* LUÍS ALVES DE CARVALHO *
[15/12/1899 - 1978]
[Porto, 22/06/1974 || Pormenor de uma fotografia de Sérgio Valente || Sérgio Valente. Um fotógrafo na revolução || Edições Afrontamento || 2015]
Os nomes têm rosto: Luís Alves de Carvalho, marido de Herculana de Jesus da Costa Dias [23/12/1900-16/05/1952] e pai de Guilherme [1921-1973] e Luísa Herculana Alves de Carvalho (Lagoa) [n. 15/07/1922], fotografado por Sérgio Valente quando cumprimenta Álvaro Cunhal por ocasião do primeiro comício do Partido Comunista realizado no Porto após o 25 de Abril de 1974. Atrás, Albertina Diogo Carvalho, a nora que, tal como Guilherme da Costa Carvalho, também conheceu a prisão e a tortura durante a ditadura.
[Pormenor de fotografia de Sérgio Valente || Sérgio Valente. Um fotógrafo na Revolução || 2015]
Escreve-se, geralmente, sobre Herculana e Guilherme da Costa Carvalho, mas não se deve esquecer o que Luís Alves de Carvalho fez pelo filho e por todos os presos políticos até 1974. Um dos problemas com que os historiadores se debatem é a ausência da identificação de muitos dos protagonistas. Por isso, os trabalhos fotográficos de Sérgio Valente constituem documentos históricos insubstituíveis.
Filho de Luísa de Azevedo ou Luísa de Jesus [15/07/1876-11/11/1966], natural do Porto, e de José Alves de Carvalho [01/04/1867-06/06/1954], natural de Celorico de Basto, Luís Alves de Carvalho nasceu em 15 de Dezembro de 1899.
Concluiu o Curso Comercial, foi contabilista da primeira cooperativa de táxis existente no Porto e, mais tarde, ligou-se à Banca, sendo corrector de fundos públicos da Bolsa do Porto durante quase cinquenta anos [Lúcia Serralheiro, "Herculana de Jesus da Costa Dias Carvalho", Dicionário no Feminino (Séculos XIX-XX), 2005].
Conhecido corretor da cidade do Porto, procurou, em conjunto com a mulher, minorar o sofrimento do filho sempre que este estava preso, contribuindo, também, para ajudar todos os outros presos que se encontravam na mesma situação daquele.
Devido às suas influências, foi possível ao casal visitar Guilherme da Costa quando este estava preso no Campo de Concentração do Tarrafal, a única visita que os Tarrafalistas receberam e que nunca esqueceram, e deveu-se muito a Luís Alves de Carvalho a ideia e o custeamento do Mausoléu aos 32 resistentes antifascistas que ali morreram erigido no Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.
A correspondência trocada entre Virgínia Moura e António Lobão Vital refere, por diversas vezes, a solidariedade exemplar do casal Herculana e Luís Alves de Carvalho, sendo que, mesmo presa, Virgínia Moura procurou dar o apoio possível a este quando enviuvou em maio de 1952: "Querido António, se ainda não escreveste ao senhor Luís de Carvalho, peço-te muito muito que o faças rapidamente. É muito nosso amigo e por isso merece ser tratado por nós com todas as deferências. Ele escreveu-te logo ao outro dia do funeral da esposa. Mesmo nos momentos dolorosíssimos que passou, nunca nos esqueceu. É bem uma prova a carta que te escreveu. Eu tenho-lhe escrito." [carta de VM a ALV datada de 28 de Maio de 1952, Tem cuidado, meu amor. Cartas da prisão de Virgínia Moura e António Lobão Vital, Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 2015]
[João Esteves]
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