* ELAS ESTIVERAM NAS PRISÕES DO FASCISMO *
1755 MULHERES PRESAS (1926-1974)
URAP || JUNHO DE 2021
Albina Pato [1929 - 1970] foi detida em 15 de dezembro de 1961, no mesmo dia que o companheiro Octávio Pato [01/04/1925 - 19/02/1999], embora em locais diferentes.
Sem ter a quem os confiar, levou os filhos Isabel (filha de Antónia Joaquina Monteiro) e Rui Pato (filha de Albina), de seis e dois anos, e manteve-os junto de si em Caxias: deitava-os no único divã e “descansava de joelhos no chão e com as mãos agarradas aos pulsos deles, para que não lhos tirassem” [A Forças Ignorada das Companheiras, p. 30], segundo descrição da própria a Maria Rodrigues Pato, a quem entregou os netos.
Julgada em 17 de novembro de 1962, no mesmo dia de Octávio Pato, e condenada “na pena de prisão maior, na variável de 3 anos, na fixa de suspensão de direitos políticos durante quinze anos e no mínimo de Imposto de Justiça e na medida de segurança de internamento de seis meses a três anos prorrogável” [“Biografia Prisional”], acabou por permanecer seis anos e sete meses na Cadeia de Caxias.
Em Novembro de 1966, numerosos cidadãos assinaram uma petição a solicitar a sua libertação, atendendo a ter já cumprido a pena a que tinha sido condenada e ao debilitado estado de saúde em que se encontrava.
Só lhe foi concedida a liberdade condicional em 9 de Julho de 1968 e solta em 11, depois de devidamente fotografada.
Suicidou-se em 2 de outubro de 1970, com apenas 41 anos de idade, situação denunciada pela Circular n.º 6, de 23 de outubro de 1970, da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos.
A mesma Comissão, em telegrama enviado ao Presidente do Conselho Marcelo Caetano e subscrito, entre outros, por Cecília Areosa Feio, Maria Eugénia Varela Gomes e Sophia de Mello Breyner Andresen, responsabilizou diretamente o Governo pelo “trágico acontecimento consequência não só longa prisão sofrida condições desumanas como cruel expectativa quanto à situação seu marido Octávio Rodrigues Pato preso há nove anos cumprindo agora medidas de segurança”.
Sofia Ferreira [10/05/1922 – 22/04/2010] responsabilizou o conhecido médico da PIDE José Godinho Gama Barata pelo falecimento precoce, por não lhe ter prestado “nenhuma assistência, apesar de ter sido testemunha visual de inúmeras crises nervosas e psíquicas que ela teve na prisão”; Maria Eugénia Varela Gomes, sua companheira de cela, em conversa com Manuela Cruzeiro, referiu a forma impiedosa como os filhos pequenos e a mãe foram tratados na cadeia.
[João Esteves]
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