[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 7 de dezembro de 2019

[2215.] BONA DA SILVA [I] || PRESO EM 1947 E AFASTADO DA ARMADA

* GILBERTO BONA DA SILVA *
[01/12/1913 - 1983]

Gilberto Bona da Silva integrou, a partir de 1936, o grupo inicial de neo-realistas de Vila Franca de Xira. 2.º Sargento da Marinha, foi preso em 1947 e expulso da Armada, sendo reintegrado após Abril de 1974. 

[Bona da Silva || PT/BCM-AH/FMA-AF/Álbuns de Fotografias de Sargentos/Álbum 10 || N.º 4837]

Filho de Maria da Silva C. e de João José da Bona, Bona da Silva nasceu em Ereira, concelho do Cartaxo, em 1 de Dezembro de 1913.

Frequentou o Curso Industrial da Escola Marquês de Pombal e ingressou na Armada aos dezassete anos, frequentando a Escola de Marinheiros de Vila Franca de Xira, o que foi decisivo para vir a integrar o grupo de neo-realistas local, conjuntamente com Alves Redol, António Dias Lourenço e Garcez da Silva.

[Bona da Silva || in José Rogeiro, Neo-Realistas de Vila Franca de Xira || 2006]

Colaborou esporadicamente no periódico Concelho do Cartaxo. Em 27 de Outubro de 1935, iniciou a sua colaboração no Mensageiro do Ribatejo e, entre 1938 e 1940, publicou crónicas e contos em O Diabo e na revista Pensamento.


[Fotografias de Garcez da Silva || Alves Redol e o Grupo de Neo-Realistas de Vila Franca || Editorial Caminho || 1990]

Entre as muitas iniciativas em que esteve envolvido no âmbito do grupo local dos neo-realistas, consta a participação no serão de arte que ocorreu no Grémio Artístico Vilafranquense em 18 de Janeiro de 1939, proferindo uma palestra sobre Bocage.

[Gilberto Bona da Silva || 27/02/1947 || ANTT || RGP/17241 || PT-TT-PIDE-E-010-87-17241]

Preso em 27 de Fevereiro de 1947, uma semana depois de Luís Eugénio Ferreira, a quem a PIDE partiu os dentes e que era cunhado de Alves Redol, por terem sido encontrados documentos comprometedores aquando da prisão de Fernando Piteira Santos numa casa clandestina na Estrada da Portela. A documentação apreendida pela PIDE incluía plantas de instalações militares, nomeadamente da Escola de Marinheiros, elaboradas no âmbito da formação de Grupos Antifascistas de Combate.

[Bona da Silva || 06/05/1947 || Fotografias enviada pela filha mais nova, a quem muito se agradece]

Levado para o Aljube, seguiu para Caxias meses depois, em 24 de Maio e, por fim, em 21 de Julho de 1947, ficou preso no Forte da Trafaria por ter sido entregue na Casa de Reclusão do Governo Militar de Lisboa.

[Gilberto Bona da Silva || 27/02/1947 || ANTT || RGP/17241 || PT-TT-PIDE-E-010-87-17241]

Afastado da Armada, passou para a Marinha Mercante, onde permaneceu até 1972. Reintegrado na sequência do 25 de Abril,  passou a desempenhar funções na biblioteca do Museu da Marinha.

Faleceu em 1983.

[João Esteves]

1 comentário:

Cesina Bona da Silva disse...

Foi com enorme surpresa e emoção que vi este seu trabalho, sobre o meu pai, publicado na página 'Antifascistas da Resistência'.
Fico muito grata pelo seu trabalho de investigação, que está absolutamente correto.
As pessoas só morrem realmente quando as suas memórias se apagam.
A minha gratidão e um abraço do tamanho do mundo.
Cesina Bona da Silva