* PRESO, DEPORTADO, GUERRA CIVIL DE ESPANHA, TARRAFAL *
[Fotografia prisional de 11/01/1941]
Nascido há 110 anos, Reinaldo de Castro combateu a Ditadura Militar, foi preso e deportado (1931-1933), participou na Guerra Civil de Espanha (1937-1939) e, quando entregue pelas autoridades franquistas à PVDE, foi novamente preso e enviado para o Tarrafal (1941-1946).
Tal como sucede com muitos outros nomes que combateram o regime ditatorial saído de 28 de Maio de 1926, as suas vivências políticas e antifascistas são insuficientemente conhecidas, investigadas e/ou divulgadas.
Filho de Maria da Luz Monteiro e Castro e de Alexandre de Castro, Reinaldo de Castro, conhecido por "O Monteiro", nasceu em 6 de Junho de 1907, em Lisboa.
Tomou parte na Revolta Militar de 26 de Agosto de 1931, quando era empregado na Câmara Municipal de Lisboa, e integrou o numeroso grupo de deportados para Timor em 2 de Setembro de 1931.
Abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932, foi autorizado a regressar, tendo desembarcado em 9 de Junho de 1933, com residência na Rua Particular à Estrada das Amoreiras, A.C. 3.º Direito.
Em 1937, encontrava-se fugido à PVDE por desenvolver militância comunista, juntamente com Artur Gomes Crescêncio Fernandes Teixeira, Joaquim Fernandes Teixeira e Miguel Wager Russell. Na busca à sua residência, na Calçada de Santana, 58, 2.º Andar, encontraram-se jornais clandestinos (Avante, O Eco do Arsenal, O Eléctrico, O Jovem, O Proletário, O Volante, Unidade), selos do Socorro Vermelho Internacional e folhetos (A Chama de Julho, Ao País, Bandera Roja, Princípios do Comunismo, Programa da Frente Popular Portuguesa), bem como material de guerra.
No Livro de Cadastrados N.º 3 da Torre do Tombo [ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903-m0034], consta o nome de Reinaldo de Castro mas não a fotografia, estando anotada a inscrição "fugido" [Registo 2075, Cadastrado 3194].
No Livro de Cadastrados N.º 3 da Torre do Tombo [ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903-m0034], consta o nome de Reinaldo de Castro mas não a fotografia, estando anotada a inscrição "fugido" [Registo 2075, Cadastrado 3194].
Terá residido no Barreiro, tendo, então, cooptado para o Partido Comunista Júlio Augusto Cordeiro, a quem entregou o folheto "Passionária" a fim de ser distribuído.
Devido às suas actividades políticas, foi emitido pelo Tribunal Militar Especial um mandado de captura, tendo sido julgado à revelia em 15 de Junho de 1940 e condenado a doze anos de degredo.
Entretanto, entre 1937 e 1939, participou, em Ocaña, na Guerra Civil de Espanha ao lado das forças republicanas. Em 26 de Dezembro de 1940, foi entregue pela polícia franquista às autoridades portuguesas e enviado para Peniche no dia seguinte.
Em 2 de Janeiro de 1941, foi transferido para o Aljube e, em 30 do mesmo mês, para Caxias.
[Presos Políticos no Regime Fascista III: 1940-1945 || CLNSRF, 1984, p. 71]
Na sequência de novo julgamento pelo TME, realizado em 18 de Abril, Reinaldo de Castro foi condenado a 15 anos de degredo e enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal em 17 de Junho de 1941, de onde seria libertado em 12 de Janeiro de 1946, tendo regressado no navio Guiné em 1 de Fevereiro.
João Varela Gomes, em Guerra de Espanha - Achegas ao redor da participação portuguesa [Fim de Século, 2006, p. 63], refere-se à sua participação na Guerra Civil de Espanha, bem como à opção de "passar despercebido" quanto a esse passado.
Fontes: ANTT, PIDE, Serviços Centrais, Cadastros / Cadastro Político Nº 3194; ANTT, Registo Geral de Presos, Livro 65, Registo 12951; CLNSRF, Presos Políticos no Regime Fascista III: 1940-1945, 1984, p. 71.
[João Esteves]
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