[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 10 de junho de 2016

[1493.] ESCOLA DE VERÃO FACES DE EVA [I] AS MULHERES E A GRANDE GUERRA

ESCOLA DE VERÃO FACES DE EVA *

|| AS MULHERES E A GRANDE GUERRA || FCSH-UNL || AQUI ||

|| 4 A 13 DE JULHO || 

|| dias úteis: 17h00 às 20h00 || dia 4: 17h00 às 21h00 || sábado: 10h00 às 13h00 ||

Docentes: Zilia Osório de Castro, Alexandra Luís, Cristina Duarte, Fátima Mariano, Ilda Soares Abreu, Maria José Remédios, Natividade Monteiro, Rita Mira.


Objetivos:
- Conhecer o movimento de mulheres durante a Grande Guerra.
- Analisar o voluntariado feminino no apoio aos combatentes, prisioneiros e outras vítimas da guerra.
- Reflectir sobre o papel da imprensa feminina e do teatro como suportes ideológicos da propaganda de guerra.
- Conhecer os modelos da educação escolar feminina no tempo da guerra.
- Analisar o fenómeno social da moda na sua relação com a guerra.
- Desconstruir as noções dominantes de ‘Mulher’ e ‘Feminilidade’.
- Proporcionar a atualização científica sobre a participação pública feminina durante a guerra.


Programa

  1. As organizações femininas de apoio aos combatentes: A Cruzada das Mulheres Portuguesas e a Assistência das Portuguesas às Vítimas da Guerra.
  2. A assistência aos feridos e mutilados de guerra.
  3. O apoio das mulheres aos prisioneiros de guerra.
  4. Mulheres e Imprensa em tempo de Guerra.
  5. O teatro na propaganda da I Guerra Mundial.
  6. A educação feminina em tempo de guerra.
  7. A Moda e a Guerra.
  8. Identidades Femininas e noções de feminilidade.
  9. Visita aos locais da Baixa lisboeta associados às mulheres no período da guerra.

Com a beligerância portuguesa na frente europeia, as mulheres mobilizaram-se para apoiar os combatentes e organizaram-se em torno da Cruzada das Mulheres Portuguesas, constituída pelas elites republicanas, e da Assistência das Portuguesas às Vítimas da Guerra, que agregava monárquicas e católicas. A abordagem destas duas associações permitirá conhecer as personalidades que lideraram o processo de participação pública das mulheres no esforço de guerra, as relações com o poder político e os discursos produzidos.
A assistência aos feridos e mutilados de guerra foi o grande objetivo das organizações femininas. A Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha (SPCV) e a Cruzada das Mulheres Portuguesas (CMP) foram as entidades responsáveis pela formação de enfermeiras e por serviços autónomos de saúde. As damas-enfermeiras da SPCV e as enfermeiras militares da CMP tiveram um papel relevante nos hospitais temporários da retaguarda e nos hospitais da Base do Corpo Expedicionário Português, em França.
Cerca de oito mil portugueses foram feitos prisioneiros pelo Exército alemão entre 1914 e 1918, vivendo em campos de concentração onde a comida escasseava, os cuidados médicos eram mínimos e sem dinheiro nem roupa adequada ao clima frio e húmido. Foram meses de grandes privações durante os quais o apoio das organizações femininas foi essencial para que conseguissem suportar melhor o período de cativeiro.
A imprensa foi o principal suporte ideológico do voluntariado feminino ao serviço da guerra. Através do Diário de Notícias, A Lucta, A Vanguarda, A Semeadora e O Mundo, analisaremos as representações das mulheres, ao longo de 1916, com destaque para a cobertura noticiosa do seu envolvimento no esforço de guerra.
Também o teatro foi um dos suportes da propaganda de guerra apoiando, com algumas excepções, o intervencionismo de Portugal na contenda. O teatro de revista, mais próximo das camadas populares, dispunha de um numeroso elenco feminino intérprete de canções e fados que exortavam ao patriotismo e exaltavam o heroísmo dos combatentes, durante e depois do conflito.
Importa também conhecer o estado da educação escolar feminina em tempo de Guerra, fazendo um mapeamento da oferta pública e privada de educação escolar direcionada para "as meninas", quer de nível primário, quer de nível secundário. Questionar-se-á a criação, e tardia implementação, do 1.º Liceu feminino e analisar-se-á, como uma questão de género, os planos de estudos apresentados. Focar-se-á a atenção numa instituição de educação escolar feminina, criada para as filhas de militares, em tempo de Guerra. Analisaremos, por último, a intervenção pública de algumas mulheres, com relevância na educação feminina, sobre a Guerra.
A guerra refletiu-se em todas as vertentes da vida quotidiana e influenciou também a moda. Partindo de uma citação de Gertrude Stein (n.EUA,1874 – f.Paris, 1946), propomos uma análise do fenómeno social da moda na sua relação com a guerra. Stein sugere uma fenomenologia da guerra, através das lentes da moda, e da vida quotidiana. «War makes fashion» vai permitir-nos assim uma viagem no tempo, também presente.
Sendo a identidade feminina uma construção psicossocial, resultando de um processo social de aprendizagem e internalização e não uma identidade inata, é importante compreender quais são as noções dominantes de mulher e de feminilidade nas instituições e práticas sociais durante a época da 1.ª Grande Guerra, em Portugal.

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