* EMA ZAIRA QUINTAS ALVES *
[1915 - 1993]
[Diário de Lisboa || 28/01/1949]
Professora, pedagoga, seareira e consequente oposicionista à ditadura do Estado Novo.
Filha de António Quintas Alves, nasceu em 12 de Fevereiro de 1915, em Torres Vedras, e faleceu em 1993, com 78 anos.
Filha de António Quintas Alves, nasceu em 12 de Fevereiro de 1915, em Torres Vedras, e faleceu em 1993, com 78 anos.
Licenciou-se, em 1938, em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa e frequentou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no início da década de 40, o Curso de Bibliotecário-Arquivista e o Curso de Ciências Pedagógicas.
Iniciou a carreira docente em Setúbal, no Liceu de Bocage (1938/1939), lecionou na Escola Secundária de Torres Vedras, no Externato Marquesa de Alorna, em Lisboa, e, a partir do ano letivo 1942/1943, na École Française de Lisbonne, atual Lycée Français Charles Lepierre.
Neste Liceu marcou, no final da década de 40, a jovem Luísa Ducla Soares que, em 2010, lembrou que lhe deu "muita força para continuar a escrever" e "foi a pessoa que mais contribuiu para que eu tivesse confiança em mim do ponto de vista da escrita. Nós às vezes esquecemos – eu também esqueci – aquilo que os professores fazem por nós. Alguns fazem barbaridades, é uma verdade, mas há outros que descobrem em nós, melhor do que a própria família, as potencialidades que temos, e que são capazes de apostar numa criança. Isso tem muita importância; julgo que isso me aconteceu e nunca agradeci a quem o fez, a Dra. Ema Quintas Alves, que era aliás uma seareira (colaborava com uma revista literária chamada Seara Nova), uma pessoa notável [...] uma estudiosa e, como digo, uma pessoa muito ligada a diversos temas intelectuais e também à literatura infantil".
Foi autora da obra pioneira Pequenas bibliotecas: como as organizar modernamente e como utilizá-las (1946), inserida na Biblioteca Cosmos dirigida por Bento de Jesus Caraça, em resultado da sua experiência enquanto bibliotecária da Biblioteca Municipal de Lisboa (1945 e 1946).
Traduziu, para a mesma colecção, o livro de M. Iline, 100000 porquês: uma viagem à roda da casa (1948) e dirigiu, nos anos 60, a Colecção Cosmos Juvenil.
A par da intervenção pedagógica e empenhamento de uma vida na criação de condições para a implementação de literatura para a infância e juventude, tendo visitado, em diversos países da Europa, estabelecimentos de ensino, museus pedagógicos e bibliotecas e participado em estágios e colóquios, manteve, desde os tempos de estudante, actividade de oposição ao salazarismo.
[Diário de Lisboa || 28/01/1949]
Assinou, em 1945, as listas para a constituição do Movimento de Unidade Democrática (MUD) [Alberto Vilaça, Para a História Remota do PCP em Coimbra. 1921-1946, Lisboa, Edições Avante!, 1997]; apoiou a candidatura de Norton de Matos a Presidente da República, cabendo-lhe a leitura da mensagem de Isabel Aboim Inglês na sessão realizado na Voz do Operário no dia 29 de Janeiro de 1949; fez parte da Comissão Central do Movimento Nacional Democrático Feminino (MNDF), juntamente com Maria Lamas, Maria Isabel Aboim Inglês, Cesina Bermudes e Manuela Porto; integrou a Comissão Nacional do 3.º Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro entre 4 e 8 de Abril de 1973.
Colaborou nas revistas Labor, Os Nossos Filhos, dirigida por Maria Lúcia Vassalo Namorado [Ana Maria Pires Pessoa, A Educação das Mães e das Crianças no Estado Novo: a proposta de Maria Lúcia vassalo Namorado, texto policopiado, Tese de Doutoramento em Ciências de Educação, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 2005, 2 Vols]; Seara Nova [“Sobre o ensino da língua pátria”, nº 1490, 1969, pp. 413-414, “O ensino da língua no contexto social”, nº 1494, 1970, pp. 128-130]; e Vértice [“As modernas bibliotecas de crianças”, 1953].
Na década de 1980, integrou o grupo de docentes do Liceu Francês que lutou contra a extinção da sua Seção Portuguesa.
Doou a importante biblioteca particular e outra documentação à Biblioteca Municipal de Torres Vedras.
Foi inserida uma pequena biografia em Feminae. Dicionário Contemporâneo [CIG, 2013], encontrando-se o texto mais completo e pormenorizado sobre a vida e obra de Ema Quinta Alves no Portal da Educação da Câmara Municipal de Torres Vedras.
[João Esteves]
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