* SUBINSPECTORA DOS TRABALHOS TÉCNICOS FEMININOS *
Em Junho de 1916, António Maria da Silva, ministro do Trabalho, criou a inspecção feminina ao trabalho das mulheres e para subinspectora dos trabalhos técnicos femininos foi nomeada Ana de Castro Osório.
No entanto, esse cargo trouxe-lhe dissabores e acusações graves ao seu desempenho, tendo o jornal A Voz, através da articulista Adelaide Abrantes, questionado a utilidade dessas subinspectoras, considerando um favorecimento do ministro às suas afilhadas, e atacado directamente o papel de Ana de Castro Osório, acusando-a de ditadora e de conivência com os patrões, ao não aplicar no terreno a abolição dos serões das costureiras, lei então decretada pelo governo da República.
A representante das costureiras que, segundo a própria, militava há vinte e seis anos no movimento de classe e há vinte e dois na política socialista foi contundente em relação à escritora, considerando que isso já era de prever “com a nomeação de senhoras que nunca trabalharam, nem conhecem o valor do trabalho, nem os sacrifícios dos que trabalham [...] E diz-se essa sr.ª subinspectora defensora do sexo feminino”.
Para Adelaide Abrantes, “a emancipação dos trabalhadores há-de ser obra dos mesmos trabalhadores”, não podendo esse posicionamento crítico ser dissociado da escassa influência de Ana de Castro Osório junto do operariado feminino.
[A Folha || 30 de Setembro de 1916]
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