[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 31 de janeiro de 2016

[1326.] COMISSÃO FEMININA "PELA PÁTRIA" [IV] || 08/02/1915

* COMISSÃO FEMININA "PELA PÁTRIA" || 1914-1916 || 8 DE FEVEREIRO DE 1915 *


Em 8 de Fevereiro de 1915, a Comissão Feminina "Pela Pátria", composta por Ana Augusta de Castilho, Ana de Castro Osório, Antónia Bermudes e Maria Benedita Mouzinho de Albuquerque Pinho, solicitou, através de um manifesto, a colaboração das Câmaras Municipais no apoio aos soldados mobilizados para a guerra:

[A Semeadora || 01 || 15 de Julho de 1915]


          «À Ex.ma Câmara Municipal 
          Ex.mos Senhores: 
A comissão feminina «Pela Pátria» vem, fiada nos sentimentos patrióticos das Câmaras Municipais, que mais legítima e democraticamente representam as nobres aspirações do nosso povo, pedir o apoio de todo o país para a grande propaganda cívica que encetou. 
O nosso fim é, acima de tudo, interessar a mulher portuguesa na grande obra de  renovação Pátria que há-de ter por base o amor à nossa terra e o orgulho da nossa raça, que tanto representou na moderna civilização europeia. Eis o motivo porque vimos pedir a V. Ex.as que nos auxiliem nesta campanha, orientando as senhoras dessa localidade e em especial as professoras, para que se liguem na missão nobilíssima de angariar donativos e trabalhos para os soldados que vão combater pela honra e autonomia da Pátria. 
Sem preocupações partidárias, visto que nós, as mulheres só temos uma política, que é o bem da Pátria e o triunfo da Liberdade e da Justiça, estamos convencidas de que ninguém como nós deva merecer a confiança e o auxílio de todos aqueles que só têm uma ambição: o triunfo e o bem de Portugal. 
As mulheres de todos os países, principalmente dos beligerantes e em especial as de França, deram tão altas provas de disciplina, de inteligência e grandeza moral, que após esta tremenda catástrofe a humanidade sentir-se-á enobrecida pela colaboração consciente e bela da mulher na luta contra o sofrimento e a destruição. Ora nós não podemos duvidar de que a mulher portuguesa vale o que valem as mulheres de França e temos a certeza de que se mais não faz pela Pátria é porque não se sente apoiada nem orientada, num meio ainda adverso ao seu concurso, numa sociedade, que a falta de instrução e educação libertada de preconceitos, fez estacionária e mórbida. 
Nos países em que a guerra chamou os homens à defesa da Pátria, as mulheres têm-se esforçado por substituí-los nos trabalhos, ainda os mais difíceis, com uma serenidade e uma inteligência admiráveis. Esperamos que as mulheres portuguesas igualmente saibam cumprir o seu dever de patriotas, começando por nos auxiliarem no trabalho de dar aos soldados que partem para a guerra a maior soma de conforto que seja possível. 
De todas as mulheres esperamos o concurso: porque umas nos podem enviar donativos, outras o seu trabalho, para o qual fornecemos o material, outras tão somente a sua propaganda. Tudo é útil neste momento. 
Seja o que for que nos  enviem, tudo se torna em benefício para os soldados portugueses que longe da sua terra vão erguer a bandeira da Pátria e fazê-la respeitar pelo inimigo. 
Esperamos o apoio dessa patriótica municipalidade e agradecemos toda a propaganda da nossa obra, tanto pessoal como pelos jornais da localidade. 
Desde já nos assinamos muito agradecidas. 
          A comissão feminina Pela Pátria 
          Ana Castilho. 
          Antónia Bermudez. 
          Maria Benedita Mouzinho de Albuquerque Pinho. 
          Ana de Castro Osório. 
          Lisboa, 8 de Fevereiro de 1915.»

 [A Semeadora, “A Questão Actual - As mulheres e a guerra”, n.º 1, 15/07/1915, p. 1, col. 3 e p. 2, col. 1]

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