As Causas da Júlia, evocou-a no dia 1 de janeiro de 2009, data em que completaria 86 anos de idade.

[João Esteves]

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