[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

[2430.] JOAQUIM VIDEIRA [I] || DEPORTADO PARA S. TOMÉ, TIMOR E AÇORES

 * JOAQUIM VIDEIRA *

[06/09/1884 - 1948]

Joaquim Videira foi um dos muitos militares que se insurgiu contra a Ditadura Militar e a combateu, sendo várias vezes preso e deportado, tal como o irmão José Maria Videira.

[Joaquim Videira || c. 1938-1940 || ANTT || RGP/10421 || PT-TT-PIDE-E-010-53-10421]

Joaquim Videira nasceu em Bendada, concelho de Sabugal, em 6 de Setembro de 1884, sendo filho de Manuel Videira. 

Seguiu a carreira militar até ser dela afastado por motivos políticos. Terá participado na Revolução de 5 de Outubro de 1910, integrando as suas barricadas, e pertenceu ao Corpo Expedicionário Português durante a 1.ª Guerra. 

Oficial da GNR, tomou parte activa na revolução de 7 de Fevereiro de 1927: afastado da Corporação e deportado para S. Tomé no vapor “Lourenço Marques”, desembarcou por volta de 12 de Março de 1927 [ANTT, PT-TT-MI-DGAPC-2-700-138]. 

No ano seguinte, em 20 de Julho, participou no movimento revolucionário de 20 de Julho, tendo sido, provavelmente, enviado para os Açores com residência fixa. 

Novamente preso em 16 de Março de 1929, «por estar implicado no movimento revolucionário em preparação» [Processo 4346], relacionando-se, entre outros, com Alberto Alexandrino Augusto dos Santos (tenente Alexandrino), Alfredo António Chaves (capitão Chaves), Álvaro Costa, seu advogado, Álvaro Troçolo (tenente), Domingos Pereira, José de Freitas Macedo (farmacêutico de Aveiro), José Maria Videira (ex-sargento, seu irmão), Nuno Cerqueira Machado Cruz (capitão Nuno Cruz) e Virgílio (ex-sargento). O processo foi enviado ao Ministério da Guerra em 26/06/1929 [Processo 4346], que o mandou arquivar em Novembro. 

Em 1931, engrossou o movimento revolucionário que eclodiu em 26 de Agosto e deportado para Timor, sendo abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932: desembarcou em 09/06/1933 e apresentou-se no dia 12, ficando a residir em Lisboa. 

A quinta prisão aconteceu em 31 de Outubro de 1933, por envolvimento no movimento revolucionário em preparação, acusado de conspirar, entre outros, com António Marques Pereira (comerciante na Pontinha), Jaime Joaquim das Neves (furriel), José de Matos Machado, José Pedro Muralha (1.º sargento do Exército) e Pires Marques, então procurado pela Polícia [Processo 835]. Em 19 de Novembro, embarcou de Peniche para Angra do Heroísmo, de onde regressou em Setembro de 1935, apresentando-se na PVDE no dia 8. 

[Joaquim Videira || 30/03/1934 || Retirado de uma fotografia de presos políticos em Angra do Heroísmo e que consta da Casa Comum || Fundação Mário Soares / Arquivo Mário Soares, Disponível HTTP: http://www.casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06786.001.105 (2020-11-30)]

A última detenção deu-se em 9 de Julho de 1938: recolheu a uma esquadra incomunicável, foi transferido para o Aljube em 2 de Agosto e, em 6 de Dezembro, seguiu para Caxias. Voltou ao Aljube em 20 de Junho de 1939, para ser julgado pelo TME em 27 de Junho [Processo 877/38, 203/38] e condenado a três anos de desterro. No dia seguinte, regressou a Caxias, recorreu da sentença e voltou a ser julgado em 19 de Agosto, mantendo-se a pena aplicada.

[Joaquim Videira || ANTT || RGP/10421 || PT-TT-PIDE-E-010-53-10421]

Libertado em 3 de Junho de 1940, por ter sido amnistiado, faleceu em 1948. O irmão, o sargento José Maria Videira, teve idêntico percurso de resistente, sendo um dos nomes que não foi explicitamente abrangido pela amnistia de 05/12/1932. 

[Segundo informação da Neta, que muito agradecemos, Palmira Cândido dos Reis Videira era casada com Joaquim Videira e não sua mãe, como consta erroneamente no Registo Prisional da PVDE.]
[alterado em 09/05/2023]

[João Esteves]

2 comentários:

Ana Videira disse...

Era meu Tio-Bisavô.
O seu irmão, José Maria Videira, é meu Bisavô.
Grata pela partilha, que permite que história de bravos anónimos nunca se perca.

Anónimo disse...

Palmira Cândida dos Reis Videira era sua mulher e não sua mãe. O registo da PIDE está incorrecto. Joaquim Videira e Palmira Reis Videira eram meus avós. Obrigada pela partilha