* MULHERES DA CLANDESTINIDADE *
[Edições Parsifal || Março de 2017]
43 anos decorridos sobre Abril de 1974, continua a não ser devidamente evocado e valorizado o papel que as clandestinas comunistas tiveram na luta contra uma ditadura que se prolongou por 48 anos.
Abdicando da sua liberdade individual e identidade, cortando laços familiares, deslocando-se para lugares desconhecidos e isolados, (sobre)vivendo em condições económicas e sociais difíceis de imaginar, procurando salvaguardar os outros e, muitas vezes, construir e reconstruir novas famílias, arrastando com incompreensões e estereótipos masculinos e resistindo à fascização do quotidiano, tornaram-se peça chave, embora discreta e desvalorizada, na longevidade ininterrupta do combate antifascista de um partido clandestino que contava nas suas fileiras com escassos milhares de militantes.
Elas existiram, são de carne e osso, e ei-las num desfilar diversificado de testemunhos e memórias, por vezes dolorosos, que Vanessa de Almeida materializou neste seu livro, incorporando-as no combate antifascista e merecedoras, tanto quanto os homens, de idêntico reconhecimento.
Quantas mulheres (e homens) estariam, hoje, de novo, dispostos a optar por uma vida repleta de sacrifícios, angústias, medos, prisões, torturas e morte, sem saberem quando chegaria essa “madrugada” libertadora e emergiriam “da noite e do silêncio”?
Mulheres da Clandestinidade, de Vanessa de Almeida, é mais um importante contributo para colmatar lacunas e silenciamentos sobre o papel das clandestinas do Partido Comunista e a sua vida na clandestinidade, para além de dar a palavra às suas protagonistas, resgatando-as para a História.
Sim, porque o combate ao fascismo não se deu apenas no masculino, nem a luta antifascista de décadas teria sido possível sem estas mulheres. Estas e, claro, muitas outras.
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